Ele só queria passar a vida sozinho, mas nunca imaginou que acabaria se casando com Clarice. Túlio olhou para ele e soltou um suspiro profundo. — Conheço Clarice há mais de dez anos, e ela já salvou minha vida uma vez. Sei exatamente que tipo de pessoa ela é. Durante esses três anos ao seu lado, mesmo enfrentando dificuldades, ela nunca reclamou nada comigo, nem disse uma única palavra ruim sobre você. Sterling franziu o cenho, confuso. Se Clarice nunca tinha se queixado para Túlio, como ele sabia o que acontecia entre eles? Ele duvidava que Túlio tivesse alguma espécie de dom sobrenatural para adivinhar as coisas. — Não pense que foi Clarice quem veio me contar. Há pessoas de minha confiança na Villa Serenidade. Eu sei de tudo o que acontece por lá. Uma vez, perguntei discretamente a Clarice se ela pensava em se divorciar de você. Ela não me respondeu diretamente, mas estava claro que o pensamento de separação já havia passado pela cabeça dela. — Túlio fez uma pausa, e sua exp
Sterling franziu o cenho e demonstrou irritação. — Vovô, o que o senhor quer dizer com isso? Como ele poderia querer se divorciar de Clarice? E quanto a casar com Teresa, isso era ainda mais impossível! Ele e Teresa não tinham esse tipo de relação. Túlio encarou o rosto dele com seriedade e disse: — Primeiro me responda. Ele havia conversado com Clarice da última vez, e ela mencionou que daria uma chance a Sterling. Mas, depois do que aconteceu hoje, Túlio não tinha certeza se Clarice já tinha tomado a decisão definitiva de se divorciar. — Eu nunca cogitei me divorciar de Clarice! — Sterling respondeu com firmeza. Ele jamais faria algo tão absurdo. Além disso, ele só sentia atração física por Clarice. Se eles se divorciassem, ele teria que se contentar com métodos solitários para satisfazer suas necessidades, e isso, com o tempo, certamente o deixaria com problemas na cabeça. De qualquer forma, ele não tinha a menor intenção de se separar dela. — Mas o que você e Teresa
Naquele momento, ela estava tão focada em fingir que estava desmaiada que nem percebeu como estava a saúde de Túlio. — Clarinha, não se preocupe com meu corpo. Eu estou bem, muito bem. Mas e você? Já foi ao hospital fazer um exame? Está tudo bem com a sua saúde? — Túlio perguntou com um tom calmo e suave, como se estivesse com medo de assustar Clarice do outro lado da linha. — Eu estou ótima, vovô. Não preciso ir ao hospital e gastar dinheiro à toa. — Respondeu Clarice com uma risada leve. — Estou guardando dinheiro para comprar coisas boas para o senhor! Túlio soltou uma gargalhada feliz. — Você é mesmo uma menina muito boa e dedicada! Clarice sempre foi assim: carinhosa, gentil e altruísta. Para Túlio, ela nunca falava sobre os problemas que enfrentava, apenas sobre as coisas boas. — Vovô, muito obrigada pelo jantar de aniversário que o senhor preparou para mim hoje. Apesar de o final não ter sido tão bom, eu preciso agradecer. Obrigada por cuidar tão bem de mim! Se não
Clarice fez seu desejo: que ela e Sterling se divorciassem o mais rápido possível e que os bebês em seu ventre viessem ao mundo com saúde, para que ela pudesse finalmente conhecê-los. Após fazer o pedido, ela soprou as velas de uma vez. Jaqueline tirou as velas do cupcake e as jogou no lixo. Em seguida, entregou uma colher para Clarice. — Já estava tarde e só consegui comprar esse cupcake. Vai ter que se contentar com ele. Clarice pegou a colher e, com um sorriso, tirou um pedaço do bolinho. Em vez de comer, ela estendeu a colher na direção de Jaqueline. — A primeira mordida é sua. Jaqueline tentou recusar, mas, ao olhar para os olhos esperançosos de Clarice, não conseguiu dizer não. Sem escolha, abriu a boca e comeu o pedaço de bolo. — Espere aí, vou preparar uma lasanha para você. Quando terminar o bolo, a lasanha já estará pronta! — Disse Jaqueline, saindo apressada em direção à cozinha. Clarice desviou o olhar de Jaqueline e voltou a encarar o pequeno cupcake à sua
— O que o médico disse? Ele falou algo específico sobre cuidados com os gêmeos? — Jaqueline colocou a taça de vinho sobre a mesa e se aproximou, pousando a mão gentilmente na barriga de Clarice. Sua voz saiu baixa, quase um sussurro. Ela ainda não conseguia acreditar que Clarice estava grávida de dois bebês. Só de imaginar como seria quando eles nascessem, Jaqueline já achava a ideia divertida. — O médico enfatizou bastante que eu não posso ter relações. — Clarice suspirou enquanto pensava que, vivendo na mesma casa que Sterling, ele provavelmente tentaria algo. Ela sabia que não conseguiria recusar. Sterling era muito mais forte que ela e, nesse aspecto, sempre foi extremamente insistente. A frequência com que ele a procurava só reforçava isso. — E se você voltar para casa, acha que Sterling vai conseguir se controlar? Se você recusar, que desculpa vai usar? — Jaqueline franziu a testa, preocupada. — Quer saber? Por que você não se muda para cá? Essa casa é grande, tem espaço de
Os olhos de Clarice se arregalaram de repente. — Tudo bem, estou indo agora mesmo! Ela sequer teve coragem de perguntar o que havia acontecido exatamente. Jaqueline percebeu a expressão dela e se aproximou, alarmada: — Clarinha, o que aconteceu? Clarice segurava o celular com força, suas mãos tremiam ligeiramente. Havia uma sensação ruim crescendo dentro dela, um pressentimento de que a situação de sua avó não tinha mais salvação. — Clarinha, fala comigo! Não me assusta assim! — Jaqueline segurou o rosto dela com delicadeza, mas sua voz saiu mais alta, carregada de preocupação. Clarice finalmente voltou a si. Seus olhos encontraram os de Jaqueline, e ela respondeu com dificuldade: — Minha avó foi para a sala de emergência. Eu preciso ir até o hospital! — Eu vou com você! — Jaqueline largou tudo, ignorando até o incômodo físico que sentia, e ajudou Clarice a sair de casa. Elas pegaram um táxi, e Clarice se apoiou em Jaqueline, sentindo como se todas as suas forças
— Volte para casa e espere notícias. Amanhã eu te ligo. — Disse Teresa, tentando conter a fúria que ardia em seu peito, falando em um tom pausado. — Sra. Teresa, pelo amor de Deus, me dê pelo menos alguma coisa! Se eu voltar sem dinheiro, vão me matar! — Implorou Dayane, que sabia muito bem que aquelas palavras de Teresa eram apenas uma desculpa para se livrar dela. Se tivesse que esperar até o dia seguinte, provavelmente não veria um centavo. Pior ainda, poderia acabar sendo assassinada por aqueles que estavam cobrando a dívida. Ela precisava levar qualquer quantia que fosse, naquele momento. — Eu não tenho dinheiro agora! — Teresa respondeu, decidida a não lhe dar nada. — Você não tem medo de que eu volte para casa e espalhe tudo? Imagine se as nossas transações caírem na internet. Como você vai lidar com isso? — Dayane ameaçou com a única arma que tinha. Não iria embora sem conseguir algum dinheiro. Por mais cruel e perigosa que Teresa fosse, ela sabia que os agiotas que c
Teresa olhou para Clarice com um sorriso sarcástico no rosto. — Sua avó está deitada naquele hospital há anos. Já passou da hora de morrer. Eu só dei uma ajudinha. Não precisa me agradecer! Ela nunca fez questão de esconder suas ações na frente de Clarice. Sabia que, mesmo que Clarice contasse tudo para Sterling, ele jamais acreditaria nela. Isso dava a Teresa toda a confiança para agir sem medo. Clarice ficou parada ao lado da cama, encarando Teresa de cima, com os olhos vermelhos de raiva e uma aura pesada, quase mortal. — Teresa, você é mesmo um ser humano? Como consegue dizer algo assim? Sua avó ainda estava na sala de emergência. O aviso de estado crítico já tinha sido assinado, e o médico havia pedido que ela se preparasse para o pior. Clarice tinha certeza de que a avó estava vivendo seus últimos momentos. Ela passou muito tempo do lado de fora da sala de emergência tentando entender como sua avó, que parecia um pouco melhor recentemente, de repente teve uma recaída