Quando chega ao escritório onde Victor trabalha, Marina é recebida pela visão de Katrina logo na entrada. A ex-colega de trabalho, com sua postura altiva e olhar avaliador, não perde tempo em se aproximar, carregando consigo um ar de superioridade forçada.— Que surpresa ver você por aqui — diz Katrina, com um tom de voz que mal consegue esconder a falsidade. O sorriso em seus lábios parece mais uma máscara do que um gesto genuíno.Mantendo a postura firme, Marina recusa-se a ser intimidada. Sem delongas, responde com tranquilidade:— Vim visitar o meu namorado.A resposta atinge Katrina como um golpe inesperado. Por um instante, sua expressão vacila e o brilho de inveja em seus olhos é impossível de disfarçar. Ela tenta recompor-se rapidamente, forçando um sorriso, mas o desconforto é evidente.— Ah… claro. Que sorte a sua — responde Katrina, com um leve riso que transborda falsidade. — Achei que vocês não estavam mais juntos — comenta, lançando um olhar de soslaio para Marina, com u
— Não é isso que quero ignorar! — Victor responde com a voz elevada e irritada. Ele passa a mão pelos cabelos, claramente nervoso, antes de continuar. — Eu só não quero me meter na confusão que o meu pai arrumou e, pior, tentou colocar a Marina no meio disso.Rodrigo o observa com atenção e tenta conversar de um modo que não irrite o irmão.— Sei que isso te incomoda, mas você precisa entender que precisamos ficar atentos. Por um lado, esse Leonel tem razão — admite, olhando de relance para Marina, que permanece em silêncio. — O papai deve estar furioso com tudo o que está acontecendo. Você o desmascarou na frente da mamãe, depois bloqueou as contas dele. Ele deve estar se sentindo encurralado… e, pior, culpando todos nós por isso. Quando ele se sente pressionado, age sem pensar. Já vimos isso antes, Victor. E agora ele pode estar ainda mais imprevisível.— Enquanto a Marina estiver ao meu lado, nada de mal vai acontecer com ela — Victor declara, determinado, deixando claro que não est
Confusa com as palavras de Victor, Marina se levanta bruscamente, enquanto um sorriso amarelo surge em seus lábios.— Abandonar o caso? — pergunta, incrédula. — Por que está me pedindo para fazer isso?Victor, visivelmente desconfortável, massageia a barba rala, recém-feita, enquanto a encara, ainda sentado. Ele respira fundo antes de responder, tentando manter o tom calmo.— Porque não é um bom caso para você iniciar sua carreira — explica, evitando o olhar direto dela, como se soubesse que suas palavras não seriam bem recebidas.Marina estreita os olhos, cruzando os braços enquanto o encara de pé.— Não é um bom caso? — Indaga. — Que conversa é essa? — pergunta.Ele ergue o olhar, agora encontrando o dela, mas sua postura continua tensa.— Loirinha, eu só quero o melhor para você. E esse caso não é bom, apenas me escute. Eu sei do que estou falando — insiste, num tom sério e quase suplicante.Marina solta uma risada curta e amargurada, enquanto balança a cabeça, claramente frustrada
Inconformado com a atitude da namorada, Victor não permite que ela vá embora sem esclarecer as coisas. Ele sai do escritório apressado, alcançando-a no corredor. Quando Marina está prestes a apertar o botão do elevador, ele a segura pelo braço com firmeza, mas sem agressividade.— Espere, Marina. Para onde pensa que vai assim? — pergunta ele, determinado.Ela respira fundo, sem sequer olhar para ele, e responde em um tom controlado.— Eu já disse que tenho que visitar uma testemunha — revela, tentando se soltar do aperto dele.Victor a encara, frustrado pela frieza com que está sendo tratado.— Não estou falando sobre isso. Estou perguntando por que está saindo assim, tão nervosa comigo — insiste, mantendo a mão firme no braço dela.Marina suspira pesado, levantando finalmente o olhar para encontrar o dele. Seus olhos demonstram o quanto ela está magoada com tudo o que conversaram na sala dele.— Como espera que eu fique, Victor? — retruca, ofendida. — Após ouvir o quanto você desprez
Já são quase sete da noite, e Victor está em sua casa, sentado no sofá, com o celular na mão, seus olhos desviam-se para a tela a cada minuto. Ele espera, ansioso, por uma notificação de Marina. Uma ligação, uma mensagem, qualquer coisa que indique que ela quer falar com ele ou, pelo menos, que permita que ele a busque na casa dos pais para vir para a sua.Mas até aquele momento, nada.A ausência de contato o deixa inquieto. Ele tamborila os dedos no braço do sofá, suspira, levanta-se, caminha até a janela e volta a se sentar, tudo em uma tentativa inútil de dissipar o nervosismo que cresce a cada minuto de silêncio. Ele revisita mentalmente a última conversa deles, tentando encontrar o ponto exato onde as coisas começaram a desmoronar.“Será que fui longe demais? Será que deveria ter deixado para falar depois?”, pensa, passando a mão pela nuca, como se pudesse massagear os pensamentos inquietos para longe.Ele desbloqueia o celular mais uma vez, abre a conversa com Marina e lê as últ
Balançando a cabeça, claramente irritado com a situação, Victor responde:— Não sei. Eu só fui direto com ela, como sempre faço — admite, com um tom defensivo.A fala do irmão deixa Rodrigo preocupado. Ele sabia que Victor tinha muitas qualidades, mas ser cuidadoso ao medir as palavras definitivamente não era uma delas.— Me fala, Victor, como você começou a conversa? — questiona, cruzando os braços, já antecipando uma resposta problemática.— Eu simplesmente disse a ela para abandonar o caso, pois iria perder — declara, como se fosse algo natural.Rodrigo arregala os olhos, incrédulo.— Assim? Sem introdução? Sem preparar o terreno? — pergunta, espantado.Visivelmente incomodado, Victor rebate.— Eu disse que fui direto, você não entendeu? — retruca, irritado.Rodrigo solta uma risada breve, mas sem humor, balançando a cabeça em descrença.— Pelo amor de Deus, Victor, se você começou a conversa desse jeito mesmo, não tem como não ficar do lado da Marina. — Ele aponta para o irmão, en
Desde que chegou da casa de uma das testemunhas que a auxiliaria no caso de Dona Valquíria, Marina sente um vazio crescente no peito. Ela entra no quarto, liga o notebook e mergulha nos detalhes do caso, analisando cuidadosamente as informações e as declarações das testemunhas. No entanto, mesmo com o foco no trabalho, um sentimento de medo começa a dominar seus pensamentos.As palavras de Victor ecoam em sua mente, trazendo uma insegurança que ela não quis admitir na frente dele. Saber que Victor, com toda a sua experiência, nunca havia perdido um caso era uma pressão silenciosa que a fazia questionar suas próprias capacidades. “E se eu não conseguir defender Dona Valquíria corretamente?”, ela pensa, com o coração apertado. Apesar disso, decide seguir em frente. Ela sabe que precisa fazer o que é necessário, mesmo que o medo persista.Após horas diante da tela do computador, sente a cabeça pesada e decide fazer uma pausa para comer algo. Caminhando pela casa, ao passar pelo quarto da
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e