— Um mês?A voz de Rodrigo ecoa pelo escritório, carregada de incredulidade, enquanto ele encara o irmão, que está parado à sua frente, com uma expressão de quem não entende a reação exagerada.— Não sei por que tanto alarde. Eu já havia dito que iria pedir a loirinha em casamento — comenta Victor, revirando os olhos diante da atitude do irmão, que parece desesperado.— Sei que você iria pedir, mas isso não significava que já planejariam se casar tão rápido! — explica Rodrigo, ainda tentando digerir a notícia. — Eu e a Valen estamos noivos há tanto tempo e nem pensamos em marcar a data do casamento. E vocês já estão prontos para subir ao altar assim, de uma hora para outra?Victor suspira, cruzando os braços.— O problema é que você e a Valen já vivem como marido e mulher há anos, por isso não têm pressa em oficializar nada. Comigo e a loirinha, é diferente. Quero fazer as coisas do jeito certo.Rodrigo levanta as sobrancelhas, intrigado.— Fazer as coisas do jeito certo? O que você q
Enquanto estão no quarto do noivo, organizando as malas para a viagem, o som da campainha ecoa pela casa, interrompendo a conversa tranquila entre eles.— Quem será? — Victor pergunta, franzindo a testa em surpresa enquanto olha para Marina.— Não faço ideia… Você está esperando alguém? — ela responde, largando um vestido que dobrava.— Bem… O Rodrigo mencionou que talvez viesse com a Valen mais tarde, mas pode ser que tenham decidido aparecer mais cedo.— Vou dar uma olhadinha — diz ela com um leve sorriso, saindo do quarto. Seus passos descem suavemente pelos degraus da escada, enquanto a curiosidade começa a se formar em sua mente.Ao abrir a porta, se depara com Joana, parada ali com sua postura altiva e um olhar enigmático que parece analisá-la dos pés à cabeça antes de dizer qualquer palavra. A elegância e frieza da mulher criam uma atmosfera pesada, que a deixa ligeiramente desconcertada.— Onde está o meu filho? — Joana pergunta, com a voz firme e direta, sem qualquer indício
Ao ver Joana Ferraz sair da casa do filho mais novo, o motorista abre prontamente a porta do carro para que ela entre.— Vá direto para casa — ordena, com o tom seco e decidido, enquanto tira o celular da bolsa com certa pressa, os dedos firmes discam um número que ela havia decorado como se fosse parte de si, já que não podia gravá-lo na memória de seu celular.Após alguns toques, a voz de Xavier Ferraz atende do outro lado da linha, num tom de expectativa.— Como foi, querida? Conseguiu convencê-lo? — pergunta, com a ansiedade claramente transparecendo em sua voz.Suspirando pesado, o olhar dela se fixa na paisagem que passava pela janela, enquanto o carro acelerava.— Ainda não sei ao certo, Xavier — responde, misturando um pouco de frustração e determinação. — Mas estou preparando o terreno. Você sabe que o Victor é muito desconfiado. Ele está tão cego por aquela garota que será mais difícil do que eu imaginava.— Isso não importa, no final, nada disso valerá a pena — afirma Xavie
O brilho das luzes de Nova York ofusca a visão de Marina assim que ela e Victor desembarcam do táxi em frente ao hotel. O local é deslumbrante, com uma fachada imponente decorada com milhares de luzes que piscam em tons dourados e prateados, anunciando que o Ano Novo está prestes a chegar. Marina segura a mão de Victor com firmeza, enquanto seus olhos percorrem o cenário à sua volta.— Não acredito que estou aqui — ela murmura, maravilhada.Victor sorri, orgulhoso da surpresa que preparou.— Isso é só o começo, loirinha. Quero que essa virada de ano seja inesquecível para nós dois.No hotel, o luxo é ainda mais evidente. Lustres de cristal iluminam o saguão, e uma grande árvore-de-natal ainda permanece decorada, com presentes fictícios debaixo dela. Marina observa cada detalhe com um sorriso no rosto, sentindo-se em um sonho. Victor faz o check-in rapidamente, e logo ambos são conduzidos até a cobertura.— Prepare-se — diz ele, abrindo a porta do quarto com um gesto teatral.Assim que
Um mês depois, lá estava Marina, em frente ao espelho, vestida de noiva. Seu vestido, uma obra-prima desenhada por um renomado estilista brasileiro, era feito de cetim branco impecável, com delicados bordados em pedrarias que desenhavam arabescos por todo o corpete justo. As mangas longas de tule translúcido eram adornadas com pequenos cristais, e a saia volumosa tinha um caimento fluido que parecia deslizar como uma nuvem ao redor de suas pernas.Seus cabelos loiros estavam meticulosamente penteados em um coque baixo e elegante, com algumas mechas soltas emoldurando delicadamente seu rosto. Um véu de tule leve, preso por uma tiara de pérolas discretas, completava o visual, dando a ela um ar de graça e sofisticação. Marina respirava fundo, sentindo o peso do momento, mas também a alegria de saber que estava prestes a dar um dos passos mais importantes de sua vida.— Como você está linda, Mari — diz Daniela, com a voz embargada, enquanto enxuga o rosto com um lenço branco.Desde que vi
Ao sair, a porta bate suavemente e Marina fica sozinha no quarto, sentindo o peso das palavras da sogra. Mas em vez de deixar aquilo afetá-la, ela respira fundo e encara seu reflexo no espelho. O sorriso volta aos seus lábios, firme e decidido. Nada e ninguém estragaria aquele dia.A porta do quarto se abre e sua mãe entra com uma expressão intrigada, claramente percebendo que algo aconteceu durante sua breve ausência. Ela olha para a filha, que continua diante do espelho, ajustando o véu com movimentos lentos e precisos.— Está tudo bem por aqui? — pergunta, tentando soar tranquila, mas não conseguindo esconder a preocupação.Mantendo o olhar fixo no próprio reflexo, Marina respira fundo antes de responder:— Sim, mãe.Estreitando os olhos, Daniela cruza os braços enquanto observa a postura da filha.— Tem certeza? Porque aquela mulher saiu daqui com o olhar assustador.Soltando uma leve risada irônica, Marina balança a cabeça.— Ela sempre foi assim, mãe. E, pelo que acabei de const
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina