Quem vocês acham que ele viu saindo do motel?
Na manhã seguinte, Marina segue sua rotina habitual. Ao descer para a padaria, já pronta para ir ao trabalho, encontra sua mãe, que lhe lança um olhar reprovador assim que a vê.— Para onde pensa que vai? — pergunta Daniela, sem disfarçar o tom de desaprovação.— Para o trabalho — responde com firmeza, tentando manter a calma.Daniela para de atender o cliente e vira-se para encarar a filha diretamente, a expressão de desagrado fica evidente em seu rosto.— Por acaso esqueceu da conversa que tivemos ontem? — questiona, cruzando os braços, esperando uma resposta convincente.Respirando fundo, Marina tenta organizar seus pensamentos.— Não, mãe, não me esqueci — responde tranquila. — Mas tudo o que vocês falaram ontem não faz sentido.— Não faz sentido? — Daniela ergue a sobrancelha, claramente indignada.Antes que pudesse continuar a discussão, o som de um carro chama a atenção de ambas. Do lado de fora, o carro de Victor Ferraz estaciona em frente à padaria. Ele sai do veículo com sua
A expressão de ciúmes no rosto de Sávio é clara e intensa. Ele se aproxima rapidamente de Marina e a segura pelo braço, forçando-a a desistir de entrar no carro. Victor, que já havia dado a volta e estava com a porta aberta para entrar no veículo, para por um momento, observando a cena de longe, curioso para ver como Marina lidará com a situação.— Para com isso, Sávio, não diga o que não sabe — pede Marina, tentando manter a calma, mas visivelmente desconcertada.— Por que esse homem está sempre aqui? Nunca vi um chefe tão “dedicado” quanto o seu. Será que sou eu que estou exagerando ou tem algo estranho nisso tudo? — questiona, ainda segurando o braço dela com firmeza.— Sim, você está exagerando — responde Marina, puxando o braço e ajeitando sua postura. — Algumas coisas aconteceram e o senhor Ferraz veio conversar com o meu pai, só isso. Estou aproveitando a carona para ir ao trabalho.— Você não vai com ele! — declara Sávio, em um tom ríspido, lançando um olhar de desafio para Vi
Ao chegar ao andar onde trabalha, Marina sente todas as palavras de Katrina ecoando em sua mente. Mesmo sem ter nada com Victor, a provocação a deixa desconcertada e levemente incomodada.“Pare de pensar demais, Marina”, seu pensamento a incomoda, obrigando-a a se concentrar em outra coisa. Mas a ideia se instala de forma incômoda, difícil de ignorar.Caminhando pelo corredor que leva à sua sala, tenta focar apenas em seu trabalho e no seu relacionamento.Durante o trajeto no carro com Sávio, percebeu o quanto o estava negligenciando, além de se questionar sobre seu próprio comportamento quando estava longe dele. Por isso, prometeu a si mesma que se afastaria de Victor em qualquer conversa que não fosse estritamente sobre trabalho. Como Katrina havia dito, ela conhecia Victor há mais tempo e sabia que ele era um “galinha” em relação a mulheres.“Você não deveria querer beijá-lo, nem mesmo solteira. Para Victor, você não passa de mais uma mulher comum entre milhares”, conclui, lutando p
Ao perceber o erro que havia cometido, Victor se levanta bruscamente, deslizando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso, tentando recuperar o controle da situação.— Me desculpe — diz, tentando manter a compostura.Katrina o observa, ainda incrédula com o que acabara de ouvir. Seu rosto demonstra ofensa clara.— Você me chamou de Marina — comenta, visivelmente ferida.— É porque os nomes de vocês duas são parecidos, só isso — tenta explicar, mas até para ele essa desculpa soa fraca. — Não foi de propósito.— Não acredito nisso — responde, cruzando os braços e assumindo uma postura defensiva. — O que está acontecendo entre vocês? — questiona, deixando a voz carregada de uma dúvida que já não conseguia mais ignorar.— Não está acontecendo nada, que pergunta tola é essa? — Victor reage bruscamente, sem perceber o quanto isso alimentava mais as suspeitas de Katrina.— Então, por que a trouxe para trabalhar com você? — insiste com seus olhos fixos nele, buscando qualquer sinal que confirm
Enquanto se arruma para o trabalho, Xavier percebe uma notificação de mensagem no celular. Rapidamente, olha e vê que é de Andressa, perguntando se pode falar naquele momento. Discretamente, ele faz uma vistoria pelo quarto, certificando-se de que a esposa já havia descido para tomar o café da manhã. Com a certeza de estar sozinho, pega o telefone e disca o número da amante. Em menos de dois segundos, Andressa atende, sua voz doce e manhosa ecoa do outro lado da linha.— Estou com saudades de você — diz ela, sem esperar por qualquer introdução.Xavier sorri, mas mantém o tom controlado.— Eu também estou, mas não se preocupe, pretendo te surpreender em breve — responde, deixando no ar a promessa de algo mais.Ao ouvir aquelas palavras, o coração de Andressa acelera, por saber que Xavier sempre é generoso quando se trata de surpresas. Seus presentes nunca desapontam.— Estou ansiosa — diz ela, sorrindo do outro lado da linha. — Mas, na verdade, não foi por isso que te liguei.— Sei que
Não é necessário que alguém explique para Marina quem é aquele homem. Sua semelhança com Victor e Rodrigo é inegável, mas há algo na postura dele que a faz se sentir desconfortável. O modo como Xavier Ferraz lhe observa é estranho e assustador.— Bom dia, senhor — cumprimenta-o com um sorriso educado, tentando não demonstrar seu nervosismo.Xavier a observa por um momento, sem responder imediatamente, seus olhos ainda a analisam.— Bom dia — ele finalmente responde, mantendo um tom firme, mas fazendo uma breve pausa, para estudar as feições de Marina com cuidado. Os olhos azuis da jovem, tão intensos, parecem prender sua atenção, então pensa, por um instante, que agora consegue entender por que seu filho tem agido de maneira tão diferente ultimamente.Marina, ainda sentada em sua cadeira, se pergunta o motivo daquela visita inesperada.— Você é a Marina, não é? — ele questiona, embora já saiba a resposta.— Sim, sou eu. Em que posso ajudá-lo? — pergunta, tentando manter a compostura,
Ao notar a presença do filho, Xavier endireita a postura sem se abalar e dá um passo para trás, enquanto Marina, visivelmente tensa, tenta disfarçar o desconforto.O momento é carregado de uma aura pesada e Victor não consegue conter a raiva ao imaginar o que ambos estavam fazendo ali.— Victor, estou apenas conversando com sua assistente — responde Xavier, com um leve sorriso que, em vez de tranquilizar, só atiça ainda mais a desconfiança do filho.As palavras do pai não trazem nenhuma confiança, então ele encara Marina, que está com a cabeça baixa, visivelmente abalada com o flagra. Victor fica frustrado com aquilo e sua irritação começa a crescer.— Conversando? — questiona, com o sarcasmo gotejando de suas palavras. — E por que me parece que não é só uma "conversa"?Marina levanta o olhar e percebe o quanto Victor está nervoso, porém sente a insinuação que ele faz e acaba ficando confusa.— E o que parece então? — Questiona Xavier, dando de ombros e se afastando da moça, sem dar e
Victor observa o pai sair da sala, e um suspiro pesado escapa de seus lábios. O nervosismo ainda o cerca, com o coração pesado e a mente tomada por uma tempestade de emoções confusas. Há raiva, decepção, medo, ciúme e uma profunda sensação de traição. Tudo dentro dele parece estar se misturando, e não consegue identificar qual sentimento o domina mais.Ele tenta se acalmar antes de procurar por Marina. A ideia de confrontá-la o assombra, enquanto perguntas incômodas surgem em sua mente. "Devo ir direto ao ponto e dizer que sei o que está acontecendo? Ou continuo fingindo que não desconfio de nada?" Esses pensamentos o consomem, e a vontade de resolver a situação à força quase o leva a agir por impulso.Quando finalmente consegue acalmar um pouco os nervos, sai da sala e começa a procurar por Marina. No caminho, se dirige à mesa de sua secretária.— Você viu a Marina? — pergunta, com um tom que tenta soar casual.— Vi, sim, senhor. Ela entrou no elevador recentemente — responde a secre