Ao ver que Andressa saiu, Daniela não perde tempo e caminha em direção ao quarto da filha. Ela se aproxima da porta.— Filha, podemos conversar por um minuto? — pede, com uma expressão neutra no rosto, mas os olhos atentos e curiosos.Marina assente, tentando não transparecer nervosismo, embora sinta seu coração acelerar levemente. Ela se pergunta se sua mãe ouviu alguma coisa ou se é apenas uma coincidência dela estar ali.Daniela entra no quarto e se senta na beirada da cama da filha, o olhar está fixo nela, esperando uma explicação que Marina teme precisar dar.— Sobre o que você e Andressa estavam conversando agora há pouco? — pergunta Daniela, com um tom de voz aparentemente casual, mas com um leve suspense no olhar.Marina sente um arrepio subir pela espinha, mas esforça para manter a voz calma.— Ah, mãe… só estávamos falando sobre a viagem, sabe? O Rio de Janeiro, os lugares que conheci…— E o presente — completa Daniela, com a voz agora mais firme, mas não agressiva. — Esse t
Um frio percorre à espinha ao ouvir a voz autoritária de Victor no telefone. É impossível não sentir o impacto que ele tem sobre ela.— Hoje é sábado, senhor Ferraz, e, além disso, são oito da noite — comenta, tentando soar firme, mas sua voz treme levemente.Ela se repreende mentalmente por permitir que a voz de Victor, mesmo que apenas pelo telefone, a faça sentir tão vulnerável. Seu corpo está respondendo contra sua vontade, com os pelos se arrepiando.— Não me importo com isso — responde ele, com a voz fria e autoritária, como sempre. — Estou chegando perto da sua casa. Saia agora mesmo! — ordena, ignorando completamente a tentativa de Marina de explicar a situação.Ela respira fundo, tentando reunir forças para manter o controle. O que ele pensa que está fazendo? A raiva começa a tomar conta, mas junto dela, a inquietação causada pela voz de Victor é inegável.— Não vou, tenho um compromisso importante agora — rebate, deixando que a voz saia mais firme do que esperava.— Cancele
Marina força um sorriso, tentando esconder o pânico crescente em seu peito.— Sim, está tudo bem — mente, com o coração batendo acelerado, enquanto evita os olhos de Sávio.— Você está linda, sabia? — ele continua, inclinando-se suavemente para beijá-la.O beijo de Sávio deveria acalmá-la, proporcionando-lhe um ambiente familiar e seguro que sempre imaginou que viria dele. No entanto, a realidade dura da situação a impede de aproveitar o momento.Enquanto os lábios de Sávio estão colados aos seus, ela sente as mãos dele envolvê-la com uma intensidade incomum. Sávio parece ansioso por alguma coisa, como se estivesse com grandes expectativas para aquela noite.Ela ama Sávio de uma forma calma e segura, mas as sombras de Victor pairam sobre tudo, trazendo consigo um peso esmagador, sufocante, que ameaça destruir o equilíbrio que tenta desesperadamente manter.No carro, os olhos negros de Victor ficam ameaçadores. Ele aperta o volante com as mãos, não gostando nada de ver aquela cena. O f
Marina força um sorriso e volta o olhar para Sávio, tentando disfarçar o nervosismo que pulsa em seu peito.— Você está mesmo disposto a me surpreender bastante hoje, não é? — pergunta ela, tentando manter o tom leve, mas sentindo o leve constrangimento que permeia o momento.Sávio, sem perceber o desconforto da namorada, responde com um sorriso confiante.— Já te disse que quero fazer desta noite algo inesquecível, Mari — diz ele, inclinando-se mais perto, com um brilho nos olhos. — Basta você dizer que sim.Seu corpo enrijece ao ouvir essas palavras. O peso das expectativas de Sávio começa a se formar sobre seus ombros, gerando uma leve pressão. Ela se pergunta se está realmente preparada para dar esse passo com ele naquela noite.“Estou disposta a fazer isso?” pensa. E se a resposta fosse sim, conseguiria viver o momento de forma leve e relaxada, sabendo que Victor está ali, à espreita, como uma sombra inescapável?— Me deixa aproveitar esse momento primeiro — responde. Sua voz é l
Ao se dar conta do que está acontecendo ali, Marina veste-se de toda a razão que consegue reunir. Com um ímpeto de raiva e nervosismo, empurra Victor para trás, afastando-o de uma só vez. Antes que ele tenha tempo de reagir, o som de um tapa ressoa pelo corredor, ecoando a intensidade de seus sentimentos.Victor fica imóvel, sem saber o que fazer, o rosto fica quente pelo impacto da mão dela. Ele não esperava por aquilo, não daquela maneira. Lentamente, leva a mão ao rosto, ainda ardendo pelo tapa, e seus olhos se encontram com os de Marina, que estão gélidos e cheios de fúria.— Quem você pensa que é para fazer isso? — Marina pergunta com um tom raivoso, seus olhos faíscam toda a raiva reprimida da noite. — Não entendeu que estou aqui com o meu namorado? — A ira em sua voz é inconfundível.Victor continua imóvel, com os pensamentos fervilhando em sua mente. Ele está claramente surpreso com a reação dela e sua incredulidade transparece em seu rosto. O silêncio pesa, enquanto ele tenta
Quando estaciona em frente à sua casa, Marina não consegue esconder a frustração. Nunca, em toda a sua vida, havia passado por tanta vergonha. Ao saírem do quarto do hotel, Sávio passou minutos discutindo com o gerente, insistindo por um reembolso e, como se não bastasse, explicou o motivo com detalhes desnecessários, como se ela não estivesse ali, ao seu lado, ouvindo tudo. A cada palavra de Sávio, o constrangimento dela aumentava. Além de se sentir humilhada, ainda teve que suportar os olhares de desdém do gerente e dos funcionários do hotel.O caminho de volta para casa foi percorrido em um silêncio opressivo. Enquanto ela lutava contra a vergonha que parecia crescer dentro de si, Sávio demonstrava estar claramente frustrado e não lhe dirigiu uma única palavra.Quando chega à porta de casa, tira os sapatos, segurando-os nas mãos para não fazer barulho e acordar os pais. Ela caminha pelo corredor com o coração e a mente inquieta, mas é interrompida pela voz suave de sua mãe.— Já ch
Começando mais uma semana de trabalho, Marina sente o peito apertar e a ansiedade aumentar, prevendo que a qualquer momento poderá ser confrontada por Victor.— Tem alguma coisa errada? — pergunta Katrina, notando a tensão visível na colega.— Não, está tudo bem — responde Marina, desviando o olhar, tentando parecer tranquila.Katrina para o que está fazendo e a observa por alguns segundos em silêncio, percebendo que a resposta foi evasiva. Antes que pudesse aprofundar a conversa, um entregador de flores surge na recepção.— A senhorita Marina Ferreira está? — pergunta o homem.— Sou eu — responde Marina, confusa.— Entrega para a senhorita.O entregador se aproxima, com um grande buquê nas mãos, e o entrega a ela.Ao pegar o buquê, sente imediatamente o perfume suave das flores invadindo o ambiente. Rosas-vermelhas vibrantes dominam o arranjo, cercadas por lírios-brancos e margaridas amarelas, dispostas harmoniosamente em meio a um delicado embrulho de papel crepom, amarrado com laços
— Amor, por favor, reconsidere o que acabou de me pedir — implora Rodrigo, visivelmente desconfortável com a situação.— Eu só estou te pedindo para fazer isso, será que é pedir demais? — responde Valentina, com a voz carregada de incredulidade ao perceber que o noivo irá interceder por sua assistente, o que a irrita mais ainda. — Ela não é uma pessoa insubstituível, pode arranjar outra assistente apenas estalando os dedos.Rodrigo sempre foi um homem compreensivo, disposto a fazer tudo pelo seu relacionamento com a mulher que ama. Ao longo dos três anos de namoro, nunca tiveram brigas por ciúmes; afinal, ele nunca deu motivo para que ela desconfiasse de alguma coisa. Mas agora, com aquele pedido, sente-se dividido, preso em um conflito moral que o consome.— Como vou mandá-la embora sem motivo algum? Valen, ela é uma funcionária competente e nunca me desrespeitou — tenta argumentar e sua voz demonstra o peso da decisão.— Então, não fará o que eu pedi? — Valentina o interrompe, ignora