Ao se dar conta do que está acontecendo ali, Marina veste-se de toda a razão que consegue reunir. Com um ímpeto de raiva e nervosismo, empurra Victor para trás, afastando-o de uma só vez. Antes que ele tenha tempo de reagir, o som de um tapa ressoa pelo corredor, ecoando a intensidade de seus sentimentos.Victor fica imóvel, sem saber o que fazer, o rosto fica quente pelo impacto da mão dela. Ele não esperava por aquilo, não daquela maneira. Lentamente, leva a mão ao rosto, ainda ardendo pelo tapa, e seus olhos se encontram com os de Marina, que estão gélidos e cheios de fúria.— Quem você pensa que é para fazer isso? — Marina pergunta com um tom raivoso, seus olhos faíscam toda a raiva reprimida da noite. — Não entendeu que estou aqui com o meu namorado? — A ira em sua voz é inconfundível.Victor continua imóvel, com os pensamentos fervilhando em sua mente. Ele está claramente surpreso com a reação dela e sua incredulidade transparece em seu rosto. O silêncio pesa, enquanto ele tenta
Quando estaciona em frente à sua casa, Marina não consegue esconder a frustração. Nunca, em toda a sua vida, havia passado por tanta vergonha. Ao saírem do quarto do hotel, Sávio passou minutos discutindo com o gerente, insistindo por um reembolso e, como se não bastasse, explicou o motivo com detalhes desnecessários, como se ela não estivesse ali, ao seu lado, ouvindo tudo. A cada palavra de Sávio, o constrangimento dela aumentava. Além de se sentir humilhada, ainda teve que suportar os olhares de desdém do gerente e dos funcionários do hotel.O caminho de volta para casa foi percorrido em um silêncio opressivo. Enquanto ela lutava contra a vergonha que parecia crescer dentro de si, Sávio demonstrava estar claramente frustrado e não lhe dirigiu uma única palavra.Quando chega à porta de casa, tira os sapatos, segurando-os nas mãos para não fazer barulho e acordar os pais. Ela caminha pelo corredor com o coração e a mente inquieta, mas é interrompida pela voz suave de sua mãe.— Já ch
Começando mais uma semana de trabalho, Marina sente o peito apertar e a ansiedade aumentar, prevendo que a qualquer momento poderá ser confrontada por Victor.— Tem alguma coisa errada? — pergunta Katrina, notando a tensão visível na colega.— Não, está tudo bem — responde Marina, desviando o olhar, tentando parecer tranquila.Katrina para o que está fazendo e a observa por alguns segundos em silêncio, percebendo que a resposta foi evasiva. Antes que pudesse aprofundar a conversa, um entregador de flores surge na recepção.— A senhorita Marina Ferreira está? — pergunta o homem.— Sou eu — responde Marina, confusa.— Entrega para a senhorita.O entregador se aproxima, com um grande buquê nas mãos, e o entrega a ela.Ao pegar o buquê, sente imediatamente o perfume suave das flores invadindo o ambiente. Rosas-vermelhas vibrantes dominam o arranjo, cercadas por lírios-brancos e margaridas amarelas, dispostas harmoniosamente em meio a um delicado embrulho de papel crepom, amarrado com laços
— Amor, por favor, reconsidere o que acabou de me pedir — implora Rodrigo, visivelmente desconfortável com a situação.— Eu só estou te pedindo para fazer isso, será que é pedir demais? — responde Valentina, com a voz carregada de incredulidade ao perceber que o noivo irá interceder por sua assistente, o que a irrita mais ainda. — Ela não é uma pessoa insubstituível, pode arranjar outra assistente apenas estalando os dedos.Rodrigo sempre foi um homem compreensivo, disposto a fazer tudo pelo seu relacionamento com a mulher que ama. Ao longo dos três anos de namoro, nunca tiveram brigas por ciúmes; afinal, ele nunca deu motivo para que ela desconfiasse de alguma coisa. Mas agora, com aquele pedido, sente-se dividido, preso em um conflito moral que o consome.— Como vou mandá-la embora sem motivo algum? Valen, ela é uma funcionária competente e nunca me desrespeitou — tenta argumentar e sua voz demonstra o peso da decisão.— Então, não fará o que eu pedi? — Valentina o interrompe, ignora
Quando Rodrigo se despede do irmão, continua relutante. Ele sabe que Victor tem algo em mente, mas talvez, só talvez, isso mantenha Marina empregada por um pouco mais de tempo. Pegando o elevador que o leva para o seu andar, já a encontra em sua mesa, antes mesmo do seu horário, trabalhando com o mesmo afinco do primeiro dia.— Boa tarde, Marina — cumprimenta, com uma expressão séria.— Boa tarde, senhor — responde ela, com um sorriso no rosto, mas um certo nervosismo se esconde atrás de seus olhos.— Podemos conversar por um momento? — pergunta Rodrigo, caminhando em direção à porta de seu escritório, sugerindo que ela o acompanhe.Hesitante, Marina faz o que ele propõe, mas a expressão séria dele revela que o que está por vir não é nada bom. Ao entrar na sala, ela se senta na cadeira em frente à grande mesa de seu chefe. Rodrigo a observa por um momento e um silêncio tenso se instala, ele parece estar lutando com as palavras, como se quisesse encontrar a melhor maneira de iniciar aq
Após conversar mais um pouco com Rodrigo, Marina sai da sala com o olhar apavorado. Ela caminha até a sua mesa e o peso das palavras que ouviu ainda ecoam em sua mente. Seus passos são lentos, e o coração bate acelerado.Começa a organizar suas coisas, sabendo que deve seguir em destino ao “andar do diabo”, como já começava a pensar. Katrina ainda não havia chegado, e Marina sente um peso na consciência ao pensar que, logo no primeiro dia em que tiveram uma conversa amigável, já estariam se separando. Era frustrante imaginar que uma conexão tão recente e promissora fosse interrompida tão abruptamente.Ela respira fundo, tentando se concentrar. Coloca seus pertences em uma caixa, incluindo o buquê de flores que Sávio havia mandado como pedido de desculpas, e se dirige ao elevador. Cada segundo no elevador parece uma eternidade. Ao apertar o botão do andar onde Victor Ferraz governa, o ar ao seu redor parece se tornar mais pesado, quase opressor. Quando as portas se abrem, ela sente um
Ao perceber o jogo de Victor, Marina se levanta e tenta se recompor, disfarçando o nervosismo que cresce dentro dela. Mesmo que não queira, tudo que ele faz e fala a afeta de uma maneira desconcertante.— Tudo bem, senhor Ferraz, se é só isso que quer de mim, eu aceito — responde com a voz firme, mas com o coração acelerado.Victor sorri, satisfeito com a resposta. Era essa a atitude que esperava dela. Caminhando até sua mesa, abre uma das gavetas, de onde retira um envelope.— Gostei do seu comprometimento… — diz, caminhando de volta em direção a ela, estendendo o envelope. — Tome, isso aqui é uma pequena amostra do que pode ter se for mais dedicada e complacente.Marina o observa, surpresa, enquanto pega o envelope com certo receio. O ar tenso ao redor deles parece carregar um estresse latente, e ela sente como se a qualquer momento ele pudesse pregar uma peça. Ao abrir o envelope, encontra um cheque no valor de dez mil reais.Seus olhos se expandem, revelando surpresa e incredulida
O silêncio que se instala entre ambos é tão forte que parece torturá-los. Eles estão tão próximos que podem sentir a respiração um do outro, como se o espaço que os dividia não existisse mais.Marina, confusa e incomodada com a proximidade, o encara com olhos confusos, sentindo que precisa quebrar aquele momento estranho.— O que quer dizer com isso, Victor? — pergunta, com a voz firme, embora por dentro se sinta vulnerável.Percebendo que está expondo uma fraqueza que ele mesmo não sabe ter, Victor fica perplexo. Como conseguia perder o controle diante de Marina? Isso o irrita profundamente. Engolindo em seco, rapidamente se recompõe, forçando a frieza de sempre em sua expressão.Ele a solta de repente, como se o contato o queimasse, e se afasta, mantendo a postura rígida.— Não quero dizer nada — responde com a voz firme, mas com uma nota de contrariedade.Ele se dirige à porta e a abre, como se a conversa estivesse encerrada.— Se as flores são tão importantes para você, pode levá-