Enquanto o carro de Rodrigo dispara em alta velocidade atrás da ambulância, Joana fica parada, com os olhos cheios de lágrimas. Ela observa a cena se desenrolar como um pesadelo, incapaz de desviar o olhar. O fato de ver seu filho preferido ferido, sem saber o quão grave é seu estado, consome seu coração com angústia. Ainda assim, o que mais dói é perceber que Rodrigo partiu sem sequer chamá-la para ir junto.A exclusão não passa despercebida por ela. É como uma faca invisível que a atinge profundamente, cortando ainda mais a já frágil conexão com seus filhos. A mágoa se mistura com o desespero, criando uma tempestade de emoções.— Eles preferiram levar aquela vagabunda… — murmura para si mesma, enquanto as lágrimas escorrem livremente pelo seu rosto. — Era ela quem deveria estar dentro daquela ambulância, não o meu filho…Suas mãos tremem enquanto tentam pegar o celular, o desespero é evidente em cada movimento. Joana tenta entender o que havia dado errado. Por que o atirador, que de
Antes que Joana possa responder à acusação de Rodrigo, seu celular vibra em suas mãos, interrompendo o momento tenso. Ao ver o nome do responsável por suas finanças aparecer na tela, um frio percorre sua espinha. Era um horário estranho para receber uma ligação, e isso a deixa imediatamente em alerta.— Sim? — atende, tentando manter a voz firme, enquanto se afasta de Rodrigo para ter mais privacidade.Do outro lado da linha, a voz formal do homem ecoa:— Senhora Ferraz, peço desculpas por ligar em um horário tão inoportuno, mas achei necessário informá-la de que a quantia solicitada para transferência foi aprovada e já foi enviada.O coração de Joana para por um instante. Ela franze o cenho, confusa e inquieta.— Quantia? Que quantia? — pergunta, num tom ansioso.— Os 100 milhões de dólares, senhora — responde o homem, cauteloso. — A transferência que deveria ser enviada para uma conta no exterior. Tudo foi feito conforme a solicitação, com os documentos devidamente assinados.Joana
Enquanto caminha desorientado pelos corredores do hospital, com a mente fervilhando de pensamentos, Rodrigo avista Valentina ao longe. Ela está ao lado de Marina, gesticulando de forma enfática, como se tentasse convencê-la de algo. Marina, ainda vestida de noiva, parece hesitante, com o olhar perdido e os braços cruzados, como se estivesse tentando se proteger do caos ao seu redor.— Marina, você precisa descansar um pouco, ao menos beber água — Valentina insiste, segurando um copo na mão. — Não adianta ficar aqui sem se cuidar, você precisa estar forte para quando ele sair dessa.— Eu não consigo, Valentina — Marina responde, quase num sussurro. — Como posso pensar em mim enquanto o Victor está ali, lutando pela vida?Se aproximando lentamente, Rodrigo interrompe a conversa, sua expressão séria chama a atenção de ambas.— O que está acontecendo aqui? — pergunta, aproximando-se com o cenho franzido e um nervosismo evidente em sua voz.Valentina vira-se para ele, segurando uma sacola
Enquanto vê Marina com os olhos incrédulos, Rodrigo assente, com o olhar pesado.— Aparentemente, ela planejou tudo com o Xavier. Mas as coisas saíram do controle. Agora ela vai ter que enfrentar as consequências.Enquanto isso, Joana continua a protestar, seu orgulho ferido fica mais evidente do que nunca.— Vocês estão cometendo um engano! Sou inocente! — clama, com a voz ecoando pelo corredor.Marina observa a cena, seu coração fica dividido entre o alívio de saber que a justiça estava sendo feita e a tristeza de ver o que a ambição e o ódio tinham feito àquela família. Valentina aperta levemente sua mão, oferecendo um apoio silencioso.— Senhora Joana Ferraz, a senhora está sendo presa sob a acusação de ser a mandante da tentativa de assassinato contra Victor Ferraz — anuncia um dos policiais, com voz firme e autoritária. — A senhora tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que disser poderá e será usado contra a senhora em um tribunal.— Isso é um absurdo! — ela protesta,
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina
“Era só o que me faltava”, pensa Marina, encolhendo-se na cadeira, torcendo para que aquele homem não a notasse ali.— Tudo bem, vou assinar, mas preciso revisar primeiro — responde Rodrigo, pegando o papel das mãos do homem.— Que droga, Rodrigo! Ainda não arranjou uma assistente para fazer isso por você? — questiona o homem, impaciente.— Tem razão — Rodrigo responde, sorridente. — Já arranjei. Na verdade, estou conversando com ela agora mesmo — diz, indicando Marina na cadeira.“Ai meu Deus, eu estou ferrada” pensa Marina, sentindo os olhos negros do homem queimarem sua pele.— Esta é Marina Ferreira, minha nova assistente. Ela acabou de chegar.Ao ver a jovem de cabelos loiros e olhos azuis encolhida na cadeira, Victor sorri com ironia.— Ora, se esse mundo não é pequeno — zomba, ao notar o visível desconforto de Marina com sua presença.— Marina, este é Victor Ferraz, meu irmão e sócio — Rodrigo anuncia.“Sócio?”, Marina pensa, indignada com a revelação. Não pode acreditar que tr
Vendo que Victor está diante dela com o olhar furioso, ela tenta explicar.— Eu disse: é o senhor que manda — declara, torcendo para que ele acredite nisso.— É bom mesmo entender isso — responde, saindo dali e indo para o seu escritório.Victor Ferraz se acomoda em sua imponente cadeira de couro, atrás da mesa meticulosamente organizada de seu escritório. No entanto, seu olhar está distante, fixo na enorme janela de vidro que revela a vista panorâmica da cidade. O ambiente ao seu redor é luxuoso e silencioso, mas sua mente permanece inquieta. Ele se recosta levemente, cruzando os braços sobre o peito, enquanto sua mandíbula tensa e seu semblante fechado revelam traços sutis de sua irritação com os acontecimentos recentes.Marina. Ele não consegue tirar a moça de cabelos loiros de sua cabeça. Em toda sua rotina bem controlada, ninguém jamais havia ousado falar com ele daquela maneira, ainda mais no primeiro dia de trabalho. Victor é um homem acostumado ao controle absoluto, à obediên