DAVID
Eu estava completamente desconcertado, não tinha como estar mais envergonhado. E vê-la só de toalha foi algo extremamente desafiador! Desviei o olhar quinhentas vezes; ela era completamente sexy, eu tinha que admitir. Não tive onde enfiar minha cara ao ver o sorriso de minha mãe, eu já sabia tudo que ela iria falar e quando ela saiu do quarto, eu respirei fundo. Queria pedir mil desculpas para a Emily, mas vê-la naquele estado não estava ajudando, eu simplesmente fechei os olhos e respirei fundo tentando dissipar a quentura que me invadiu...
— Me desculpe... — Foi tudo que eu consegui dizer e antes que minha mente começasse a trabalhar mais naquela cena, eu me virei e sai do quarto. Agora a tarefa era explicar para minha mãe que ela não era minha namorada.
Quando desci minha mãe estava apoiada no balcão com
DAVID:Eu fiquei ali mastigando e engolindo aquelas palavras até não terem mais efeito nenhum sobre mim, mas eu ainda podia sentir todo o arrepio pelo meu corpo quando ela sussurrou em meu ouvido. Ela estava me testando, estava me provocando. Era um desafio, um desafio tentador! A minha intenção não era dormir com ela, queria ajudá-la, protegê-la e cuidar dela, mas eu também não poderia simplesmente dizer que eu não estava tentado. Deu para perceber que ouvir aquilo me excitou e quando ela simplesmente se virou e saiu eu tive vontade de trazê-la de volta, de beijá-la, de... Engoli em seco. Não. Eu não iria dormir com ela porque eu sabia que se fizesse só estaria provando que ela era realmente apenas uma garota de programa. Eu queria provar que ela era mais do que isso, e que existia um homem capaz de enxergar todo o potencial que ela tinha fora da cama. E eu
DAVID:Ela não falou nada, só se virou e olhou no fundo dos meus olhos. Ela parecia estar pedindo por algo mais e aquilo me deixou sem fôlego. Aquela cozinha estava pegando fogo, então ela colocou a ponta do dedo indicador sobre o meu peito e foi subindo até o meu pescoço até que eu segurei suas mãos. Que droga! Eu estava excitado! Ela percebeu e abriu um sorriso. Eu balancei a cabeça negativamente, e antes que eu pudesse fazer alguma merda simplesmente beijei sua mão, acariciei o seu rosto depositando um beijo em sua testa e a abracei.— Isso é tentador. — Eu disse com a respiração entrecortada. — Mas, eu quero mais do que isso. — Sussurrei em seu ouvido.— O que você quer? — Ela sussurrou olhando em meus olhos com a boca a centímetros da minha.— Eu não sei. — Respirei fundo. &mdas
— Estou limpando você também. — Ela deu de ombros. Notando que eu já tinha terminado de limpar e pegando o pano da minha mão. — Sua vez.— Eu não me sujei tanto. — Falei sentindo o fôlego escapulir do meu pulmão.— Mas, se sujou. Então, agora eu vou lhe limpar. — Ela disse decidida passando o pano pelo meu rosto carinhosamente. Depois de limpar meu rosto ela largou o pano deixando cair no chão e acariciou o meu rosto com as duas mãos enquanto me olhava nos olhos. Coloquei as duas mãos sobre a bancada, punho fechado, tentei afastar os pensamentos perversos que rondavam a minha mente. Ela aproximou seu rosto do meu, colocando sua testa na minha e pude sentir sua respiração entrecortada, ela também estava tentando se controlar! Eu abri as mãos e as coloquei em sua cintura, acariciando-as, a sua pele era
DAVID:Tomamos um café da manhã bem reforçado e resolvemos, ela resolveu, que precisávamos fazer faxina na casa. Ela ainda não estava totalmente recuperada, mas como eu sabia que ela não ficaria satisfeita até me convencer de que iria fazer e ponto, decidi que enfrentaríamos essa missão. Colocamos uma musicam alta e bem divertida e partimos para o trabalho, eu nunca havia me divertido tanto. Principalmente; ao vê-la imitando os cantores e achando que sua vassoura era um microfone, e poderia ser perfeitamente! As caras e bocas que ela imitava me matavam de rir, lavamos a sala. Não sem antes escorregarmos no sabão, ela inventou de brincar de pega-pega no chão espumado o que me rendeu uma queda.— Você está bem? — Ela veio correndo tentando esconder a vontade de rir.— O que você acha? — Eu falei fingindo estar muito
— Toda a minha vida, como eu vim parar aqui. Coisas que eu queria ter feito e não fiz. A saudade dos meus pais. Eu queria saber se eles ainda pensam em mim. — Ela falou fechando os olhos como se esse ato pudesse amenizar a dor.— O que você queria ter feito e não fez meu bem? — Perguntei com um tom brando enquanto apertava seu corpo de encontro ao meu mostrando que eu poderia protegê-la e que eu não sairia dali.— Queria ter tido uma vida diferente. Eu queria que tivéssemos nos conhecido em circunstancias diferentes. Eu não mereço esse cuidado. — Ela falou balançando a cabeça negativamente.— E por que não merece esse cuidado? —- Eu tinha tantas perguntas, estava sendo doloroso vê-la se culpar tanto.— Porque eu sou uma garota de programa, David. — Ela falou agora se virando para mim e olhando em meus olhos. —
DAVID: Nós dois entramos para fazer o jantar, arrumamos a mesa e ficamos assistindo pelo resto da tarde até umas oito da noite. Eu não queria acordar a Emily, queria deixá-la descansar o suficiente. Estávamos completamente empolgados em um filme de ação quando ela apareceu no pé da escada com a cara inchada e sonolenta.— Oi. — Ela disse ainda assimilando que estava acordada.— Oi meu bem. Preparamos o jantar, mas queríamos esperar você acordar. — Minha mãe disse sorrindo carinhosamente.— Poderia ter me acordado, ou comido sem mim. Não precisavam ter esperado. — Ela disse bocejando e se aproximando.— Mas não queríamos comer sem você, ué. — Eu disse a encarando.— Eu estou com fome. — Ela disse sorrindo. — E você disse que me
— Me colocaram numa casa com outras crianças, nós comíamos apenas duas vezes por dia. Quando não obedecíamos apanhávamos, os primeiros dias foram os piores. Eu tinha pesadelos com a minha mãe, e eu orava e esperava que a qualquer momento eu acordasse ou que eles me encontrassem e me tirassem dali. Depois de um mês, me fizeram cruzar uma fronteira com mais três garotas e um garoto. Fomos levados para a República do Congo, lá foi onde realmente começou o inferno. — Dei uma pausa, eu nunca havia falado para ninguém sobre minha história.— De onde você veio? — Ele me perguntou como se entendesse os sentimentos que aquelas revelações me causavam.— Brasil, Rio de Janeiro. — Falei.— Então você é carioca? — Ele sorriu.— Sou. — Eu retribuo o sorriso.— O q
— Eu não sou forte, sou covarde. — Balancei a cabeça negativamente ao escutar aquelas palavras.— Você não é covarde Emily, você é forte. Você é a mulher mais forte que eu já conheci. Eu não imagino o quão doloroso foi ter passado por tudo que você passou e estar aqui hoje para contar a história. Você não está vazia, é que a sua dor não lhe deixa enxergar o tamanho do propósito inigualável que você tem no mundo. Você está cheia de força e de munição para encorajar outras mulheres a sobreviverem ao seu próprio caos. E quando superar e abrir os olhos vai ver que você lutou com as armas que tinha e venceu. Porque ainda é possível vencer.— Obrigada. — Tudo que eu podia fazer era agradecê-lo, o abracei o mais forte que pude e deixei