MarryDois dias se passaram e Yan não se manifestou com relação a libertação dos escravos e eu nãp sei mais o que fazer para ajudá-lo. Tudo o que eu podia fazer estando presa neste castelo eu fiz, se nada resolveu, agora terei que sair em busca de informação.Tudo o que me resta é encontrar um quebrador. Deve haver algum pela redondeza, mas onde? Como Yan aparentemente não aceitou a sugestão de consertar os erros de seu pai, terei que voltar ao plano inicial. Porém não conheço nada além do castelo e dos campos de trabalho.Estou tomando sol com meu filho na jardim, agora sou acompanhada pelo Beta Huan, além de mais um soldado, o que estava presente na primeira vez que Liam surgiu.Enquanto a criança faz seus barulhinhos de bebê e brinca com seus pezinhos, fico pensando em qual passo devo dar. Estou perdida. A deusa Lua nunca mais surgiu para me dar instruções e agora seria um momento perfeito, pois me sinto completamente sem direção.Encaro a face gordinha de meu filho, enquanto faz
MarryMais mortes. Muitas mortes. E eu que achei que fosse a amaldiçoada por ter o poder que tira a vida das pessoas. Enquanto corro desesperadamente, meu pulmão protesta por ar, mas eu não posso parar. Tenho que saber o que aconteceu.Eu sei que todos querem a liberdade, sei que não conheço o que é liberdade de verdade, pois nasci nos campos de trabalho, mas entendo o desejo de todos por este bem tão precioso. Mas se é uma luta pela libertação de todos os escravos, todos devem ter o mesmo direito, e não sacrificar alguns para que outros possam se beneficiar.Isso tem que parar. Inocentes não podem mais morrer. Preciso saber o que está acontecendo; Yan precisa libertar os escravos e se libertar da maldição para que tudo possa voltar ao seu lugar.Quando alcanço a saída do castelo, ouço sons de unha batendo na pedra e eu sei que o Beta do alfa está atrás de mim, mas ninguém vai me parar, nem mesmo Yan. Continuo a correr.Os guardas à porta podem ser um problema, mas eles se afastam e m
MarryAs palavras daquele homem fizeram um arrepio subir por minhas costas, mas eu estava ali com um objetivo e não iria embora sem cumpri-lo.— Que bom — tento parecer tranquila — Então não terá problema em me contar o que aconteceu para que tantos escravos morressem de uma vez.Ergo meu nariz, impondo uma segurança que não existe.— Entre, veja com seus próprios olhos. — Um sorriso se espalha pelo rosto enrugado de Handall.Ele abre a porta e eu atravesso-a, olhando para o canto de sempre, onde via o Fosso deitado com a boca aberta, recebendo o poder de alguém. Mas desta vez ele está em repouso.O corpo do Fosso está muito mais forte do que antes, os olhos fechados e a boca enegrecida aberta, como se estivesse a espera de algo. A respiração parece tranquila.— Está vendo como está forte? — Handall começa.— Como é possível, ele só recebe magia como alimentação?— Somente magia, ou o feitiço não funcionaria, e ele está mais forte a cada dia.Encaro-o, buscando ter certeza do que aqui
LiamSou informado que o melhor momento de atacar o castelo é agora. A vagabunda da escrava do meu irmão e o Beta Huan foram para os campos de trabalho. O que eles foram fazer não me interessa, o que eu quero é que demorem bastante e me deem tempo o suficiente para fazer o que precisa ser feito.Os lobos cinzas estão somente aguardando o meu sinal para invadir o castelo em busca da sua rainha. Eles queriam resgatar sua alfa e assim será feito, e eu terei minha chance com meu irmão.A cada dia que passa o rei está mais fraco, é o que minha fonte no castelo diz, então dois dias depois de uma luta que o exauriu deve ser o suficiente para deixá-lo ainda mais debilitado.Tomando cuidado para que ninguém percebesse meu caminho, vou até o túnel onde uma matilha dos lobos cinzas está aguardando o meu aviso. Ao me aproximar, vejo seu líder sair de seu esconderijo e vir na minha direção.— E então, podemos entrar?— Agora é com vocês — falo, entregando um mapa com a localização do calabouço ond
YanMarry saiu correndo de meus aposentos e enviei Haun logo atrás dela, mas me sinto um imprestável, por eu mesmo não ser capaz de manter a minha escrava em segurança.Seguro meu filho em meus braços, acaricio seus cabelos sedosos e escuros.— O que será de você, meu filho? — questiono à pobre criança que não pode me responder, pois se quer entende o que digo. — Se eu morrer, alguém terá que assumir o meu lugar até que tenha idade o suficiente e é isso que me preocupa.O bebê sorri para mim, balançando perninhas e bracinhos. Um lindo sorriso estampado em seu pequeno rosto. Tão inocente, meu filho.Ele enterra a cabecinha em meu peito e resmunga. Sorrio para ele.— É filho, eu não tenho o que você quer. Vamos na cozinha buscar uma mamadeira para você.Me preparo para me levantar e com este ato sentir uma sequencia de dor, mal estar e fraqueza, mas nada disso acontece.Me coloco de pé e não há nenhum de meus sintomas anteriores. Me surpreendo, pois estou me sentindo quase que normal. S
Yan— Não ache que pode me enganar, rainha Vik. Posso colocá-la em um lugar ainda pior do que esse para morrer lentamente — ameaço.Os dedos finos e pálidos da rainha envolvem a grade e seu rosto gruda nas barras de ferro.— O que eu ganharia o enganando? No momento ganho mais se você for curado e estiver forte o suficiente para enfrentar o que virá.Encaro a rainha que parece estar falando a verdade e então encaro meu filho que adormeceu em um sono tranquilo, aconchegado em meus braços.— Ele é só um bebê, como poderá me curar? Se o que estiver dizendo for verdade.— Ele ainda não pode — ela diz, afastando-se das grades. — Tudo o que pode fazer por você é aliviar os efeitos da maldição com sua presença. Quanto mais tempo perto dele, menos sentirá os sintomas desagradáveis.— Mas ainda posso quebrá-la com a solução que Marry encontrou — pondero. — Como eu faço isso?— Sugiro que seja rápido, Alfa. — Ela recua lentamente e se deita no feno mofado e sujo. — Estou cansada, me deixe dormi
MarryA dor atravessa meu corpo, enquanto reúno forças para me levantar. Handall continua rindo loucamente, cantando a sua vitória. Com muito esforço consigo me sentar, mas ainda sinto o poder deixando meu corpo e isto é um processo doloroso. Talvez porque eu não queira liberar este poder, e ele está sendo arrancado a força.Ouço um estrondo na porta e um rosnado vindo do lado de fora, deve ser Huan. O lobo deve ter escutado o meu grito e veio ao meu socorro.— Huan... — sussurro, quase sem forças. — Socorro...Ouço fortes pancadas na porta que começa a rachar. O lobo rosna e vejo uma feição de preocupação surgir na face anteriormente tranquila de Handall.— É melhor ir embora, lobo! — exige o velho bruxo. — Ouça um conselho: pegue as suas coisas e suma daqui, ainda dá tempo de fugir — oferece com uma risada histérica, diria que o homem está a beira da loucura.O rosnado do Beta só se intensifica, atacando a porta com cada vez mais brutalidade. A rachadura formada aumenta cada vez mai
MarryFecho meus olhos e seguro firme nos pelos de Huan, mas tudo aconteceu rápido demais. Em um momento Huan corria a toda velocidade e no segundo seguinte estávamos rolando pelo chão de terra batida e pequenas pedras que arranharam a minha pele.Ainda desnorteada pela queda e pela fraqueza que abate meu corpo, tento focar meu olhar para entender o que está acontecendo.Huan está caído a poucos metros de distância, mas se coloca de pé aos poucos. Ele parece muito mais ferido que eu, mas não sei o motivo. Sangue escorre entre seus dentes brancos e uma de suas patas parece quebrada, pois ela está levantada e pendurada de uma forma estranha.Procuro me sentar e deixar a tontura passar para entender o que aconteceu, mas não demora muito e o motivo de nossa queda está bem na nossa frente.No começo tive dificuldades de entender, mas alguns traços ainda estavam lá. Handall não é mais um velho bruxo magricela, ele agora parecia mais forte, mais jovem. A pele não estava mais enrugada, os cab