O que será que o Victor está aprontando?
Quando Rodrigo se despede do irmão, continua relutante. Ele sabe que Victor tem algo em mente, mas talvez, só talvez, isso mantenha Marina empregada por um pouco mais de tempo. Pegando o elevador que o leva para o seu andar, já a encontra em sua mesa, antes mesmo do seu horário, trabalhando com o mesmo afinco do primeiro dia.— Boa tarde, Marina — cumprimenta, com uma expressão séria.— Boa tarde, senhor — responde ela, com um sorriso no rosto, mas um certo nervosismo se esconde atrás de seus olhos.— Podemos conversar por um momento? — pergunta Rodrigo, caminhando em direção à porta de seu escritório, sugerindo que ela o acompanhe.Hesitante, Marina faz o que ele propõe, mas a expressão séria dele revela que o que está por vir não é nada bom. Ao entrar na sala, ela se senta na cadeira em frente à grande mesa de seu chefe. Rodrigo a observa por um momento e um silêncio tenso se instala, ele parece estar lutando com as palavras, como se quisesse encontrar a melhor maneira de iniciar aq
Após conversar mais um pouco com Rodrigo, Marina sai da sala com o olhar apavorado. Ela caminha até a sua mesa e o peso das palavras que ouviu ainda ecoam em sua mente. Seus passos são lentos, e o coração bate acelerado.Começa a organizar suas coisas, sabendo que deve seguir em destino ao “andar do diabo”, como já começava a pensar. Katrina ainda não havia chegado, e Marina sente um peso na consciência ao pensar que, logo no primeiro dia em que tiveram uma conversa amigável, já estariam se separando. Era frustrante imaginar que uma conexão tão recente e promissora fosse interrompida tão abruptamente.Ela respira fundo, tentando se concentrar. Coloca seus pertences em uma caixa, incluindo o buquê de flores que Sávio havia mandado como pedido de desculpas, e se dirige ao elevador. Cada segundo no elevador parece uma eternidade. Ao apertar o botão do andar onde Victor Ferraz governa, o ar ao seu redor parece se tornar mais pesado, quase opressor. Quando as portas se abrem, ela sente um
Ao perceber o jogo de Victor, Marina se levanta e tenta se recompor, disfarçando o nervosismo que cresce dentro dela. Mesmo que não queira, tudo que ele faz e fala a afeta de uma maneira desconcertante.— Tudo bem, senhor Ferraz, se é só isso que quer de mim, eu aceito — responde com a voz firme, mas com o coração acelerado.Victor sorri, satisfeito com a resposta. Era essa a atitude que esperava dela. Caminhando até sua mesa, abre uma das gavetas, de onde retira um envelope.— Gostei do seu comprometimento… — diz, caminhando de volta em direção a ela, estendendo o envelope. — Tome, isso aqui é uma pequena amostra do que pode ter se for mais dedicada e complacente.Marina o observa, surpresa, enquanto pega o envelope com certo receio. O ar tenso ao redor deles parece carregar um estresse latente, e ela sente como se a qualquer momento ele pudesse pregar uma peça. Ao abrir o envelope, encontra um cheque no valor de dez mil reais.Seus olhos se expandem, revelando surpresa e incredulida
O silêncio que se instala entre ambos é tão forte que parece torturá-los. Eles estão tão próximos que podem sentir a respiração um do outro, como se o espaço que os dividia não existisse mais.Marina, confusa e incomodada com a proximidade, o encara com olhos confusos, sentindo que precisa quebrar aquele momento estranho.— O que quer dizer com isso, Victor? — pergunta, com a voz firme, embora por dentro se sinta vulnerável.Percebendo que está expondo uma fraqueza que ele mesmo não sabe ter, Victor fica perplexo. Como conseguia perder o controle diante de Marina? Isso o irrita profundamente. Engolindo em seco, rapidamente se recompõe, forçando a frieza de sempre em sua expressão.Ele a solta de repente, como se o contato o queimasse, e se afasta, mantendo a postura rígida.— Não quero dizer nada — responde com a voz firme, mas com uma nota de contrariedade.Ele se dirige à porta e a abre, como se a conversa estivesse encerrada.— Se as flores são tão importantes para você, pode levá-
Do interior do carro, Victor observa a cena que se desenrola diante de seus olhos e, sem que perceba, seus olhos se estreitam. Sua expressão permanece impenetrável, como uma máscara fria e inabalável, mas, por dentro, uma onda de incômodo o atinge com força. Ele não consegue explicar por que a visão de Marina nos braços de outro homem o afeta tanto, mas sente algo visceral. Suas mandíbulas travam e seus punhos se fecham com força, sem emitir som, mantendo a compostura externa enquanto assiste à assistente compartilhar um beijo longo e íntimo com o namorado.Marina, por sua vez, se afasta de Sávio depois do beijo. E, por um instante, seus olhos se voltam para o carro onde Victor permanece, imóvel. Quando seus olhares se encontram, uma eletricidade quase palpável passa entre os dois. Marina sente uma mistura amarga de vitória e culpa. Embora sinta um triunfo momentâneo, ao perceber que sua provocação surtiu algum efeito, não consegue escapar do peso da culpa que começa a se formar. Afin
Victor dirige pelas ruas, com o som do motor ecoando no silêncio de seus pensamentos. Tudo o que ele quer é afastar o estresse e o tumulto mental que parecem não lhe dar um segundo de paz desde que Marina entrou em sua vida. Desde o primeiro dia em que cruzaram caminhos, ele percebe que perdeu o controle completo da tranquilidade que antes reinava.Seus dias se tornaram tensos, cheios de questionamentos, e o pior de tudo: a semana que passaram juntos no Rio de Janeiro pareceu amplificar ainda mais sua confusão.Ao chegar em casa, estaciona o carro de qualquer jeito, refletindo sua frustração interna. Entrando pela porta principal, encontra seus pais sentados na sala, conversando em um tom baixo.— Boa noite — diz ele, tentando soar casual, enquanto luta para manter a mente longe da imagem de Marina.— Boa noite, filho — responde Xavier, com um sorriso leve. Ele está satisfeito por resolver o pequeno atrito que tiveram no jantar anterior, embora ainda sinta certo distanciamento da part
Marina sai de sua casa segurando a caixa dos sapatos que Victor havia lhe presenteado durante a viagem ao Rio. Seus passos lentos e a cabeça baixa mostram claramente o quanto está desconcertada com o que está prestes a fazer.Quando se aproxima do carro, Victor a observa atentamente, desligando as chaves e se acomodando no banco, preparando-se para o que quer que estivesse por vir.— Me desculpa por te ligar assim, de repente — diz Marina, com a voz trêmula, ao se aproximar da janela do passageiro. Ela segura a caixa com firmeza, mas evita o olhar de Victor. — Eu só preciso te devolver isso — continua, estendendo a caixa em sua direção.Victor a observa por um segundo, confuso e impaciente. Seus olhos se estreitam levemente enquanto avalia seu gesto.— E por que está devolvendo? — pergunta, com a voz mais fria do que o normal, escondendo a preocupação que começa a se formar em sua mente.Marina inspira, antes de responder, sentindo o peso de suas próprias palavras.— Não posso ficar co
Ao sentir os lábios de Victor, Marina sente algo diferente em seu toque. As mãos dele, que em outros momentos haviam sido apressadas e dominadoras, agora se movem com uma ternura surpreendente. Cada movimento é delicado, respeitoso, como se ele estivesse redescobrindo cada parte dela. Ele desliza as mãos suavemente por seu corpo, sentindo o contorno de sua cintura com um carinho que a faz tremer de leve. Não há pressa, apenas um desejo profundo de prolongar aquele momento.Victor a envolve com seus braços, trazendo-a para mais perto de si, com uma delicadeza inesperada. Sua mão direita desliza até a caixa que Marina segurava, jogando-a com suavidade para o banco de trás do carro, liberando o espaço entre eles, sem cortar o contato de seus lábios.Victor quer senti-la por inteiro, sem qualquer barreira. O corpo de Marina se encaixa perfeitamente ao seu colo, como se fossem feitos para estarem juntos daquele jeito. A respiração de ambos está pesada, mas há uma calma no gesto de Victor, c