Antes que Joana possa responder à acusação de Rodrigo, seu celular vibra em suas mãos, interrompendo o momento tenso. Ao ver o nome do responsável por suas finanças aparecer na tela, um frio percorre sua espinha. Era um horário estranho para receber uma ligação, e isso a deixa imediatamente em alerta.— Sim? — atende, tentando manter a voz firme, enquanto se afasta de Rodrigo para ter mais privacidade.Do outro lado da linha, a voz formal do homem ecoa:— Senhora Ferraz, peço desculpas por ligar em um horário tão inoportuno, mas achei necessário informá-la de que a quantia solicitada para transferência foi aprovada e já foi enviada.O coração de Joana para por um instante. Ela franze o cenho, confusa e inquieta.— Quantia? Que quantia? — pergunta, num tom ansioso.— Os 100 milhões de dólares, senhora — responde o homem, cauteloso. — A transferência que deveria ser enviada para uma conta no exterior. Tudo foi feito conforme a solicitação, com os documentos devidamente assinados.Joana
Enquanto caminha desorientado pelos corredores do hospital, com a mente fervilhando de pensamentos, Rodrigo avista Valentina ao longe. Ela está ao lado de Marina, gesticulando de forma enfática, como se tentasse convencê-la de algo. Marina, ainda vestida de noiva, parece hesitante, com o olhar perdido e os braços cruzados, como se estivesse tentando se proteger do caos ao seu redor.— Marina, você precisa descansar um pouco, ao menos beber água — Valentina insiste, segurando um copo na mão. — Não adianta ficar aqui sem se cuidar, você precisa estar forte para quando ele sair dessa.— Eu não consigo, Valentina — Marina responde, quase num sussurro. — Como posso pensar em mim enquanto o Victor está ali, lutando pela vida?Se aproximando lentamente, Rodrigo interrompe a conversa, sua expressão séria chama a atenção de ambas.— O que está acontecendo aqui? — pergunta, aproximando-se com o cenho franzido e um nervosismo evidente em sua voz.Valentina vira-se para ele, segurando uma sacola
Enquanto vê Marina com os olhos incrédulos, Rodrigo assente, com o olhar pesado.— Aparentemente, ela planejou tudo com o Xavier. Mas as coisas saíram do controle. Agora ela vai ter que enfrentar as consequências.Enquanto isso, Joana continua a protestar, seu orgulho ferido fica mais evidente do que nunca.— Vocês estão cometendo um engano! Sou inocente! — clama, com a voz ecoando pelo corredor.Marina observa a cena, seu coração fica dividido entre o alívio de saber que a justiça estava sendo feita e a tristeza de ver o que a ambição e o ódio tinham feito àquela família. Valentina aperta levemente sua mão, oferecendo um apoio silencioso.— Senhora Joana Ferraz, a senhora está sendo presa sob a acusação de ser a mandante da tentativa de assassinato contra Victor Ferraz — anuncia um dos policiais, com voz firme e autoritária. — A senhora tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que disser poderá e será usado contra a senhora em um tribunal.— Isso é um absurdo! — ela protesta,
As horas passam, arrastando-se como se o tempo estivesse conspirando contra eles. Cada segundo parece uma eternidade, e a incerteza se torna um peso insuportável. O silêncio no corredor é interrompido apenas pelo som ocasional de passos apressados ou de vozes murmuradas. Marina, Rodrigo e Valentina permanecem ali, em uma vigília tensa e silenciosa, aguardando qualquer sinal de mudança no estado de Victor.Finalmente, após o término da cirurgia e o controle da hemorragia, Victor é transferido para a UTI. A notícia traz um pequeno alívio, mas o fato de ele ainda estar em estado crítico mantém todos em alerta. Desesperada para ver o marido, Marina segue o médico responsável enquanto ele atualiza uma enfermeira sobre o caso.— Doutor, por favor… — diz ela, emocionada. — Preciso vê-lo. Ele é o meu marido… Não posso ficar sem saber como ele está.O médico a olha com compaixão, mas também com profissionalismo.— Senhora Ferraz, entendo a sua angústia, mas o momento agora é muito delicado. Vi
Na delegacia, o caos é evidente. A entrada de Joana Ferraz atrai uma multidão de jornalistas e curiosos. Repórteres cercam a viatura que a trouxe, enquanto câmeras e microfones se estendem em sua direção. O barulho é ensurdecedor, e as perguntas vêm de todos os lados:— Senhora Ferraz, a senhora planejou realmente tirar a vida de seu filho? — O que tem a dizer sobre as acusações? — É verdade que a senhora confessou no hospital que o alvo era a noiva?Joana mantém a cabeça erguida, mas o olhar é gélido. Ela não responde nada, apenas segue em direção à delegacia, escoltada pelos policiais. Entretanto, sua postura de altivez começa a desmoronar à medida que os flashes das câmeras iluminam seu rosto e o som das palavras “mãe assassina” ecoam ao seu redor.Enquanto isso, a notícia ganha proporções avassaladoras. Manchetes surgem em todos os portais de notícias e redes sociais:“Socialite encomenda assassinato do próprio filho no dia do casamento.” “Joana Ferraz: A mãe que quis ver o fil
Na delegacia, ele é recebido pelo delegado:— Senhor Ferraz, sei que este é um momento delicado, mas precisamos de sua colaboração. Sua mãe está negando envolvimento direto, mas temos provas contundentes que apontam o contrário.— Auxiliarei no que for preciso. Tudo o que quero é que o Victor sobreviva e que os responsáveis paguem pelo que fizeram.O delegado assente, admirando a determinação no olhar de Rodrigo, apesar do sofrimento evidente.— Sua mãe revelou que um voo programado para fora do país, usando o nome dela, na verdade, foi organizado por seu pai. Entramos em contato com a empresa responsável pelo voo e descobrimos que o avião já decolou com destino a Singapura. Estamos coordenando com as autoridades locais para interceptá-lo assim que pousar — informa o delegado, enquanto ajusta alguns papéis sobre a mesa, com um semblante grave.Fechando os olhos por um instante, Rodrigo tenta conter a raiva que pulsa em suas veias. Ele abre os olhos lentamente, encarando o delegado com
Enquanto programa uma transação milionária para sua conta no exterior, Xavier faz um movimento repetitivo de abre e fecha com as mãos, uma tentativa involuntária de aliviar a tensão que corria por seu corpo. A sala ao seu redor está mergulhada em um silêncio inquietante, interrompido apenas pelo som rítmico das teclas do computador. Ele sabia que aquele era o momento de agir, a oportunidade perfeita que aguardara para se livrar de Joana e de toda a farsa que havia se tornado sua vida.Desde a última conversa com a esposa, percebeu que Joana estava mais vulnerável do que nunca. Suas emoções, antes contidas e estrategicamente calculadas, estavam agora à flor da pele. Isso o fez enxergar uma brecha, um caminho para sair daquele casamento sufocante, mas não sem garantir que sairia por cima.Ele revisa os números na tela, confirmando cada detalhe da transação. Cem milhões de dólares seriam transferidos para uma conta estrangeira, estrategicamente localizada em Singapura. Uma parte do dinhe
Vinte e quatro horas depois, Xavier está a poucos minutos de aterrissar em Singapura, o local que escolheu meticulosamente para dar início à sua nova vida.— Finalmente… — murmura, ajustando o relógio no pulso.Durante aquelas horas no ar, ele revisou seus planos, conferiu a movimentação de suas novas contas no exterior e relembrou os passos que o levariam a uma vida de anonimato e luxo. Tudo parecia exatamente como ele havia planejado.“Singapura é perfeita”, pensa. “Ninguém me encontrará aqui, e com o dinheiro que consegui transferir, viverei muito bem.”Após o pouso, enquanto a tripulação se movimenta, preparando-se para desembarcar, Xavier sente o celular vibrar no bolso. A mensagem que chega é de um número desconhecido. Ele hesita por um momento antes de abrir.“Sr. Ferraz, bem-vindo a Singapura. Estamos monitorando o desembarque. Assinado, Polícia Internacional.”Seu coração dispara. A sensação de controle absoluto que ele tinha há poucos minutos é substituída por uma onda de pân