Inconformado com a atitude da namorada, Victor não permite que ela vá embora sem esclarecer as coisas. Ele sai do escritório apressado, alcançando-a no corredor. Quando Marina está prestes a apertar o botão do elevador, ele a segura pelo braço com firmeza, mas sem agressividade.— Espere, Marina. Para onde pensa que vai assim? — pergunta ele, determinado.Ela respira fundo, sem sequer olhar para ele, e responde em um tom controlado.— Eu já disse que tenho que visitar uma testemunha — revela, tentando se soltar do aperto dele.Victor a encara, frustrado pela frieza com que está sendo tratado.— Não estou falando sobre isso. Estou perguntando por que está saindo assim, tão nervosa comigo — insiste, mantendo a mão firme no braço dela.Marina suspira pesado, levantando finalmente o olhar para encontrar o dele. Seus olhos demonstram o quanto ela está magoada com tudo o que conversaram na sala dele.— Como espera que eu fique, Victor? — retruca, ofendida. — Após ouvir o quanto você desprez
Já são quase sete da noite, e Victor está em sua casa, sentado no sofá, com o celular na mão, seus olhos desviam-se para a tela a cada minuto. Ele espera, ansioso, por uma notificação de Marina. Uma ligação, uma mensagem, qualquer coisa que indique que ela quer falar com ele ou, pelo menos, que permita que ele a busque na casa dos pais para vir para a sua.Mas até aquele momento, nada.A ausência de contato o deixa inquieto. Ele tamborila os dedos no braço do sofá, suspira, levanta-se, caminha até a janela e volta a se sentar, tudo em uma tentativa inútil de dissipar o nervosismo que cresce a cada minuto de silêncio. Ele revisita mentalmente a última conversa deles, tentando encontrar o ponto exato onde as coisas começaram a desmoronar.“Será que fui longe demais? Será que deveria ter deixado para falar depois?”, pensa, passando a mão pela nuca, como se pudesse massagear os pensamentos inquietos para longe.Ele desbloqueia o celular mais uma vez, abre a conversa com Marina e lê as últ
Balançando a cabeça, claramente irritado com a situação, Victor responde:— Não sei. Eu só fui direto com ela, como sempre faço — admite, com um tom defensivo.A fala do irmão deixa Rodrigo preocupado. Ele sabia que Victor tinha muitas qualidades, mas ser cuidadoso ao medir as palavras definitivamente não era uma delas.— Me fala, Victor, como você começou a conversa? — questiona, cruzando os braços, já antecipando uma resposta problemática.— Eu simplesmente disse a ela para abandonar o caso, pois iria perder — declara, como se fosse algo natural.Rodrigo arregala os olhos, incrédulo.— Assim? Sem introdução? Sem preparar o terreno? — pergunta, espantado.Visivelmente incomodado, Victor rebate.— Eu disse que fui direto, você não entendeu? — retruca, irritado.Rodrigo solta uma risada breve, mas sem humor, balançando a cabeça em descrença.— Pelo amor de Deus, Victor, se você começou a conversa desse jeito mesmo, não tem como não ficar do lado da Marina. — Ele aponta para o irmão, en
Desde que chegou da casa de uma das testemunhas que a auxiliaria no caso de Dona Valquíria, Marina sente um vazio crescente no peito. Ela entra no quarto, liga o notebook e mergulha nos detalhes do caso, analisando cuidadosamente as informações e as declarações das testemunhas. No entanto, mesmo com o foco no trabalho, um sentimento de medo começa a dominar seus pensamentos.As palavras de Victor ecoam em sua mente, trazendo uma insegurança que ela não quis admitir na frente dele. Saber que Victor, com toda a sua experiência, nunca havia perdido um caso era uma pressão silenciosa que a fazia questionar suas próprias capacidades. “E se eu não conseguir defender Dona Valquíria corretamente?”, ela pensa, com o coração apertado. Apesar disso, decide seguir em frente. Ela sabe que precisa fazer o que é necessário, mesmo que o medo persista.Após horas diante da tela do computador, sente a cabeça pesada e decide fazer uma pausa para comer algo. Caminhando pela casa, ao passar pelo quarto da
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina
“Era só o que me faltava”, pensa Marina, encolhendo-se na cadeira, torcendo para que aquele homem não a notasse ali.— Tudo bem, vou assinar, mas preciso revisar primeiro — responde Rodrigo, pegando o papel das mãos do homem.— Que droga, Rodrigo! Ainda não arranjou uma assistente para fazer isso por você? — questiona o homem, impaciente.— Tem razão — Rodrigo responde, sorridente. — Já arranjei. Na verdade, estou conversando com ela agora mesmo — diz, indicando Marina na cadeira.“Ai meu Deus, eu estou ferrada” pensa Marina, sentindo os olhos negros do homem queimarem sua pele.— Esta é Marina Ferreira, minha nova assistente. Ela acabou de chegar.Ao ver a jovem de cabelos loiros e olhos azuis encolhida na cadeira, Victor sorri com ironia.— Ora, se esse mundo não é pequeno — zomba, ao notar o visível desconforto de Marina com sua presença.— Marina, este é Victor Ferraz, meu irmão e sócio — Rodrigo anuncia.“Sócio?”, Marina pensa, indignada com a revelação. Não pode acreditar que tr
Vendo que Victor está diante dela com o olhar furioso, ela tenta explicar.— Eu disse: é o senhor que manda — declara, torcendo para que ele acredite nisso.— É bom mesmo entender isso — responde, saindo dali e indo para o seu escritório.Victor Ferraz se acomoda em sua imponente cadeira de couro, atrás da mesa meticulosamente organizada de seu escritório. No entanto, seu olhar está distante, fixo na enorme janela de vidro que revela a vista panorâmica da cidade. O ambiente ao seu redor é luxuoso e silencioso, mas sua mente permanece inquieta. Ele se recosta levemente, cruzando os braços sobre o peito, enquanto sua mandíbula tensa e seu semblante fechado revelam traços sutis de sua irritação com os acontecimentos recentes.Marina. Ele não consegue tirar a moça de cabelos loiros de sua cabeça. Em toda sua rotina bem controlada, ninguém jamais havia ousado falar com ele daquela maneira, ainda mais no primeiro dia de trabalho. Victor é um homem acostumado ao controle absoluto, à obediên