Ela subiu as escadas e me olhou com um sorriso presunçoso no rosto. Entregamos as nossas malas para um funcionário e subimos também. Por dentro a aeronave parece ainda maior e mais luxuosa. Giny permanece sem dizer uma palavra, apenas avança mais rápido e entra antes de nós. -Sempre simpática. -Rain diz. Não falo nada, porque não sei o que dizer nessa situação. -Olá senhorita Brennan. -o homem vestido de piloto fala. Ao invés de responder ela abre um grande sorriso e o abraça, ele não parece surpreso com a atitude dela, ao contrário, parece algo comum. -Qual a nossa previsão de chegada Javi? -ela pergunta quando o solta. -Estamos um pouco atrasados no nosso plano de voo, mas são 5h20 até a Big Apple. Devemos chegar próximo das 11h. -responde. -Obrigada, por mim já podemos ir. -diz. Entramos e nos sentamos, eu em uma poltrona ao lado de Giny e Rain senta distante e de costas para nós. Em questão de instantes já estamos voando.-Por isso que ela tem esse ar de soberba. É filhinha
Toda a alegria do mundo parece ter sumido e o tempo parece passar mais devagar. Eu reconheceria essa voz mesmo que tivesse a habilidade de esquecer, ela ronda os meus pesadelos a mais de 11 anos já. -Segurança borboletinha? Eu esperava um abraço de saudades. -ele diz. Eu me viro pra ele e dou um passo para trás me afastando. Eu preciso me esforçar para não voar no pescoço dele. -O que você está fazendo aqui Nick? -questiono. -Sua mãe me ofereceu um quarto, você não pode de expulsar. -Ele sorri e abre os braços. -Isso não é legal? Deveríamos chamar ela, assim seria uma grande reunião de família. -Você tem 5 minutos pra sair daqui, antes que eu peça para a segurança te enxotar feito o cachorro sarnento que você é. -minha voz é firme, mas as minhas pernas parecem que vão ceder e me fazer cair a qualquer minuto. -Eu te disse, sua mãe me ofereceu um quarto. Não pode me mandar embora. -retruca com um sorriso presunçoso. -Minha mãe não possui uma toalha desse hotel. Ele é meu. E você
Nem mais de meia hora embaixo do chuveiro é capaz de me livrar da sensação de estar suja depois do toque de Nick. É algo para o qual eu nunca vou conseguir estar preparada. Ainda consigo sentir a mão dele em mim. E eu só quero sentir outra coisa. Qualquer outra coisa. Saio do banho, finalizo e seco o meu cabelo com o difusor. Usando apenas uma camisa de dormir fico andando de um lado a outro dentro do quarto, tentando tomar coragem para o que eu quero fazer. Respiro fundo e saio da minha suíte em direção a de Will. Abro a porta bem devagarinho e vejo que está tudo escuro. -Will, você está acordado? -falo bem baixinho. -Estou. -ele responde sentando na cama. -Você está bem? -Posso dormir com você? -pergunto. -Rain… -Eu não queria ficar sozinha. -explico. Ele ergue as cobertas e me chama. -Vem cá. Fecho a porta atrás de mim e faço a volta na cama entrando no espaço que ele abriu pra mim. Me aninho de costas para ele, mas junto ao seu corpo, e ele solta as cobertas s
Sou despertado pelas mãos delicadas percorrendo o meu torso. Pego a mão dela e puxo para próximo do meu rosto. Eu quase tinha me esquecido do incidente no escritório. Parece que fazem semanas, mas na verdade fazem apenas 3 dias. Ela ainda tem dois pequenos pontos em linha preta na palma da mão, mas a ferida parece fechada. Dou um beijo leve e ela puxa a mão de volta. -Está boa já. -fala me olhando nos olhos. Ela desce as mãos pelo meu peito e segue descendo até ficar perigosamente perto da área coberta pelo lençol e eu desperto por completo. Sem aviso, agarra o meu membro primeiro de forma suave e aos poucos o toque fica mais forte e mais rápido. Ela desliza ao meu lado indo em direção aos pés da cama. Posicionada entre as minhas pernas, vejo ela apoiar-se nos cotovelos e abaixar a cabeça. Queria guardar essa imagem para sempre, capturar cada detalhe. Os longos cabelos negros caindo sobre a cama bagunçados, a bunda arrebitada para cima e os olhos mais lindos me encarando enquanto
Não vi Rain pelo restante do dia, tentei ligar no início da tarde mas ela não atendeu e eu não insisti. Também não ouvi nada de Giny, apenas o meu porteiro me avisou que ela havia deixado a chave do apartamento com ele.Passei o dia no escritório, ajudei com alguns processos, conversei e não fiz nada de efetivo. Cheguei ao aeroporto não eram quatro horas da tarde ainda, tomei um café e entrei no avião assim que posicionaram a aeronave. Era impossível não reconhecer qual era, afinal tinha o nome dela escrito em letras garrafais na lateral.Pontualmente às 17h um grande SUV preto para ao lado da aeronave e ela desce acompanhada de um homem de uns 40 anos, os dois parecem discutir fervorosamente. Faço o movimento para levantar do assento onde estava e vejo Ana, a comissária, parada na minha frente. -Ela não vai gostar se você interromper. A Srta. Brennan resolve as próprias coisas desde que eu a conheço. E estou na tripulação dela há mais de 10 anos já. -fala. -Uma coisa que eu aprendi
Minha cabeça dói. Eu não consigo parar de pensar e as mais de 5h que levamos até chegar em Roseburg parecem infinitas.Devorei um pote inteiro de sorvete de morango e vi Willian me encarar com um olhar curioso cada vez que achava que eu não estava vendo. Minha cabeça está cheia e a culpa não é dele, mas não consigo pensar em mais nada hoje. Eu preciso correr para aliviar os meus pensamentos ou nadar. Mas já são 11h da noite e agora que estamos chegando em Roseburg. Me despeço de todos, pego as minhas malas e saio em direção ao meu carro. Até que enfim posso deixar de ser a Srta Brennan e posso ser apenas a Rain de novo. Antes de ir embora vou até onde o carro de Willian está estacionado, perto do meu, e me encosto na frente vendo ele guardar a mochila no banco de trás. -Obrigado por ontem, foi bom ter você nessa viagem comigo. -digo e ele me olha. -Você tem certeza? -questiona e eu reviro os olhos. -Sim Willian, eu tenho. -confirmo. -Posso ganhar o meu beijo agora? -pergunta e
O dia amanheceu com neve. Já era de se esperar que a temperatura fosse baixa tão próximo ao final do ano. Mas a neve sempre me incomoda um pouco porque traz muita burocracia, preciso tirar a neve da entrada, trocar os pneus do meu carro… E se eu aparecer usando menos que duas camadas de roupa na rua, mesmo sem sentir frio, me chamam de maluca. Esses são os dias que sinto falta de Miami, do calor, do sol e da praia. Mesmo com o tempo assim, acordei às 5h30 da manhã e fui correr. E adivinha só? Escorreguei na neve e torci o pé. 6h30 da manhã estava no pronto socorro e agora às 8h estou chegando na Prefeitura usando uma bota ortopédica e sentindo dor cada vez que encosto o pé no chão.Como as muletas não foram necessárias porque foi só uma torção, ainda estou dirigindo e caminhando manca por aí. -O que aconteceu contigo Furacão? -Brenda pergunta assim que entro mancando no Hall de entrada da Prefeitura. -Escorreguei na neve quando estava correndo hoje pela manhã. Mas é só uma tor
Eu já não estava no meu melhor dia hoje. Logo cedo enfrentei as milhares de perguntas da minha família sobre o fim do noivado. Mas nenhum deles escondeu a satisfação de não ter mais a Giny como um membro da família. Então cheguei cedo à Prefeitura para conversar com Rain e tentar entender o que estava acontecendo. Mas a julgar pela cena que acabo de presenciar no corredor, ela só não quer falar COMIGO, com os outros está tudo bem.Vejo Robert colocá-la no chão com cuidado e a bota ortopédica no pé. -Oi Will, como você está? -ele estende a mão para mim e demoro um pouco mais que o convencional para estender a minha de volta. -Estou bem. Seguindo a vida. -respondo tentando fingir um carisma que não tenho no momento. Que bom. Eu vou indo. -ele se vira para Rain antes de sair. -Se precisar descer, ou de alguma coisa lá de baixo antes do elevador voltar, me avisa ok? Ela apenas assente e agradece pela ajuda. -Bom dia Willian. -diz enquanto me dá as costas e segue mancando em direção