Minhas palavras recebem várias reprimendas que escorregam por mim. Escorrega qualquer opinião dessas mulheres......Quando voltamos ao porto e examinam Amanda na ambulância, o carro de Sergio está chegando. América é a primeira a sair correndo para abraçar Amanda. Ela está coberta com uma grande toalha nos ombros e sentada na borda da parte de trás da ambulância.Paciente e tomando seu tempo para chegar, está nosso pai. Mas América não consegue esperar sua chegada, solta sua filha e me ataca furiosa.—O que você fez com minha filha? Sua vadia! — ela levanta a mão, quer me dar um tapa.Reajo bem a tempo de evitar, seguro seu pulso e depois a empurro com tanta força que minha madrasta tem que dar uns passos para trás.—Como você se atreve? Insolente! — ela grita.A essa altura não me importa a reação dela, mas sim a de Sergio. Aquele que está nos observando com seu olhar calculista de sempre. Não se aproxima de Amanda para saber como ela está, não se aproxima de mim. Aquele não se impor
A culminação dos meus planos malignos finalmente aconteceria neste maravilhoso dia. Na porta da catedral, usando meu vestido rosa de madrinha, tenho uma visão muito divertida. Amanda saindo com dificuldade do Mercedes 300 coberto de flores brancas. O vestido estilo princesa é tão pomposo que mal consegue sair do carro.A parafernália da armação mais todas essas camadas de tule embaixo da saia são motivo de muitas fotos de deboche. Também deveria ser o jeito atencioso das damas de honra ajudando ela a sair. Ajeitam o véu de três metros e seguram seu buquê de 20 rosas.Sobre minha interação com as damas depois do circo de ontem à noite, não há muito a dizer. Me devoraram com os olhos, e pude ouvir sussurros de insultos sobre mim. Sobre como sou a terrível irmã postiça que tentou arruinar o casamento da inocente Amanda.De dentro da catedral, a música pode ser ouvida. O sinal de que Andrew estava no altar com sua mãe. O cerimonialista pede que nos organizemos como foi ensaiado, e é o que
A cerimônia avança com a Ave Maria ao fundo, e ela com seu enorme vestido, véu e coroa no braço do meu pai. Há muitas mulheres emocionadas entre os convidados. A catedral está lotada, e a decoração parecia de novela, tinha que admitir.O problema são as expressões de constrangimento que vários integrantes da família de Andrew estão fazendo. Até posso ver seu irmão zombando baixinho com um dos padrinhos. Quando Sergio entrega Amanda a Andrew, ninguém poderia adivinhar que os dois estavam brigados, lutando a todo custo para manter as aparências.A cerimônia começa então. Me parece falsa, tediosa e monótona apesar das lágrimas emocionadas de América e das outras damas. É assim que minha irmã e meu ex-namorado se casam. Se tornam marido e mulher diante dos meus olhos......Depois de mil fotos com o cortejo matrimonial na frente da catedral, finalmente posso me separar desse ninho de seres rasteiros. Fazer isso me ajuda a perceber a confusão que há com o resto dos convidados, aqueles que p
Nem o desconforto bobo da América me faz sentir melhor. Já o Luciano sim, ele adorava esse tipo de tortura. Especialmente aquelas direcionadas ao passado da América. Mais de uma vez perguntou sobre sua suposta formação como arqueóloga no Egito, ou se era verdade que falava mandarim. América não podia parecer mais desconfortável. Já pediu para ir ao banheiro umas três vezes.Sergio nem prestava atenção na esposa, estava mais preocupado em cumprimentar os convidados e entretê-los. Em fingir ser o pai perfeito, não só para os familiares, mas para seus funcionários. Metade da Belmonte Raízes está nesta festa de 400 pessoas. O que me faz lembrar que Giana também disse que estava por aqui.—Volto já. Vou cumprimentar a Giana — aviso ao Luciano.Ele me dá um sorriso e continua encantando o resto da mesa. Da minha parte, procuro minha amiga e a encontro numa mesa bem no fundo, foi difícil achá-la na verdade. Ela está com nossa equipe de trabalho, Maite, Mila, Karen e Oliver.—Amigaaa! — ela se
O mundo gira, mesmo com os olhos fechados e acordando, posso sentir. Tinha bebido demais no que foi o casamento patético da minha irmã. Sorrio e me aconchego mais na minha cama pequena. É complicado enumerar qual foi a melhor parte desse casamento infernal, se a sogra crítica, o pai hipócrita ou o noivo amargurado durante toda a noite.Tento voltar a dormir até que a ressaca passe um pouquinho mais, mas preocupada se já é muito tarde, me obrigo a abrir os olhos. Vejo, meio embaçado, que são 2 da tarde, o que nem é tão ruim assim. Me aconchego de novo, ajeitando minha bunda no calor da minha cama. É tão bom e quentinho nas minhas costas.—Você está fazendo isso de propósito? Eu poderia jurar que sim.Meus olhos se abrem na hora, me viro de uma vez, e encontro... Luciano ali apoiando seu rosto no braço. A reação é mais rápida do que eu poderia esperar. Tento me afastar dele ao mesmo tempo que solto o maior grito da minha vida.Só que minha cama é pequena e na tentativa de me afastar dele
-Muito engraçado, né. É óbvio que este apartamento não combina com seu padrão de vida. Vou morar com você, MAS continuarei visitando regularmente meu apartamento, é meu investimento - concordo com ele. Parece satisfeito - Outro ponto a discutir, por quanto tempo supostamente vai durar este casamento?-De dois a três anos será suficiente.-Dois a três anos, não é muito tempo?-Acredite, não vou dar o prazer à minha família de me divorciar antes de um ano. Devem estar fazendo apostas sobre quanto tempo vou durar com minha noiva. Não vou deixá-los ganhar. Ou você tem outros planos para esse período?Medito sobre estar presa em um contrato por tanto tempo. Sairei de lá mais perto dos 30 que dos 20. Mas com muito a ganhar se soubesse jogar bem com meus recursos.-Posso entender. Quem diria que você pensou em mais coisas produtivas do nosso relacionamento do que em sexo? - digo para provocá-lo.Ele não se deixa convencer pelo meu joguinho.-Vale ressaltar que o sexo está no topo das minhas p
É uma terça-feira qualquer, de uma semana qualquer no trabalho. Nenhum acontecimento extravagante ou sequer relevante aconteceu durante o expediente que valesse a pena mencionar. Com exceção de que na segunda-feira nos deram folga para nos recuperarmos dos excessos do casamento da Amanda.Falando nisso, devo dizer que o escritório está mais tranquilo do que deveria estar depois de um dia de folga. Estou redigindo um documento no meu computador e tenho a mente nessa estranheza. O silêncio e a paz se respira em cada canto.-Seu favorito. Para começar a semana com o pé direito - anuncia Maite colocando um copo de café na minha mesa.Primeiro vejo o copo com a marca de uma cafeteria, ela comprou fora. Em seguida, olho para ela, que está com outro suporte com vários cafés. Está sorridente e sendo gentil comigo.-Obrigada... - digo insegura e bebo dele.Minha insegurança se devia ao fato de que Maite nunca tinha me comprado um café. Nem sorrido desse jeito ou sido gentil comigo. Para complet
-O que me conta? Começa você, não sabe esconder quando está mal - comenta.O triste é que ele dizia a verdade. Eu era péssima controlando minhas emoções e escondendo-as.-Parece que todo mundo lá fora sabe que vamos nos casar. E... estão me tratando suspeitamente bem. Até a Maite brincou que eu ia convidá-la pro casamento - explico.Luciano inclina a cabeça, estranhando.-Com o anel no seu dedo, e o jeito que dançamos no casamento da nossa irmã, teriam que ser idiotas pra não perceber - diz tirando a manta.Deixo de me sentir como um bicho esquisito, pra me sentir como um bicho esquisito envergonhado.-Você poderia nunca mais se referir à Amanda como "nossa irmã"? - exijo.-Não sei, agora que penso melhor, me dá tesão - brinca ele maliciosamente.Finjo um chorinho olhando pro céu, e Luciano ri como o cara de pau que é. Depois, tira de uma gaveta um envelope preto, que me oferece e pego.-O que é isso?-Nosso acordo pré-nupcial. Leia, analise com quem quiser, vamos assinar esta semana -