Eu também já estava com saudades deles juntos!
Na noite de sexta-feira, Joana se senta sozinha à mesa de jantar, o silêncio da casa amplifica o da solidão que sente. Rodrigo e Valentina haviam saído desde a manhã para o novo apartamento, empolgados com os preparativos da mudança definitiva, e Xavier havia embarcado na madrugada para os Estados Unidos, deixando-a com a habitual sensação de vazio. Uma das funcionárias da casa, impecável como sempre, aproxima-se para servir-lhe o jantar sofisticado em uma bandeja de prata. — O Victor já chegou em casa? — pergunta Joana, num tom casual, enquanto morde um pedaço do seu bife mal passado. — Sim, senhora — a funcionária responde. — Chame-o para o jantar, diga que estou sozinha. A funcionária hesita por um momento, antes de apontar discretamente para o corredor. — Não precisarei chamá-lo, senhora — diz, direcionando o olhar para Victor, que surge no final do corredor, ajustando os punhos da camisa despreocupadamente. — Estava falando de mim? — pergunta ele, com um sorriso contido, enq
Ao notar a firmeza com que Marina declara suas palavras, Victor a puxa para um abraço mais apertado, como se quisesse fundir seus corpos em um só. Ele respira fundo, sentindo a confiança dela como algo quase sensível.— Não acredito que esteja começando a ficar ousada — brinca, afastando-se levemente, mas ainda com as mãos nos ombros dela. Marina cora as bochechas imediatamente enquanto o encara com um sorriso tímido.— Foi você quem disse que eu devia perder a vergonha, não foi? — ela provoca, com a voz suave, mas cheia de confiança.Victor ri baixo, surpreso e encantado com a resposta.— Sim, eu disse… — afirma, deslizando sua mão até a dela, entrelaçando seus dedos. — Está indo para a casa da sua avó? — pergunta, enquanto começam a caminhar de mãos dadas.Marina aperta levemente a mão dele, sem desviar o olhar.— Eu estava… — responde, hesitando por um momento antes de soltar um sorriso decidido. — Mas agora que você está aqui, quero ficar com você.Ele para por um instante, deixand
Enquanto observa Marina desaparecer no corredor em direção ao quarto, Daniela começa a andar de um lado para o outro na sala, claramente inquieta. Seus passos são rápidos, e as mãos mexem nervosamente na barra do vestido.— Você ouviu o que ela me disse, José? — pergunta, cheia de indignação. — Como pode falar comigo daquele jeito? Sou a mãe dela!José, que está sentado no sofá com uma expressão calma, porém séria, observa os movimentos da esposa antes de responder.— Sim, eu ouvi — diz, num tom tranquilo. — E, para ser honesto, não a culpo.Daniela para de repente, virando-se para encará-lo com incredulidade.— Como assim? Não a culpa? Ela jogou na minha cara que confia mais em um homem que mal conhece do que em mim!José suspira, levantando-se do sofá para ficar de frente para a esposa. Ele coloca as mãos nos bolsos, num gesto que sempre fazia quando tentava manter a paciência.— Daniela, a nossa filha tem razão — começa, num tom firme, mas sem agressividade.— Como pode dizer isso?
Enquanto o carro de aplicativo percorre as ruas iluminadas pela noite, Marina observa a cidade passar pela janela, mas sua mente está longe dali. Suas mãos repousam no colo, inquietas, enquanto seus dedos ficam entrelaçados num gesto que não consegue esconder o nervosismo que sente. Ela respira fundo algumas vezes, tentando acalmar o coração acelerado, não só por querer ver Victor, mas pela conversa que teve com os pais.“Será que fiz certo ao enfrentar minha mãe daquele jeito?” pensa, mordendo levemente o lábio inferior. Embora tenha saído de casa decidida, uma ponta de dúvida e culpa começa, ainda mais sabendo que os pais estão passando por um momento delicado com a avó. Ao mesmo tempo, a ideia de ver Victor novamente, de sentir o calor do abraço dele, faz um sorriso tímido surgir em seus lábios. Ela ajeita a bolsa no colo e olha para o celular, onde uma mensagem recente dele aparece na tela:“Parece que o relógio para quando sabe que irei te ver.”Ao reler a mensagem, suas mãos para
Já é manhã e o quarto está iluminado por uma luz suave que entra pelas cortinas parcialmente fechadas. Victor está acordado, mas permanece deitado, enquanto observa Marina dormir com a cabeça apoiada em seu peito. A respiração dela é tranquila e ritmada, como uma melodia que acalma qualquer tumulto interno. Seus cabelos estão espalhados pelo seu braço e o rosto sereno transmite uma paz que ele raramente encontra.Ele se lembra de ontem à noite e das palavras dela: Victor, eu te amo.A declaração o pegou completamente de surpresa, fazendo com que paralisasse no mesmo instante.Ao longo de sua vida, já havia conhecido muitas mulheres. Algumas eram atraentes e confiantes, outras mais tímidas, mas todas pareciam seguir um padrão previsível. Palavras como aquelas ditas por Marina já haviam sido usadas contra ele antes, geralmente como desculpas ou artifícios para garantir que ele permanecesse ao lado delas, mesmo sem um verdadeiro compromisso emocional. Contudo, dessa vez, foi algo diferent
A revelação pega Victor de surpresa, congelando-o por um momento enquanto absorve a informação. Ele ouve atentamente enquanto o detetive continua.— Tirei fotos de tudo, senhor, e já as enviei com outras evidências para o seu e-mail — informa Fausto, num tom profissional e meticuloso.— Obrigado pela informação, Fausto. Quero que descubra quem é esse homem e qual é a relação dele com Andressa. Não poupe esforços — ordena, frio e autoritário, mas deixando claro um misto de ansiedade.— Sim, senhor. Vou cuidar disso — responde o detetive, pronto para cumprir a tarefa.Após encerrar a ligação, Victor solta um suspiro profundo e desvia o olhar para o lado. Marina continua sentada ao seu lado, observando-o em silêncio. Sua expressão carrega um misto de curiosidade e preocupação, enquanto seus olhos fixam-se nos dele, como se tentassem decifrar o que havia acontecido naquela ligação misteriosa.— Algum problema? — ela pergunta, com voz suave, mas cheia de apreensão.Ele sorri, mas não um sor
Enquanto caminha em direção à padaria dos pais, localizada ao lado de sua casa, Marina ajusta sua camisa branca social. Por mais que sua aparência transmita confiança, ela não pode negar que, por dentro, está nervosa. E não é para menos, afinal, este dia marca o início de sua carreira. Apesar de ser filha de pais humildes, ela estudou com afinco para não seguir o mesmo caminho. Formou-se em Direito e agora está prestes a trabalhar em um dos escritórios mais renomados do país. Embora ainda não seja advogada, o cargo de assistente jurídica é um excelente começo para sua trajetória.— Bom dia, pai — cumprimenta Marina, ao avistar José, que está do outro lado do balcão, reabastecendo o estoque de pães.— Bom dia, Mari. Você está linda, minha querida — responde ele, admirando o modo como ela está vestida. — Sente-se, sua mãe já vai servir o seu café.— Tudo bem. Marina se senta em uma das mesas próximas à porta. Dali, ela pode observar a rua e os clientes que entram na padaria. O local e
Voltando para o interior da padaria, Marina confronta o pai.— Como pôde deixar aquele idiota sair daqui com um olhar vitorioso? — questiona, claramente frustrada.— Para evitar confusão — responde José, enquanto atende outro cliente. — Todos têm seus dias ruins, minha filha. Talvez esse tenha sido o dele.— Aquele homem não estava num dia ruim, ele “é” ruim, isso sim — retruca, com firmeza.Daniela, que está atendendo outro cliente, observa a indignação da filha e decide intervir.— Não estrague o seu dia devido a um homem que você nunca viu antes, filha. Termine seu café, ou perderá o ônibus.— Tudo bem, mãe — responde Marina, bufando de frustração.Após terminar o café, Marina se despede dos pais e sai da padaria, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto anda, não consegue deixar de pensar no idiota que apareceu mais cedo. Marina nunca gostou de pessoas que se acham superiores às outras, e aquele homem claramente era um exemplo perfeito disso.— Mari! — uma voz masculina