Ah, Daniela, depois dessa eu ficava era quieta…
Enquanto observa Marina desaparecer no corredor em direção ao quarto, Daniela começa a andar de um lado para o outro na sala, claramente inquieta. Seus passos são rápidos, e as mãos mexem nervosamente na barra do vestido.— Você ouviu o que ela me disse, José? — pergunta, cheia de indignação. — Como pode falar comigo daquele jeito? Sou a mãe dela!José, que está sentado no sofá com uma expressão calma, porém séria, observa os movimentos da esposa antes de responder.— Sim, eu ouvi — diz, num tom tranquilo. — E, para ser honesto, não a culpo.Daniela para de repente, virando-se para encará-lo com incredulidade.— Como assim? Não a culpa? Ela jogou na minha cara que confia mais em um homem que mal conhece do que em mim!José suspira, levantando-se do sofá para ficar de frente para a esposa. Ele coloca as mãos nos bolsos, num gesto que sempre fazia quando tentava manter a paciência.— Daniela, a nossa filha tem razão — começa, num tom firme, mas sem agressividade.— Como pode dizer isso?
Enquanto o carro de aplicativo percorre as ruas iluminadas pela noite, Marina observa a cidade passar pela janela, mas sua mente está longe dali. Suas mãos repousam no colo, inquietas, enquanto seus dedos ficam entrelaçados num gesto que não consegue esconder o nervosismo que sente. Ela respira fundo algumas vezes, tentando acalmar o coração acelerado, não só por querer ver Victor, mas pela conversa que teve com os pais.“Será que fiz certo ao enfrentar minha mãe daquele jeito?” pensa, mordendo levemente o lábio inferior. Embora tenha saído de casa decidida, uma ponta de dúvida e culpa começa, ainda mais sabendo que os pais estão passando por um momento delicado com a avó. Ao mesmo tempo, a ideia de ver Victor novamente, de sentir o calor do abraço dele, faz um sorriso tímido surgir em seus lábios. Ela ajeita a bolsa no colo e olha para o celular, onde uma mensagem recente dele aparece na tela:“Parece que o relógio para quando sabe que irei te ver.”Ao reler a mensagem, suas mãos para
Já é manhã e o quarto está iluminado por uma luz suave que entra pelas cortinas parcialmente fechadas. Victor está acordado, mas permanece deitado, enquanto observa Marina dormir com a cabeça apoiada em seu peito. A respiração dela é tranquila e ritmada, como uma melodia que acalma qualquer tumulto interno. Seus cabelos estão espalhados pelo seu braço e o rosto sereno transmite uma paz que ele raramente encontra.Ele se lembra de ontem à noite e das palavras dela: Victor, eu te amo.A declaração o pegou completamente de surpresa, fazendo com que paralisasse no mesmo instante.Ao longo de sua vida, já havia conhecido muitas mulheres. Algumas eram atraentes e confiantes, outras mais tímidas, mas todas pareciam seguir um padrão previsível. Palavras como aquelas ditas por Marina já haviam sido usadas contra ele antes, geralmente como desculpas ou artifícios para garantir que ele permanecesse ao lado delas, mesmo sem um verdadeiro compromisso emocional. Contudo, dessa vez, foi algo diferent
A revelação pega Victor de surpresa, congelando-o por um momento enquanto absorve a informação. Ele ouve atentamente enquanto o detetive continua.— Tirei fotos de tudo, senhor, e já as enviei com outras evidências para o seu e-mail — informa Fausto, num tom profissional e meticuloso.— Obrigado pela informação, Fausto. Quero que descubra quem é esse homem e qual é a relação dele com Andressa. Não poupe esforços — ordena, frio e autoritário, mas deixando claro um misto de ansiedade.— Sim, senhor. Vou cuidar disso — responde o detetive, pronto para cumprir a tarefa.Após encerrar a ligação, Victor solta um suspiro profundo e desvia o olhar para o lado. Marina continua sentada ao seu lado, observando-o em silêncio. Sua expressão carrega um misto de curiosidade e preocupação, enquanto seus olhos fixam-se nos dele, como se tentassem decifrar o que havia acontecido naquela ligação misteriosa.— Algum problema? — ela pergunta, com voz suave, mas cheia de apreensão.Ele sorri, mas não um sor
Em Nova York, Xavier sai do banho com uma toalha amarrada na cintura, enquanto Andressa organiza as roupas que ele deve usar. O quarto de hotel é luxuoso, com uma decoração moderna e minimalista, mas o ambiente parece carregado pelo nervosismo evidente entre os dois. — Não acredito que terei que comparecer naquela conferência — diz Xavier, num tom cansado, passando a mão pelos cabelos ainda úmidos. — Lembre-se de que é para manter as aparências — responde Andressa, num tom compreensivo, mas firme, enquanto escolhe uma gravata para combinar com o terno. — Sim, eu sei, mas não aguento mais essas coisas — comenta ele, sentando-se na beirada da cama, com os ombros curvados em um gesto de exaustão. Observando o estresse estampado no rosto do amante, Andressa decide se aproximar. Ela se senta em seu colo com naturalidade, envolvendo o pescoço dele com os braços. Seus olhos encontram os dele e, por alguns segundos, há um silêncio antes que ela fale. — Se não aguenta mais, por que não aca
No canto do quarto, em silêncio, Andressa observa Xavier enquanto ele ajusta a gravata diante do espelho, terminando de se arrumar para a conferência. Aquela saída era mais do que apenas uma obrigação profissional; era um esforço calculado para provar à sua família que ele estava completamente dedicado ao trabalho. Xavier percebe o silêncio dela. Terminando de vestir o blazer, ele se aproxima com um olhar mais suave, como se tentasse apaziguar o estresse evidente no ar. — Não fique assim — diz, com a voz calma, mas distante. — Você sabe que sempre serei realista com você. Ele se inclina para deixar um beijo breve em sua testa, num gesto que deveria ser reconfortante, mas que só reforça o abismo entre eles. Sem obter nenhuma resposta de Andressa, ele continua. — À noite, iremos jantar em um dos meus restaurantes preferidos — acrescenta, de forma casual. — Aproveite o dia para ir ao salão e se preparar. Com isso, ele pega sua pasta e sai do quarto sem olhar para trás, deixando-a sozi
Deitada no colo de Leonel, que repousa num sono profundo, Andressa permite que seu olhar percorra o pequeno quarto onde ele dorme. O espaço é modesto, com paredes pintadas de branco que exibem algumas marcas do tempo. Um armário simples de madeira ocupa um dos cantos, com uma pilha de livros desordenados no topo. A cama, embora pequena, é confortável, coberta por lençóis de algodão em tons neutros. Ao lado, uma mesinha improvisada serve de mesa de estudos, com uma luminária e um copo d'água.Após observar o ambiente, ela desvia os olhos para Leonel, que dorme serenamente. Seu rosto tranquilo está como se estivesse alheio a qualquer preocupação. A visão dele a envolve num sentimento raro de paz e harmonia, algo que não conhecia há alguns dias. Aquele momento preenche-a de tal maneira que tudo o que deseja é ficar ali para sempre, como se o tempo pudesse parar.Mas a realidade logo retorna, fria e cruel. Ao olhar para o relógio pendurado na parede, percebe que já passa das quatro da tar
Enquanto está no carro, a caminho do hotel, Andressa não consegue conter as lágrimas que escorrem silenciosamente por seu rosto. Cada balanço do veículo parece intensificar a dor que ela sente, como se a rejeição de Leonel fosse um peso insuportável pressionando seu peito. Tentando disfarçar sua vulnerabilidade, passa as mãos pelo rosto para secar as lágrimas, mas sua respiração entrecortada e o olhar perdido revelam o caos interior. O motorista do táxi a encara pelo retrovisor, mas não diz uma palavra sequer.Os pensamentos a consomem, e cada palavra que Leonel disse ecoa em sua mente como um lembrete cruel de que sua vida está instável. Andressa não sabe como consertar o que está quebrado, muito menos como lidar com as escolhas que a levaram até ali. “Por que estou sentindo isso?”, se pergunta, com os olhos fixos no horizonte turvo que passa pela janela. “Por que estou deixando os sentimentos me dominarem?”Ao chegar ao hotel, ela paga o motorista do táxi com mãos trêmulas e desce,