Um frio percorre à espinha ao ouvir a voz autoritária de Victor no telefone. É impossível não sentir o impacto que ele tem sobre ela.— Hoje é sábado, senhor Ferraz, e, além disso, são oito da noite — comenta, tentando soar firme, mas sua voz treme levemente.Ela se repreende mentalmente por permitir que a voz de Victor, mesmo que apenas pelo telefone, a faça sentir tão vulnerável. Seu corpo está respondendo contra sua vontade, com os pelos se arrepiando.— Não me importo com isso — responde ele, com a voz fria e autoritária, como sempre. — Estou chegando perto da sua casa. Saia agora mesmo! — ordena, ignorando completamente a tentativa de Marina de explicar a situação.Ela respira fundo, tentando reunir forças para manter o controle. O que ele pensa que está fazendo? A raiva começa a tomar conta, mas junto dela, a inquietação causada pela voz de Victor é inegável.— Não vou, tenho um compromisso importante agora — rebate, deixando que a voz saia mais firme do que esperava.— Cancele
Marina força um sorriso, tentando esconder o pânico crescente em seu peito.— Sim, está tudo bem — mente, com o coração batendo acelerado, enquanto evita os olhos de Sávio.— Você está linda, sabia? — ele continua, inclinando-se suavemente para beijá-la.O beijo de Sávio deveria acalmá-la, proporcionando-lhe um ambiente familiar e seguro que sempre imaginou que viria dele. No entanto, a realidade dura da situação a impede de aproveitar o momento.Enquanto os lábios de Sávio estão colados aos seus, ela sente as mãos dele envolvê-la com uma intensidade incomum. Sávio parece ansioso por alguma coisa, como se estivesse com grandes expectativas para aquela noite.Ela ama Sávio de uma forma calma e segura, mas as sombras de Victor pairam sobre tudo, trazendo consigo um peso esmagador, sufocante, que ameaça destruir o equilíbrio que tenta desesperadamente manter.No carro, os olhos negros de Victor ficam ameaçadores. Ele aperta o volante com as mãos, não gostando nada de ver aquela cena. O f
Marina força um sorriso e volta o olhar para Sávio, tentando disfarçar o nervosismo que pulsa em seu peito.— Você está mesmo disposto a me surpreender bastante hoje, não é? — pergunta ela, tentando manter o tom leve, mas sentindo o leve constrangimento que permeia o momento.Sávio, sem perceber o desconforto da namorada, responde com um sorriso confiante.— Já te disse que quero fazer desta noite algo inesquecível, Mari — diz ele, inclinando-se mais perto, com um brilho nos olhos. — Basta você dizer que sim.Seu corpo enrijece ao ouvir essas palavras. O peso das expectativas de Sávio começa a se formar sobre seus ombros, gerando uma leve pressão. Ela se pergunta se está realmente preparada para dar esse passo com ele naquela noite.“Estou disposta a fazer isso?” pensa. E se a resposta fosse sim, conseguiria viver o momento de forma leve e relaxada, sabendo que Victor está ali, à espreita, como uma sombra inescapável?— Me deixa aproveitar esse momento primeiro — responde. Sua voz é l
Ao se dar conta do que está acontecendo ali, Marina veste-se de toda a razão que consegue reunir. Com um ímpeto de raiva e nervosismo, empurra Victor para trás, afastando-o de uma só vez. Antes que ele tenha tempo de reagir, o som de um tapa ressoa pelo corredor, ecoando a intensidade de seus sentimentos.Victor fica imóvel, sem saber o que fazer, o rosto fica quente pelo impacto da mão dela. Ele não esperava por aquilo, não daquela maneira. Lentamente, leva a mão ao rosto, ainda ardendo pelo tapa, e seus olhos se encontram com os de Marina, que estão gélidos e cheios de fúria.— Quem você pensa que é para fazer isso? — Marina pergunta com um tom raivoso, seus olhos faíscam toda a raiva reprimida da noite. — Não entendeu que estou aqui com o meu namorado? — A ira em sua voz é inconfundível.Victor continua imóvel, com os pensamentos fervilhando em sua mente. Ele está claramente surpreso com a reação dela e sua incredulidade transparece em seu rosto. O silêncio pesa, enquanto ele tenta
Quando estaciona em frente à sua casa, Marina não consegue esconder a frustração. Nunca, em toda a sua vida, havia passado por tanta vergonha. Ao saírem do quarto do hotel, Sávio passou minutos discutindo com o gerente, insistindo por um reembolso e, como se não bastasse, explicou o motivo com detalhes desnecessários, como se ela não estivesse ali, ao seu lado, ouvindo tudo. A cada palavra de Sávio, o constrangimento dela aumentava. Além de se sentir humilhada, ainda teve que suportar os olhares de desdém do gerente e dos funcionários do hotel.O caminho de volta para casa foi percorrido em um silêncio opressivo. Enquanto ela lutava contra a vergonha que parecia crescer dentro de si, Sávio demonstrava estar claramente frustrado e não lhe dirigiu uma única palavra.Quando chega à porta de casa, tira os sapatos, segurando-os nas mãos para não fazer barulho e acordar os pais. Ela caminha pelo corredor com o coração e a mente inquieta, mas é interrompida pela voz suave de sua mãe.— Já ch
Começando mais uma semana de trabalho, Marina sente o peito apertar e a ansiedade aumentar, prevendo que a qualquer momento poderá ser confrontada por Victor.— Tem alguma coisa errada? — pergunta Katrina, notando a tensão visível na colega.— Não, está tudo bem — responde Marina, desviando o olhar, tentando parecer tranquila.Katrina para o que está fazendo e a observa por alguns segundos em silêncio, percebendo que a resposta foi evasiva. Antes que pudesse aprofundar a conversa, um entregador de flores surge na recepção.— A senhorita Marina Ferreira está? — pergunta o homem.— Sou eu — responde Marina, confusa.— Entrega para a senhorita.O entregador se aproxima, com um grande buquê nas mãos, e o entrega a ela.Ao pegar o buquê, sente imediatamente o perfume suave das flores invadindo o ambiente. Rosas-vermelhas vibrantes dominam o arranjo, cercadas por lírios-brancos e margaridas amarelas, dispostas harmoniosamente em meio a um delicado embrulho de papel crepom, amarrado com laços
— Amor, por favor, reconsidere o que acabou de me pedir — implora Rodrigo, visivelmente desconfortável com a situação.— Eu só estou te pedindo para fazer isso, será que é pedir demais? — responde Valentina, com a voz carregada de incredulidade ao perceber que o noivo irá interceder por sua assistente, o que a irrita mais ainda. — Ela não é uma pessoa insubstituível, pode arranjar outra assistente apenas estalando os dedos.Rodrigo sempre foi um homem compreensivo, disposto a fazer tudo pelo seu relacionamento com a mulher que ama. Ao longo dos três anos de namoro, nunca tiveram brigas por ciúmes; afinal, ele nunca deu motivo para que ela desconfiasse de alguma coisa. Mas agora, com aquele pedido, sente-se dividido, preso em um conflito moral que o consome.— Como vou mandá-la embora sem motivo algum? Valen, ela é uma funcionária competente e nunca me desrespeitou — tenta argumentar e sua voz demonstra o peso da decisão.— Então, não fará o que eu pedi? — Valentina o interrompe, ignora
Quando Rodrigo se despede do irmão, continua relutante. Ele sabe que Victor tem algo em mente, mas talvez, só talvez, isso mantenha Marina empregada por um pouco mais de tempo. Pegando o elevador que o leva para o seu andar, já a encontra em sua mesa, antes mesmo do seu horário, trabalhando com o mesmo afinco do primeiro dia.— Boa tarde, Marina — cumprimenta, com uma expressão séria.— Boa tarde, senhor — responde ela, com um sorriso no rosto, mas um certo nervosismo se esconde atrás de seus olhos.— Podemos conversar por um momento? — pergunta Rodrigo, caminhando em direção à porta de seu escritório, sugerindo que ela o acompanhe.Hesitante, Marina faz o que ele propõe, mas a expressão séria dele revela que o que está por vir não é nada bom. Ao entrar na sala, ela se senta na cadeira em frente à grande mesa de seu chefe. Rodrigo a observa por um momento e um silêncio tenso se instala, ele parece estar lutando com as palavras, como se quisesse encontrar a melhor maneira de iniciar aq