Nesse momento, quero aqui deixar a minha gratidão a quem chegou até aqui, que acompanhou mais um dos meus trabalhos. Essa foi a história mais longa que já escrevi na vida e confesso a vocês que, mesmo se eu tentasse resumi-la, não conseguiria. Amanhã postarei os dois últimos capítulos, mas desde já agradeço mais uma vez. Espero contar com vocês nas próximas histórias que ainda virão e, para quem não conhece o meu trabalho, convido-os a ir até o meu perfil no aplicativo para dar uma olhadinha nas outras histórias…
Já é noite quando o avião de Victor finalmente pousa. Ele havia enviado uma mensagem para a esposa, explicando que iria se atrasar um pouco e prometeu contar os motivos assim que chegasse em casa. A resposta dela, como sempre, foi simples e acolhedora: “Tudo bem, vou preparar o jantar para quando você chegar.”A atitude compreensiva dela tocou-o profundamente. Ela era única, diferente de qualquer outra pessoa que ele já conheceu. Sua paciência, empatia e capacidade de criar um lar caloroso o fazia amá-la ainda mais. Em um mundo cheio de incertezas, Marina era a certeza que ele sempre quis. Ele sabia que havia escolhido a mulher certa para construir uma família, e, mesmo depois de todos os anos, sentia-se imensamente grato por tê-la ao seu lado.Quando o carro estaciona na garagem, Victor desce dele. Antes de entrar em casa, percebe Amelie no jardim dos fundos, sentada na borda da piscina, brincando com os dedos na água.Ele se aproxima devagar, tira os sapatos e dobra a barra da calça
— O que houve? — Amelie pergunta preocupada, vendo as expressões sérias nos rostos dos pais.Assim, Victor conta toda a verdade para a filha. Amelie escuta tudo, e faz perguntas também, sobre tudo que sempre teve dúvida. Quando terminam de falar, ela está com os olhos marejados.— Obrigada por não esconderem nada de mim — diz ela, com a voz embargada.Se despedindo dos pais, ela vai para o quarto. Naquela noite, Amelie não conseguiu dormir. Já não bastava a expectativa da viagem que faria para os Estados Unidos, agora sabia toda a verdade sobre a vida de seus pais e seus avós.No outro dia, num impulso, manda uma mensagem para Daniel. Não demora muito, o rapaz responde.“Posso te ligar?”Então, eles conversam por longas horas. Amelie conta a verdade, diz que nunca foram parentes e que não fizeram nada errado.[…]Faltava um dia para os filhos irem para os EUA estudar, então Marina e Victor decidiram passar o sábado com os filhos.— Querem jantar em algum lugar especial hoje à noite? —
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina
“Era só o que me faltava”, pensa Marina, encolhendo-se na cadeira, torcendo para que aquele homem não a notasse ali.— Tudo bem, vou assinar, mas preciso revisar primeiro — responde Rodrigo, pegando o papel das mãos do homem.— Que droga, Rodrigo! Ainda não arranjou uma assistente para fazer isso por você? — questiona o homem, impaciente.— Tem razão — Rodrigo responde, sorridente. — Já arranjei. Na verdade, estou conversando com ela agora mesmo — diz, indicando Marina na cadeira.“Ai meu Deus, eu estou ferrada” pensa Marina, sentindo os olhos negros do homem queimarem sua pele.— Esta é Marina Ferreira, minha nova assistente. Ela acabou de chegar.Ao ver a jovem de cabelos loiros e olhos azuis encolhida na cadeira, Victor sorri com ironia.— Ora, se esse mundo não é pequeno — zomba, ao notar o visível desconforto de Marina com sua presença.— Marina, este é Victor Ferraz, meu irmão e sócio — Rodrigo anuncia.“Sócio?”, Marina pensa, indignada com a revelação. Não pode acreditar que tr
Vendo que Victor está diante dela com o olhar furioso, ela tenta explicar.— Eu disse: é o senhor que manda — declara, torcendo para que ele acredite nisso.— É bom mesmo entender isso — responde, saindo dali e indo para o seu escritório.Victor Ferraz se acomoda em sua imponente cadeira de couro, atrás da mesa meticulosamente organizada de seu escritório. No entanto, seu olhar está distante, fixo na enorme janela de vidro que revela a vista panorâmica da cidade. O ambiente ao seu redor é luxuoso e silencioso, mas sua mente permanece inquieta. Ele se recosta levemente, cruzando os braços sobre o peito, enquanto sua mandíbula tensa e seu semblante fechado revelam traços sutis de sua irritação com os acontecimentos recentes.Marina. Ele não consegue tirar a moça de cabelos loiros de sua cabeça. Em toda sua rotina bem controlada, ninguém jamais havia ousado falar com ele daquela maneira, ainda mais no primeiro dia de trabalho. Victor é um homem acostumado ao controle absoluto, à obediên
Quando chega em casa, Marina se joga na cama e começa a repassar mentalmente tudo o que aconteceu em seu primeiro dia de trabalho. Embora sentisse que poderia se dar muito bem naquele ambiente, o receio de cruzar novamente com Victor a inquietava. Sabia que, mesmo não trabalhando diretamente com ele, suas interações seriam inevitáveis. Ela se lembra que Katrina lhe disse mais algumas coisas sobre Victor antes de terminar o expediente.“Ele tem um jeito de te manipular sem que você perceba. Ele testa seus limites, se faz de superior e, quando vê uma brecha, te envolve. Se você não tomar cuidado, acabará jogando o jogo dele… e, acredite, ninguém ganha esse jogo. Ele é experiente demais.”Um som suave de batidas na porta a tira de seus pensamentos. Rapidamente, Marina se levanta e vai até a porta, onde se depara com sua mãe.— Boa noite, meu amor. Como foi seu primeiro dia de trabalho? — pergunta Daniela, com um sorriso cansado, mas carinhoso.— Foi bom. Possivelmente logo me acostumo co
Ver Victor tão à vontade, sentado bem à sua frente, faz o sangue de Marina ferver. Ela revira os olhos mais uma vez ao ouvir o apelido que ele teima em usar.— O que está fazendo aqui? — questiona, sem se dar ao trabalho de uma saudação.Ele esboça um sorriso ao perceber o quanto ela está incomodada com sua presença.— Isto aqui é uma padaria, não é? — ironiza, com o sorriso ainda no rosto. — Vim tomar meu café.— Moro aqui há 22 anos e nunca o vi entrar nesta padaria — retruca, com desdém.— Então, você tem 22 anos? — pergunta ele, fingindo interesse.— Você não disse que isto era uma espelunca? Por que voltou? — ignora a pergunta, mantendo o tom afiado.— Vim pedir desculpas aos seus pais — admite, agora mais sério.— E a mim? Vai pedir desculpas também? — desafia Marina, erguendo o queixo em sua direção.— Para você, não — responde prontamente, como se já tivesse pensado na resposta. — Como disse ontem, seus pais foram muito cordiais. A única pessoa grosseira que encontrei aqui foi