DAVID:
Ela não falou nada, só se virou e olhou no fundo dos meus olhos. Ela parecia estar pedindo por algo mais e aquilo me deixou sem fôlego. Aquela cozinha estava pegando fogo, então ela colocou a ponta do dedo indicador sobre o meu peito e foi subindo até o meu pescoço até que eu segurei suas mãos. Que droga! Eu estava excitado! Ela percebeu e abriu um sorriso. Eu balancei a cabeça negativamente, e antes que eu pudesse fazer alguma merda simplesmente beijei sua mão, acariciei o seu rosto depositando um beijo em sua testa e a abracei.
— Isso é tentador. — Eu disse com a respiração entrecortada. — Mas, eu quero mais do que isso. — Sussurrei em seu ouvido.
— O que você quer? — Ela sussurrou olhando em meus olhos com a boca a centímetros da minha.
— Eu não sei. — Respirei fundo. &mdas
— Estou limpando você também. — Ela deu de ombros. Notando que eu já tinha terminado de limpar e pegando o pano da minha mão. — Sua vez.— Eu não me sujei tanto. — Falei sentindo o fôlego escapulir do meu pulmão.— Mas, se sujou. Então, agora eu vou lhe limpar. — Ela disse decidida passando o pano pelo meu rosto carinhosamente. Depois de limpar meu rosto ela largou o pano deixando cair no chão e acariciou o meu rosto com as duas mãos enquanto me olhava nos olhos. Coloquei as duas mãos sobre a bancada, punho fechado, tentei afastar os pensamentos perversos que rondavam a minha mente. Ela aproximou seu rosto do meu, colocando sua testa na minha e pude sentir sua respiração entrecortada, ela também estava tentando se controlar! Eu abri as mãos e as coloquei em sua cintura, acariciando-as, a sua pele era
DAVID:Tomamos um café da manhã bem reforçado e resolvemos, ela resolveu, que precisávamos fazer faxina na casa. Ela ainda não estava totalmente recuperada, mas como eu sabia que ela não ficaria satisfeita até me convencer de que iria fazer e ponto, decidi que enfrentaríamos essa missão. Colocamos uma musicam alta e bem divertida e partimos para o trabalho, eu nunca havia me divertido tanto. Principalmente; ao vê-la imitando os cantores e achando que sua vassoura era um microfone, e poderia ser perfeitamente! As caras e bocas que ela imitava me matavam de rir, lavamos a sala. Não sem antes escorregarmos no sabão, ela inventou de brincar de pega-pega no chão espumado o que me rendeu uma queda.— Você está bem? — Ela veio correndo tentando esconder a vontade de rir.— O que você acha? — Eu falei fingindo estar muito
— Toda a minha vida, como eu vim parar aqui. Coisas que eu queria ter feito e não fiz. A saudade dos meus pais. Eu queria saber se eles ainda pensam em mim. — Ela falou fechando os olhos como se esse ato pudesse amenizar a dor.— O que você queria ter feito e não fez meu bem? — Perguntei com um tom brando enquanto apertava seu corpo de encontro ao meu mostrando que eu poderia protegê-la e que eu não sairia dali.— Queria ter tido uma vida diferente. Eu queria que tivéssemos nos conhecido em circunstancias diferentes. Eu não mereço esse cuidado. — Ela falou balançando a cabeça negativamente.— E por que não merece esse cuidado? —- Eu tinha tantas perguntas, estava sendo doloroso vê-la se culpar tanto.— Porque eu sou uma garota de programa, David. — Ela falou agora se virando para mim e olhando em meus olhos. —
DAVID: Nós dois entramos para fazer o jantar, arrumamos a mesa e ficamos assistindo pelo resto da tarde até umas oito da noite. Eu não queria acordar a Emily, queria deixá-la descansar o suficiente. Estávamos completamente empolgados em um filme de ação quando ela apareceu no pé da escada com a cara inchada e sonolenta.— Oi. — Ela disse ainda assimilando que estava acordada.— Oi meu bem. Preparamos o jantar, mas queríamos esperar você acordar. — Minha mãe disse sorrindo carinhosamente.— Poderia ter me acordado, ou comido sem mim. Não precisavam ter esperado. — Ela disse bocejando e se aproximando.— Mas não queríamos comer sem você, ué. — Eu disse a encarando.— Eu estou com fome. — Ela disse sorrindo. — E você disse que me
— Me colocaram numa casa com outras crianças, nós comíamos apenas duas vezes por dia. Quando não obedecíamos apanhávamos, os primeiros dias foram os piores. Eu tinha pesadelos com a minha mãe, e eu orava e esperava que a qualquer momento eu acordasse ou que eles me encontrassem e me tirassem dali. Depois de um mês, me fizeram cruzar uma fronteira com mais três garotas e um garoto. Fomos levados para a República do Congo, lá foi onde realmente começou o inferno. — Dei uma pausa, eu nunca havia falado para ninguém sobre minha história.— De onde você veio? — Ele me perguntou como se entendesse os sentimentos que aquelas revelações me causavam.— Brasil, Rio de Janeiro. — Falei.— Então você é carioca? — Ele sorriu.— Sou. — Eu retribuo o sorriso.— O q
— Eu não sou forte, sou covarde. — Balancei a cabeça negativamente ao escutar aquelas palavras.— Você não é covarde Emily, você é forte. Você é a mulher mais forte que eu já conheci. Eu não imagino o quão doloroso foi ter passado por tudo que você passou e estar aqui hoje para contar a história. Você não está vazia, é que a sua dor não lhe deixa enxergar o tamanho do propósito inigualável que você tem no mundo. Você está cheia de força e de munição para encorajar outras mulheres a sobreviverem ao seu próprio caos. E quando superar e abrir os olhos vai ver que você lutou com as armas que tinha e venceu. Porque ainda é possível vencer.— Obrigada. — Tudo que eu podia fazer era agradecê-lo, o abracei o mais forte que pude e deixei
Eu finalmente me sentia protegida, eu passei quase toda a minha vida com medo do que poderia acontecer comigo a qualquer momento e chegou um momento que eu já não tinha mais medo porque eu simplesmente não ligava para o que pudesse acontecer. Mas agora eu me sentia acolhida, eu sentia que não precisava mais ser a Ema porque alguém havia escolhido pela Emily. Os dias foram se passando tranquilamente ali e eu sentia estar em família, eu sabia que em algum momento teria que voltar para a realidade. Teria que voltar para casa! Eu não podia simplesmente entrar e ficar na vida de alguém de repente, apesar de que era o que eu queria. Eu estava completamente apaixonada pelo David. E sinceramente, eu tinha medo de que acontecesse com ele a mesma coisa que já aconteceu quando eu tentei me apaixonar, quando eu acreditei que um homem poderia mudar alguma coisa em minha vida. Não era o que eu queria. Eu sentia que podia fazer
— Me desculpe... — Eu falei caindo de joelhos com Nora me abraçando. — Foi culpa minha, me desculpe.— Ei minha querida, você não teve culpa de nada. — Ela falou me abraçando forte.— O Jake estava certo, eu sou uma garota de programa. Eu fiz isso acontecer. Eu destruí a vida de vocês. — Falei chorando de soluçar.— Ei Emily, olha para mim. — Ela pegou o meu rosto. — Eu não ligo para o que você foi, e não, o Jake não estava certo. Não foi culpa sua, o David vai sair dali bem e vamos falar para a polícia que foi legitima defesa.— Eu não posso fala com a polícia, Dona Nora. — Falei sussurrando.— Eles irão nos entender, minha querida. — Ela sorriu.— Eu sou imigrante, não tenho documentos. Eles irão me deportar. Eu sou uma garota de