Na delegacia, ele é recebido pelo delegado:— Senhor Ferraz, sei que este é um momento delicado, mas precisamos de sua colaboração. Sua mãe está negando envolvimento direto, mas temos provas contundentes que apontam o contrário.— Auxiliarei no que for preciso. Tudo o que quero é que o Victor sobreviva e que os responsáveis paguem pelo que fizeram.O delegado assente, admirando a determinação no olhar de Rodrigo, apesar do sofrimento evidente.— Sua mãe revelou que um voo programado para fora do país, usando o nome dela, na verdade, foi organizado por seu pai. Entramos em contato com a empresa responsável pelo voo e descobrimos que o avião já decolou com destino a Singapura. Estamos coordenando com as autoridades locais para interceptá-lo assim que pousar — informa o delegado, enquanto ajusta alguns papéis sobre a mesa, com um semblante grave.Fechando os olhos por um instante, Rodrigo tenta conter a raiva que pulsa em suas veias. Ele abre os olhos lentamente, encarando o delegado com
Enquanto programa uma transação milionária para sua conta no exterior, Xavier faz um movimento repetitivo de abre e fecha com as mãos, uma tentativa involuntária de aliviar a tensão que corria por seu corpo. A sala ao seu redor está mergulhada em um silêncio inquietante, interrompido apenas pelo som rítmico das teclas do computador. Ele sabia que aquele era o momento de agir, a oportunidade perfeita que aguardara para se livrar de Joana e de toda a farsa que havia se tornado sua vida.Desde a última conversa com a esposa, percebeu que Joana estava mais vulnerável do que nunca. Suas emoções, antes contidas e estrategicamente calculadas, estavam agora à flor da pele. Isso o fez enxergar uma brecha, um caminho para sair daquele casamento sufocante, mas não sem garantir que sairia por cima.Ele revisa os números na tela, confirmando cada detalhe da transação. Cem milhões de dólares seriam transferidos para uma conta estrangeira, estrategicamente localizada em Singapura. Uma parte do dinhe
Vinte e quatro horas depois, Xavier está a poucos minutos de aterrissar em Singapura, o local que escolheu meticulosamente para dar início à sua nova vida.— Finalmente… — murmura, ajustando o relógio no pulso.Durante aquelas horas no ar, ele revisou seus planos, conferiu a movimentação de suas novas contas no exterior e relembrou os passos que o levariam a uma vida de anonimato e luxo. Tudo parecia exatamente como ele havia planejado.“Singapura é perfeita”, pensa. “Ninguém me encontrará aqui, e com o dinheiro que consegui transferir, viverei muito bem.”Após o pouso, enquanto a tripulação se movimenta, preparando-se para desembarcar, Xavier sente o celular vibrar no bolso. A mensagem que chega é de um número desconhecido. Ele hesita por um momento antes de abrir.“Sr. Ferraz, bem-vindo a Singapura. Estamos monitorando o desembarque. Assinado, Polícia Internacional.”Seu coração dispara. A sensação de controle absoluto que ele tinha há poucos minutos é substituída por uma onda de pân
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina
“Era só o que me faltava”, pensa Marina, encolhendo-se na cadeira, torcendo para que aquele homem não a notasse ali.— Tudo bem, vou assinar, mas preciso revisar primeiro — responde Rodrigo, pegando o papel das mãos do homem.— Que droga, Rodrigo! Ainda não arranjou uma assistente para fazer isso por você? — questiona o homem, impaciente.— Tem razão — Rodrigo responde, sorridente. — Já arranjei. Na verdade, estou conversando com ela agora mesmo — diz, indicando Marina na cadeira.“Ai meu Deus, eu estou ferrada” pensa Marina, sentindo os olhos negros do homem queimarem sua pele.— Esta é Marina Ferreira, minha nova assistente. Ela acabou de chegar.Ao ver a jovem de cabelos loiros e olhos azuis encolhida na cadeira, Victor sorri com ironia.— Ora, se esse mundo não é pequeno — zomba, ao notar o visível desconforto de Marina com sua presença.— Marina, este é Victor Ferraz, meu irmão e sócio — Rodrigo anuncia.“Sócio?”, Marina pensa, indignada com a revelação. Não pode acreditar que tr
Vendo que Victor está diante dela com o olhar furioso, ela tenta explicar.— Eu disse: é o senhor que manda — declara, torcendo para que ele acredite nisso.— É bom mesmo entender isso — responde, saindo dali e indo para o seu escritório.Victor Ferraz se acomoda em sua imponente cadeira de couro, atrás da mesa meticulosamente organizada de seu escritório. No entanto, seu olhar está distante, fixo na enorme janela de vidro que revela a vista panorâmica da cidade. O ambiente ao seu redor é luxuoso e silencioso, mas sua mente permanece inquieta. Ele se recosta levemente, cruzando os braços sobre o peito, enquanto sua mandíbula tensa e seu semblante fechado revelam traços sutis de sua irritação com os acontecimentos recentes.Marina. Ele não consegue tirar a moça de cabelos loiros de sua cabeça. Em toda sua rotina bem controlada, ninguém jamais havia ousado falar com ele daquela maneira, ainda mais no primeiro dia de trabalho. Victor é um homem acostumado ao controle absoluto, à obediên
Quando chega em casa, Marina se joga na cama e começa a repassar mentalmente tudo o que aconteceu em seu primeiro dia de trabalho. Embora sentisse que poderia se dar muito bem naquele ambiente, o receio de cruzar novamente com Victor a inquietava. Sabia que, mesmo não trabalhando diretamente com ele, suas interações seriam inevitáveis. Ela se lembra que Katrina lhe disse mais algumas coisas sobre Victor antes de terminar o expediente.“Ele tem um jeito de te manipular sem que você perceba. Ele testa seus limites, se faz de superior e, quando vê uma brecha, te envolve. Se você não tomar cuidado, acabará jogando o jogo dele… e, acredite, ninguém ganha esse jogo. Ele é experiente demais.”Um som suave de batidas na porta a tira de seus pensamentos. Rapidamente, Marina se levanta e vai até a porta, onde se depara com sua mãe.— Boa noite, meu amor. Como foi seu primeiro dia de trabalho? — pergunta Daniela, com um sorriso cansado, mas carinhoso.— Foi bom. Possivelmente logo me acostumo co