Ao perceber o jogo de Victor, Marina se levanta e tenta se recompor, disfarçando o nervosismo que cresce dentro dela. Mesmo que não queira, tudo que ele faz e fala a afeta de uma maneira desconcertante.— Tudo bem, senhor Ferraz, se é só isso que quer de mim, eu aceito — responde com a voz firme, mas com o coração acelerado.Victor sorri, satisfeito com a resposta. Era essa a atitude que esperava dela. Caminhando até sua mesa, abre uma das gavetas, de onde retira um envelope.— Gostei do seu comprometimento… — diz, caminhando de volta em direção a ela, estendendo o envelope. — Tome, isso aqui é uma pequena amostra do que pode ter se for mais dedicada e complacente.Marina o observa, surpresa, enquanto pega o envelope com certo receio. O ar tenso ao redor deles parece carregar um estresse latente, e ela sente como se a qualquer momento ele pudesse pregar uma peça. Ao abrir o envelope, encontra um cheque no valor de dez mil reais.Seus olhos se expandem, revelando surpresa e incredulida
O silêncio que se instala entre ambos é tão forte que parece torturá-los. Eles estão tão próximos que podem sentir a respiração um do outro, como se o espaço que os dividia não existisse mais.Marina, confusa e incomodada com a proximidade, o encara com olhos confusos, sentindo que precisa quebrar aquele momento estranho.— O que quer dizer com isso, Victor? — pergunta, com a voz firme, embora por dentro se sinta vulnerável.Percebendo que está expondo uma fraqueza que ele mesmo não sabe ter, Victor fica perplexo. Como conseguia perder o controle diante de Marina? Isso o irrita profundamente. Engolindo em seco, rapidamente se recompõe, forçando a frieza de sempre em sua expressão.Ele a solta de repente, como se o contato o queimasse, e se afasta, mantendo a postura rígida.— Não quero dizer nada — responde com a voz firme, mas com uma nota de contrariedade.Ele se dirige à porta e a abre, como se a conversa estivesse encerrada.— Se as flores são tão importantes para você, pode levá-
Do interior do carro, Victor observa a cena que se desenrola diante de seus olhos e, sem que perceba, seus olhos se estreitam. Sua expressão permanece impenetrável, como uma máscara fria e inabalável, mas, por dentro, uma onda de incômodo o atinge com força. Ele não consegue explicar por que a visão de Marina nos braços de outro homem o afeta tanto, mas sente algo visceral. Suas mandíbulas travam e seus punhos se fecham com força, sem emitir som, mantendo a compostura externa enquanto assiste à assistente compartilhar um beijo longo e íntimo com o namorado.Marina, por sua vez, se afasta de Sávio depois do beijo. E, por um instante, seus olhos se voltam para o carro onde Victor permanece, imóvel. Quando seus olhares se encontram, uma eletricidade quase palpável passa entre os dois. Marina sente uma mistura amarga de vitória e culpa. Embora sinta um triunfo momentâneo, ao perceber que sua provocação surtiu algum efeito, não consegue escapar do peso da culpa que começa a se formar. Afin
Victor dirige pelas ruas, com o som do motor ecoando no silêncio de seus pensamentos. Tudo o que ele quer é afastar o estresse e o tumulto mental que parecem não lhe dar um segundo de paz desde que Marina entrou em sua vida. Desde o primeiro dia em que cruzaram caminhos, ele percebe que perdeu o controle completo da tranquilidade que antes reinava.Seus dias se tornaram tensos, cheios de questionamentos, e o pior de tudo: a semana que passaram juntos no Rio de Janeiro pareceu amplificar ainda mais sua confusão.Ao chegar em casa, estaciona o carro de qualquer jeito, refletindo sua frustração interna. Entrando pela porta principal, encontra seus pais sentados na sala, conversando em um tom baixo.— Boa noite — diz ele, tentando soar casual, enquanto luta para manter a mente longe da imagem de Marina.— Boa noite, filho — responde Xavier, com um sorriso leve. Ele está satisfeito por resolver o pequeno atrito que tiveram no jantar anterior, embora ainda sinta certo distanciamento da part
Marina sai de sua casa segurando a caixa dos sapatos que Victor havia lhe presenteado durante a viagem ao Rio. Seus passos lentos e a cabeça baixa mostram claramente o quanto está desconcertada com o que está prestes a fazer.Quando se aproxima do carro, Victor a observa atentamente, desligando as chaves e se acomodando no banco, preparando-se para o que quer que estivesse por vir.— Me desculpa por te ligar assim, de repente — diz Marina, com a voz trêmula, ao se aproximar da janela do passageiro. Ela segura a caixa com firmeza, mas evita o olhar de Victor. — Eu só preciso te devolver isso — continua, estendendo a caixa em sua direção.Victor a observa por um segundo, confuso e impaciente. Seus olhos se estreitam levemente enquanto avalia seu gesto.— E por que está devolvendo? — pergunta, com a voz mais fria do que o normal, escondendo a preocupação que começa a se formar em sua mente.Marina inspira, antes de responder, sentindo o peso de suas próprias palavras.— Não posso ficar co
Ao sentir os lábios de Victor, Marina sente algo diferente em seu toque. As mãos dele, que em outros momentos haviam sido apressadas e dominadoras, agora se movem com uma ternura surpreendente. Cada movimento é delicado, respeitoso, como se ele estivesse redescobrindo cada parte dela. Ele desliza as mãos suavemente por seu corpo, sentindo o contorno de sua cintura com um carinho que a faz tremer de leve. Não há pressa, apenas um desejo profundo de prolongar aquele momento.Victor a envolve com seus braços, trazendo-a para mais perto de si, com uma delicadeza inesperada. Sua mão direita desliza até a caixa que Marina segurava, jogando-a com suavidade para o banco de trás do carro, liberando o espaço entre eles, sem cortar o contato de seus lábios.Victor quer senti-la por inteiro, sem qualquer barreira. O corpo de Marina se encaixa perfeitamente ao seu colo, como se fossem feitos para estarem juntos daquele jeito. A respiração de ambos está pesada, mas há uma calma no gesto de Victor, c
Na manhã seguinte, Marina segue sua rotina habitual. Ao descer para a padaria, já pronta para ir ao trabalho, encontra sua mãe, que lhe lança um olhar reprovador assim que a vê.— Para onde pensa que vai? — pergunta Daniela, sem disfarçar o tom de desaprovação.— Para o trabalho — responde com firmeza, tentando manter a calma.Daniela para de atender o cliente e vira-se para encarar a filha diretamente, a expressão de desagrado fica evidente em seu rosto.— Por acaso esqueceu da conversa que tivemos ontem? — questiona, cruzando os braços, esperando uma resposta convincente.Respirando fundo, Marina tenta organizar seus pensamentos.— Não, mãe, não me esqueci — responde tranquila. — Mas tudo o que vocês falaram ontem não faz sentido.— Não faz sentido? — Daniela ergue a sobrancelha, claramente indignada.Antes que pudesse continuar a discussão, o som de um carro chama a atenção de ambas. Do lado de fora, o carro de Victor Ferraz estaciona em frente à padaria. Ele sai do veículo com sua
A expressão de ciúmes no rosto de Sávio é clara e intensa. Ele se aproxima rapidamente de Marina e a segura pelo braço, forçando-a a desistir de entrar no carro. Victor, que já havia dado a volta e estava com a porta aberta para entrar no veículo, para por um momento, observando a cena de longe, curioso para ver como Marina lidará com a situação.— Para com isso, Sávio, não diga o que não sabe — pede Marina, tentando manter a calma, mas visivelmente desconcertada.— Por que esse homem está sempre aqui? Nunca vi um chefe tão “dedicado” quanto o seu. Será que sou eu que estou exagerando ou tem algo estranho nisso tudo? — questiona, ainda segurando o braço dela com firmeza.— Sim, você está exagerando — responde Marina, puxando o braço e ajeitando sua postura. — Algumas coisas aconteceram e o senhor Ferraz veio conversar com o meu pai, só isso. Estou aproveitando a carona para ir ao trabalho.— Você não vai com ele! — declara Sávio, em um tom ríspido, lançando um olhar de desafio para Vi