Enquanto estão no quarto do noivo, organizando as malas para a viagem, o som da campainha ecoa pela casa, interrompendo a conversa tranquila entre eles.— Quem será? — Victor pergunta, franzindo a testa em surpresa enquanto olha para Marina.— Não faço ideia… Você está esperando alguém? — ela responde, largando um vestido que dobrava.— Bem… O Rodrigo mencionou que talvez viesse com a Valen mais tarde, mas pode ser que tenham decidido aparecer mais cedo.— Vou dar uma olhadinha — diz ela com um leve sorriso, saindo do quarto. Seus passos descem suavemente pelos degraus da escada, enquanto a curiosidade começa a se formar em sua mente.Ao abrir a porta, se depara com Joana, parada ali com sua postura altiva e um olhar enigmático que parece analisá-la dos pés à cabeça antes de dizer qualquer palavra. A elegância e frieza da mulher criam uma atmosfera pesada, que a deixa ligeiramente desconcertada.— Onde está o meu filho? — Joana pergunta, com a voz firme e direta, sem qualquer indício
Ao ver Joana Ferraz sair da casa do filho mais novo, o motorista abre prontamente a porta do carro para que ela entre.— Vá direto para casa — ordena, com o tom seco e decidido, enquanto tira o celular da bolsa com certa pressa, os dedos firmes discam um número que ela havia decorado como se fosse parte de si, já que não podia gravá-lo na memória de seu celular.Após alguns toques, a voz de Xavier Ferraz atende do outro lado da linha, num tom de expectativa.— Como foi, querida? Conseguiu convencê-lo? — pergunta, com a ansiedade claramente transparecendo em sua voz.Suspirando pesado, o olhar dela se fixa na paisagem que passava pela janela, enquanto o carro acelerava.— Ainda não sei ao certo, Xavier — responde, misturando um pouco de frustração e determinação. — Mas estou preparando o terreno. Você sabe que o Victor é muito desconfiado. Ele está tão cego por aquela garota que será mais difícil do que eu imaginava.— Isso não importa, no final, nada disso valerá a pena — afirma Xavier
O brilho das luzes de Nova York ofusca a visão de Marina assim que ela e Victor desembarcam do táxi em frente ao hotel. O local é deslumbrante, com uma fachada imponente decorada com milhares de luzes que piscam em tons dourados e prateados, anunciando que o Ano Novo está prestes a chegar. Marina segura a mão de Victor com firmeza, enquanto seus olhos percorrem o cenário à sua volta.— Não acredito que estou aqui — ela murmura, maravilhada.Victor sorri, orgulhoso da surpresa que preparou.— Isso é só o começo, loirinha. Quero que essa virada de ano seja inesquecível para nós dois.No hotel, o luxo é ainda mais evidente. Lustres de cristal iluminam o saguão, e uma grande árvore-de-natal ainda permanece decorada, com presentes fictícios debaixo dela. Marina observa cada detalhe com um sorriso no rosto, sentindo-se em um sonho. Victor faz o check-in rapidamente, e logo ambos são conduzidos até a cobertura.— Prepare-se — diz ele, abrindo a porta do quarto com um gesto teatral.Assim que
Um mês depois, lá estava Marina, em frente ao espelho, vestida de noiva. Seu vestido, uma obra-prima desenhada por um renomado estilista brasileiro, era feito de cetim branco impecável, com delicados bordados em pedrarias que desenhavam arabescos por todo o corpete justo. As mangas longas de tule translúcido eram adornadas com pequenos cristais, e a saia volumosa tinha um caimento fluido que parecia deslizar como uma nuvem ao redor de suas pernas.Seus cabelos loiros estavam meticulosamente penteados em um coque baixo e elegante, com algumas mechas soltas emoldurando delicadamente seu rosto. Um véu de tule leve, preso por uma tiara de pérolas discretas, completava o visual, dando a ela um ar de graça e sofisticação. Marina respirava fundo, sentindo o peso do momento, mas também a alegria de saber que estava prestes a dar um dos passos mais importantes de sua vida.— Como você está linda, Mari — diz Daniela, com a voz embargada, enquanto enxuga o rosto com um lenço branco.Desde que viu
Ao sair, a porta bate suavemente e Marina fica sozinha no quarto, sentindo o peso das palavras da sogra. Mas em vez de deixar aquilo afetá-la, ela respira fundo e encara seu reflexo no espelho. O sorriso volta aos seus lábios, firme e decidido. Nada e ninguém estragaria aquele dia.A porta do quarto se abre e sua mãe entra com uma expressão intrigada, claramente percebendo que algo aconteceu durante sua breve ausência. Ela olha para a filha, que continua diante do espelho, ajustando o véu com movimentos lentos e precisos.— Está tudo bem por aqui? — pergunta, tentando soar tranquila, mas não conseguindo esconder a preocupação.Mantendo o olhar fixo no próprio reflexo, Marina respira fundo antes de responder:— Sim, mãe.Estreitando os olhos, Daniela cruza os braços enquanto observa a postura da filha.— Tem certeza? Porque aquela mulher saiu daqui com o olhar assustador.Soltando uma leve risada irônica, Marina balança a cabeça.— Ela sempre foi assim, mãe. E, pelo que acabei de const
Assim que José estende a mão da filha para Victor, os dedos dele se encontram em um toque suave nos de Marina. O calor daquele contato parece transcender o momento, criando uma conexão ainda mais profunda entre os dois. É como se, naquele simples gesto, todas as promessas não ditas e os sonhos compartilhados fossem reafirmados silenciosamente.— Você está perfeita… mais do que perfeita — Victor sussurra, tão baixo que só ela pode ouvir.Marina sorri, com os olhos marejados, e responde no mesmo tom:— E você está mais lindo do que eu jamais imaginei.O celebrante dá início à cerimônia com palavras de emoção e significado, mas Marina, ainda que absorvida pelo momento, não consegue evitar que seus olhos se desloquem para Joana. Sentada no lugar reservado para a mãe do noivo, Joana mantém uma expressão que qualquer pessoa poderia interpretar como profundamente emocionada. Marina, no entanto, sabe a verdade por trás daquela fachada.A imagem daquela senhora, com os olhos levemente úmidos e
— Victor! — a voz de Marina se rompe em um grito desesperado, misturado ao choro que a sufoca ao ver o noivo caído no chão, envolto por uma poça de sangue. Seus joelhos cedem e ela cai ao lado dele, com as mãos trêmulas tenta alcançar o rosto dele, mas a realidade cruel daquele momento a atinge como um golpe.Ao ver o irmão caído no chão, Rodrigo corre desesperado em sua direção, seu rosto é tomado pelo pânico enquanto grita:— Chamem uma ambulância imediatamente! Victor? Victor? — Rodrigo o chama, com a voz trêmula de desespero, mas Victor não reage, seus olhos estão fechados e o sangue continua escorrendo lentamente pelo chão.Valentina, que também está em estado de choque, rapidamente pega o celular com as mãos trêmulas e liga para uma ambulância.— Precisamos de ajuda urgente! Um homem foi atingido… Estamos no endereço… — diz ela, tentando manter a calma, mas a emoção transparece em sua voz.Enquanto isso, um dos amigos de Victor, advogado e convidado do casamento, corre para o la
Enquanto o carro de Rodrigo dispara em alta velocidade atrás da ambulância, Joana fica parada, com os olhos cheios de lágrimas. Ela observa a cena se desenrolar como um pesadelo, incapaz de desviar o olhar. O fato de ver seu filho preferido ferido, sem saber o quão grave é seu estado, consome seu coração com angústia. Ainda assim, o que mais dói é perceber que Rodrigo partiu sem sequer chamá-la para ir junto.A exclusão não passa despercebida por ela. É como uma faca invisível que a atinge profundamente, cortando ainda mais a já frágil conexão com seus filhos. A mágoa se mistura com o desespero, criando uma tempestade de emoções.— Eles preferiram levar aquela vagabunda… — murmura para si mesma, enquanto as lágrimas escorrem livremente pelo seu rosto. — Era ela quem deveria estar dentro daquela ambulância, não o meu filho…Suas mãos tremem enquanto tentam pegar o celular, o desespero é evidente em cada movimento. Joana tenta entender o que havia dado errado. Por que o atirador, que de