Perola CampbellA minha voz sai com mais sarcasmo do que eu pretendia. As palavras parecem ecoar no ar, carregadas de uma mistura de raiva e desespero que mal consigo controlar. A tensão entre nós é palpável, quase sufocante.Apolo cerra a mandíbula, respirando fundo, e posso ver os músculos de seu maxilar se contraírem. Ele fecha os olhos por um momento, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.— A Patrícia acha que ainda tem algum direito sobre mim, mesmo após tantos anos. — Sua voz é baixa, mas firme, carregada de uma frustração que ele claramente tenta controlar. — As coisas ficaram piores nos últimos três anos, por isso sempre trago as mesmas mulheres, aquelas que ela não se sente ameaçada e não faz esse tipo de cena.Sinto um misto de surpresa e desdém, mas minha raiva ainda é a emoção dominante.— Não sabia que você era um pau mandado da sua ex-esposa — lanço as palavras como uma arma, cada sílaba carregada de veneno.As minhas palavras o irritam ainda mais, o q
Perola CampbellEle me encara por um breve momento.— A levei para um jantar e você nem comeu — diz como se fosse uma explicação.— Não vou entrar em um restaurante vestida de gala — retruco, olhando para o meu vestido. — Não é exatamente o traje adequado.— Ok — ele aceita rápido demais — Iremos para a minha casa.O que?— Está achando que serei o jantar? — falo rápido demais sem filtrar as minhas palavras, uma mistura de surpresa e indignação na minha voz. — Não vou dormir com você.Se o senhor Rafael souber da minha negativa, com certeza vai ter um ataque cardíaco!— E quem disse que eu quero transar com você?Sinto as minhas bochechas esquentarem com o tom de surpresa misturado com deboche que ele
Perola CampbellNão tenho certeza quem atacou quem primeiro.A tensão no ar era palpável, e então tudo aconteceu de uma vez. Sou puxada de encontro a Apolo e as nossas bocas colidem em um beijo ardente. Ele está por todo lugar, me apertando como se fosse capaz de fundir os nossos corpos. Entreabro os lábios para chupar sua língua, um gesto que ele retribui com uma intensidade avassaladora.Fôlego?Opcional quando se tem esse homem roubando o meu ar.O calor que sinto com a proximidade dele é nada perto das labaredas que me consomem. Suas mãos livres em minhas costas são puro deleite e minha linha de raciocínio foi para a ilha da luxúria.Apolo agarra meus cabelos em seu punho, puxando minha cabeça para trás e expondo meu pescoço vulnerável. Ele arranha a pele delicadamente com os
Perola CampbellO encaro por alguns momentos sentindo minhas bochechas esquentarem.— Não sabia que ainda era tão inexperiente — comenta, com um toque de surpresa na voz.O encaro sem entender e largo o pedaço de pizza, limpando a boca com um guardanapo.— O que você acha que sabe, Apolo? — pergunto, tentando manter a compostura.Ele imita os meus movimentos e larga a pizza, porém, para se aproximar de mim. Como costuma acontecer, minha pele se arrepia com o leve deslizar de seus dedos por meu braço. Minha respiração fica pesada quando ele se inclina e o nariz funga perto do meu pescoço.— Você ficou linda com a minha camisa — sussurra em meu ouvido, o suspiro faz cocegas — Só o que consigo pensar é que você está apenas de calcinha embaixo dela.Para enfatizar, a falta do sutiã
Apolo BeaumontEu estou a ponto de estrangular o meu pai, passei a noite inteira acordado, sentado no sofá e com um copo de uísque na mão, tentando entender o que tinha acontecido nas últimas horas.Ou melhor, nos últimos dias!O relógio na parede marca as horas que se arrastam enquanto minha mente se revolve em pensamentos confusos e raivosos. Penso em Pérola e em tudo que ouvi dela. Quantas palavras foram ensaiadas antes de serem ditas? Cada frase era uma manipulação para me fazer desejá-la. E, como um perfeito idiota, a trouxe para a minha casa e a beijei.Levanto-me do sofá e começo a andar de um lado para o outro, sentindo o peso da traição. Pérola não é diferente do meu pai, uma dupla de mentirosos que se aproveitaram da minha boa vontade para se darem bem. Eu devia ter desconfiado que havia algo a mais do
Apolo BeaumontDecido brincar um pouco com ele.— Levei, mas porque fiquei sem escolha — falo dando de ombros — Ela é apenas uma secretária.Tenho vontade de rir quando ele parece confuso por alguns segundos, seria divertido dar corda a ele.— Só uma secretária?! — como esperado, a reação é imediata — Desde quando a classe social importa tanto?— Não importa, mas de qualquer forma ela não desperta o meu interesse — corto algumas folhas — Gosto de mulher que sabe o que fazer na cama, as puritanas não me atraem.— Você e suas mulheres sem futuro — ele fala revoltado e coloca o dedo no meu rosto — De que adianta ter uma diferente em cada noite e passar a vida sozinho?Ele arma para mim e ainda vem me dar sermão sobre o certo e errado?— E o senhor que pass
Perola Campbell— Está se sentindo melhor? — Jade pergunta, sua voz cheia de preocupação, enquanto me entrega uma xícara de café que aceito com relutância, sem um pingo de vontade de comer ou beber alguma coisa. Ela se senta ao meu lado, os olhos ansiosos esperando por uma resposta que eu não sei se posso dar.Ela acha que estou doente. E como eu gostaria que fosse isso. Já é terça-feira e ainda não tive coragem de contar que perdi o emprego e que, consequentemente, ela precisará sair da escola que tanto ama. O peso dessa verdade não dita cresce a cada minuto, comprimindo meu peito e roubando o meu sono.O que deu na minha cabeça para contar a verdade para o Apolo?Eu fui uma tola, o plano era fingir que estava tentando para o velho e depois de um ano eu e a Perola estaríamos seguras. Mas, não! Eu tinha que deixar a minha consciência e os meus hormônios comandarem!Coloco a caneca na mesinha da cabeceira e me jogo no travesseiro para encarar o teto, tentando encontrar alguma resposta
Perola CampbellDuvido, esses músculos são apenas de enfeite.— O que você quer? — questiono, sem me mover, minha voz tensa.— Se você abrir essa porta, posso contar — ele responde, a impaciência evidente em seu tom.Reviro os olhos para a arrogância dele e, relutantemente, abro a porta um pouco, o suficiente para encarar aquele rosto que agora parece uma mistura de frustração e determinação.— Como entrou? — pergunto, tentando manter minha voz firme.— O portão não estava trancado — aponta para o pior equipamento de segurança do mundo. É mais fácil aquele portão nos dar um tétano do que nos proteger de um ladrão — Sabia que isso é um perigo?— E por que você se importa? — retruco, cruzando os braços.