Enquanto chega a famosa degustação numa bandeja de taças, fico mais animada e bebo feliz da vida. Conto para eles do meu terrível encontro com Sergio e Amanda. Eles me contam como ficaram presos no elevador esta manhã. Rimos, bebemos, e até danço um pouco com Giana na pista lá embaixo enquanto Derek se distrai com uns conhecidos que encontra.Depois de algumas horas, e após fazer uma fila super longa para o banheiro feminino, Giana e eu podemos descansar na nossa mesa reservada.—Juro que da próxima vez faço xixi no banheiro masculino—reclama minha amiga. Rio com muita vontade.—Vou com você. Nem vão perceber—comento.—O chefe sabe onde você está, por sinal?—Acho que não. Não conversamos hoje. Continua igual de distante—revelo um pouco triste.—Não na minha guarda! Derek, Pedrinho, venham vocês dois aqui agora!—grita Giana, deve ser por causa do álcool.Derek e Pedrinho, que é um dos conhecidos que ele encontrou, se aproximam da mesa interessados. Mas o interesse se transforma em conf
O carro de Luciano está estacionando perto da calçada onde estou esperando. A rua está movimentada com muitas pessoas ao meu redor entrando ou saindo das casas noturnas da região, o que me faz entrar rapidamente no veículo para não congestionar o trânsito.Quando entro e coloco o cinto de segurança, encontro o que espero, um Luciano mal—humorado que arranca sem me cumprimentar.—O que você está usando na cabeça?—pergunta.Toco minha cabeça para entender seu questionamento, e toco a coroa de plástico que Giana tinha colocado em mim em algum momento da noite. Tiro ela e observo entre minhas mãos.—Foi minha despedida de solteira. Giana me coroou—explico com um sorriso pela fragilidade do plástico.—Despedida de solteira numa balada? Com aqueles caras?Olho confusa para Luciano, para analisar sua expressão. Esta é uma das menos incoerentes que já vi dele, das suas facetas menos coerentes, melhor dizendo. Ele está irritado.—Que caras?—digo confusa.—Os da foto que sua amiga me enviou.A n
A verdade é que Luciano se descreveu perfeitamente. Essa é uma boa parte da imagem que ele me passa. Também penso em outras coisas boas que ele tem, mas não consigo dizer nada. Ele percebe e ri baixinho. Chegamos ao meu apartamento, ele vai estacionar na entrada devido à trajetória do carro.—Não quer usar minha vaga? Quer... subir até meu apartamento?—convido tentando consertar isso.Ele pensa por alguns segundos e desce para a garagem subterrânea. Uso o controle do portão guardado na minha bolsa para que ele possa entrar e em poucos minutos, estamos entrando no meu apartamento.Fico com as chaves nas mãos, sem saber o que dizer. Penso em oferecer comida, vou direto para a cozinha.—Quer beber algo? Ou comer? Estou morrendo de fome e tenho muito lámen instantâneo...—mal coloco a panela para isso no balcão.Luciano está sentado na poltrona que tenho em silêncio, como se estivesse meditando sobre o que me dizer ou não. Deixo a panela e me aproximo dele.—Fala comigo, no que está pensand
Não consegui dormir, nem comer por causa do nervosismo. Mas a falta de sono e de comida se disfarça muito bem com maquiagem profissional e um vestido como este. Ou pelo menos é o que Giana está me fazendo acreditar.—Meu Deus! Você está linda! Parece que saiu de uma revista!—elogia ela ajeitando a cauda do meu vestido de noiva—Olha no espelho!O dia do meu casamento com Luciano era hoje. Finalmente me casaria com ele num contrato único do seu tipo. Para isso, estive me preparando desde cedo para a cerimônia neste quarto de hotel junto com duas maquiadoras, uma fotógrafa e Giana.Respiro fundo antes de ver meu look completo de noiva no espelho de corpo inteiro que tenho atrás de mim. Quando me sinto preparada, me viro para me observar, e fico sem palavras diante da beleza deste vestido.Meu reflexo é de quem escolheu um vestido sereia coberto por uma renda divina de flores bordadas com pérolas. Ele se ajusta ao meu corpo como um corselet e as transparências das mangas longas, mais meus
No entanto, ao colocar nossas assinaturas no livro de registros, esses sorrisos travessos têm que acabar. O juiz dessa vez nos pede para nos beijarmos, e é o que fazemos.Nos damos provavelmente o beijo mais casto que já tivemos em nosso relacionamento. Ao separar nossos lábios, e ver nossos convidados aplaudindo, não consigo deixar de notar as expressões amargas de alguns dos meus convidados, e as atônitas da maioria dos Brown presentes.Tínhamos conseguido, Luciano e eu nos casamos contra todas as expectativas......O nervosismo já devia ter passado faz tempo, mas não passou. Supostamente a parte complicada já tinha acabado, mesmo assim, enquanto esperamos ser anunciados para entrar no salão de festas que fica dentro do hotel, continuo nervosa.—O que o chão te fez pra você ficar batendo nele desse jeito?—pergunta Luciano ao meu lado comendo uvas. Como se nada. Como se essa salinha de espera para os noivos fosse um spa.—Tá falando sério? Estou com vontade de vomitar, desde cedo—rec
Meus pés batem no chão com constância e meu coração bate com uma força sobrenatural. Eu finalmente consegui, uma promoção no meu trabalho, e o primeiro que tinha que saber disso era Andrew, meu noivo. Caminho pelo corredor tão emocionada e agarrada à minha pasta que agradeço por ninguém estar neste corredor. Vão pensar que estou louca ou que não sei me controlar pelo sorriso enorme que tenho no rosto. Mas quem poderia me culpar.Minha vida estava se transformando no que sempre deveria ter sido. Uma vida feliz e abençoada. Eu me casaria em alguns meses com o amor da minha vida, e finalmente deixaria de servir café na empresa. As lágrimas, humilhações e solidão acabariam. Eu, Marianne Belmonte, deixaria de ser o saco de pancadas da minha família, seria a esposa de um promissor empresário. Finalmente, todos me respeitariam e aceitariam.—Querido? Tenho boas notícias... — digo abrindo a porta do apartamento do meu futuro marido.As luzes da sala estão apagadas e há uma melodia suave de Jaz
Na manhã de ontem, acordei com o homem que amava conversando sobre como estávamos animados com o casamento dos nossos sonhos. Na manhã de hoje, acordei em um quarto de hotel barato com os olhos inchados de tanto chorar. Não haveria casamento, não haveria um final feliz para mim, não teria a família com a qual sonhei. Fiquei praticamente sem nada. Sem um teto, e quem sabe se Andrew teria a decência de me devolver minhas roupas. A única coisa que me restava era meu trabalho. Um ao qual voltei a me trancar em meu cubículo para mergulhar no meu mundo, os números. Trabalho para a Belmonte Raízes, uma imobiliária de bom tamanho dedicada ao que todas as imobiliárias fazem: comprar e vender imóveis. E eu, que tinha quase três anos de formada em administração de empresas, trabalhava nela desde então. O fato de compartilhar o mesmo sobrenome no nome da empresa não é coincidência. Seu dono é meu pai, Belmonte Raízes é uma empresa familiar. Uma na qual conquistei meu posto por mais que meus col
Tenho uma lista interminável de humilhações provocadas pela minha família em minha memória. A vez em que vim a esta casa me ajoelhar diante do meu pai para que me desse dinheiro para o tratamento da minha mãe. A vez em que Amanda e sua mãe me deram uma caixa com roupas usadas e rasgadas, porque eu "precisava me vestir melhor".Mas me pedir para ajudar a organizar o casamento do meu ex-parceiro com sua amante grávida, que é minha meia-irmã, essa devia ser uma das mais sádicas da lista.—Não ajudarei Amanda a organizar seu casamento com Andrew. Por que eu faria tal coisa? — digo lentamente como se estivesse dando tempo ao meu pai para confessar que isso é uma piada de mau gosto.Sergio me olha com desaprovação, Amanda o faz com um sorriso que tenta esconder enquanto come sua salada de frutas.—É decepcionante que você não decida ser uma pessoa melhor neste assunto. Se não for, me verei obrigado a reconsiderar seu contrato em nossa empresa. Ouvi dizer que você conseguiu assinar para ser u