Victor permanece em silêncio por um longo instante, incapaz de processar completamente o que acabou de ouvir. Sua mente se recusa a aceitar aquela revelação, e a confusão é evidente em sua expressão. — O quê? — questiona incrédulo, esperando que ela estivesse prestes a rir e dizer que tudo não passava de uma piada. Podia entender que Marina não queria continuar com aquilo, mas usar aquela desculpa seria inadmissível. Entretanto, ao se aproximar mais, percebe o quanto ela parece estar envergonhada, suas bochechas tingidas de um vermelho profundo refletem o peso de suas palavras. Ao notar ser observada por aqueles olhos negros, Marina desvia o olhar, enquanto suas mãos tentam cobrir o seu corpo nu. — É o que acabou de ouvir — sussurra hesitante, sem saber como lidar com a situação desconfortável. A seriedade na voz dela, combinada com o rubor evidente em seu rosto, faz com que Victor perceba sua sinceridade. A revelação chega com força a ele, que, há poucos segundos, estava tomado p
Victor desperta com o som insistente do celular vibrando na mesa de cabeceira. Ao abrir os olhos, percebe que já são mais de quatro horas da tarde. Ele se dá conta de que adormeceu abraçado à Marina no quarto, algo que jamais imaginaria acontecer no início daquele dia.Com o barulho do celular, ela também acorda, então ambos se levantam lentamente. Victor pega o celular para atender a ligação, observando ser de Rodrigo. — Onde você está? — a voz de Rodrigo soa preocupada do outro lado da linha. Victor raramente falta ao trabalho, ainda mais sem dar satisfações. — Sua secretária disse que você não voltou do almoço e deixou dois clientes esperando. Victor passa a mão pelos cabelos e veste a camisa que havia tirado antes de deitar. Ele se move devagar, ainda assimilando o que aconteceu. — Me esqueci, acabei perdendo a hora — responde com a voz tranquila, algo incomum para quem costuma estar sempre no controle.— Aconteceu alguma coisa? — Rodrigo pergunta, visivelmente preocupado com
Ao chegar em casa, exausta após um longo dia de trabalho. Tudo o que Marina deseja é um momento de paz, onde possa desligar a mente e descansar o corpo. Ela se apressa em tomar um banho relaxante, permitindo que a água quente lave o cansaço acumulado. Quando está prestes a vestir seu pijama confortável, um pensamento invade sua mente, deixando-a tensa. Lembra-se da promessa que havia feito a Sávio: eles se veriam naquela noite. — Droga — murmura para si mesma, sentindo um peso no peito. Sentando-se na beirada da cama, sente a consciência pesar pelo compromisso que havia assumido. Sua mente estava longe, repleta de lembranças e confusões que ela mesma ainda não entendia completamente. A tarde que passou com Victor, repleta de emoções intensas e momentos inesperados, a deixa profundamente desconcertada. Ela não consegue afastar as imagens que se formam em sua mente, dos toques, dos olhares, do jeito como ele a tratou. Sem querer, Marina começa a comparar as atitudes de Victor com as d
O olhar tenso de Sávio denuncia sua inquietação. Ele não está disposto a deixar o assunto morrer até descobrir quem está interferindo em seu relacionamento.— Fala logo, Mari! — exige, com a voz mais alta do que pretendia. — Quem está tentando destruir a nossa paz?Marina o encara com o coração acelerado pelo estresse do momento. Quer o acalmar, mas sabe que qualquer palavra errada pode inflamar ainda mais a situação.— Fala baixo, Sávio — pede, quase em um sussurro. — Meus pais podem ouvir.— Então diz logo! — insiste ele, impaciente, os olhos fixos nos dela procuram por respostas claras e diretas.Marina suspira, tentando encontrar as palavras certas. Não quer contar que foi Victor que disse aquilo, mas também não queria que aquele clima ficasse entre os dois.— Olha, eu acredito em você, já disse isso. Possivelmente foi um mal-entendido. Quem me falou sobre isso provavelmente se confundiu — diz, tentando convencer não só a ele, mas também a si mesma. — Eu mesma vou esclarecer tudo,
Em casa, Victor se senta à mesa para o jantar com a família. Todos estão presentes, exceto Xavier.Rodrigo observa o irmão com um olhar cheio de questionamentos, notando que Victor parece um pouco mais relaxado, mas opta por não dizer nada. Em vez disso, se volta para a mãe que come em silêncio.— Onde está o papai? — pergunta curioso.Joana decide responder rapidamente, como se fosse a resposta mais natural do mundo:— Ele disse que teria uma reunião com alguns investidores esta noite, então chegará tarde.Victor lança um olhar estreito para a mãe. Sabe que ela está mentindo e não entende como ela consegue agir com tanta naturalidade, como se a verdade não importasse, mas decide deixar esse pensamento de lado. O alívio de saber que a amante de seu pai não era Marina torna aquele problema menor, quase insignificante.— Xavier trabalha muito — comenta Valentina, tentando suavizar o clima.— Sim, ele não pensa em se aposentar tão cedo — responde Joana, assumindo uma postura mais leve. —
Sem paciência, Victor sai do quarto, sentindo a necessidade de procurar um lugar onde pudesse, ao menos, tentar respirar fundo. Ele caminha em direção ao jardim da casa, onde a brisa fresca da noite acaricia seu rosto e o céu estrelado se abre acima dele, oferecendo uma tranquilidade que contrasta violentamente com o redemoinho em sua mente.Ele se senta em um banco, enquanto seus olhos vagam pelas estrelas, mas seus pensamentos permanecem presos em Marina. A imagem dela continua a dançar em sua mente, misturada à frustração que cresce a cada segundo. “O que ela está fazendo agora?”, se pergunta, incapaz de afastar as inquietações. Ele não sabe por que Marina o perturba tanto, mas há uma certeza incômoda que o consome: ele não quer que ela continue com o namorado.Fechando os olhos, tenta afastar os pensamentos, forçando-se a concentrar em qualquer outra coisa. A noite já avança e todos em casa estão dormindo. Justo quando sente seu corpo começar a relaxar, ele ouve o som suave do moto
Na padaria pela manhã, Marina toma o seu café costumeiro, tentando aproveitar um momento de tranquilidade antes de enfrentar mais um dia de trabalho. De repente, Sávio chega e a cumprimenta com um beijo carinhoso.— Bom dia, amor — diz ele, com o tom apaixonado.— Bom dia — responde Marina, esboçando um sorriso discreto.Sávio se senta ao lado dela e a observa.— Vim te buscar para te levar ao trabalho — anuncia, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.Ela o encara em silêncio por alguns segundos. Por dentro, sente uma mistura de gratidão e desconforto.— Não precisa fazer isso — responde calmamente.Atento às expressões dela, sorri levemente, mas suas próximas palavras, ainda que ditas em tom suave, carregam um peso implícito.— Claro que preciso, senão corro o risco daquele seu chefe idiota aparecer por aqui.Mesmo percebendo o veneno escondido na fala do namorado, Marina decide ignorar para evitar uma discussão. Antes que ela possa dizer alguma coisa, Daniela se aproxima com um
Marina entra no elevador com passos apressados, mas assim que as portas se fecham, o nervosismo que vinha segurando se transforma em um aperto esmagador. O silêncio do elevador intensifica os pensamentos confusos que começam a circular em sua mente, tornando a sensação de desconforto ainda mais intensa. Ela tenta respirar fundo, mas a imagem de Katrina e Victor tão próximos não sai de sua cabeça.Quando chega ao seu andar, ela caminha pelos corredores com a cabeça baixa, evitando o olhar de qualquer pessoa que cruzasse seu caminho, desesperada para chegar à sua sala. Ao entrar, fecha a porta atrás de si e, com um suspiro pesado, se senta à mesa.Pressionando os dedos contra as têmporas, tenta acalmar a mente e entender o que está sentindo. Uma mistura de raiva, tristeza e frustração a domina, mas o que mais a assusta é o ciúme que não consegue ignorar. Por que se sentiu assim ao ver Victor e Katrina juntos?“Vocês não têm nada, Marina, além disso, é do Sávio que você gosta”, lembra a