Assim que desci do carro, senti o cheiro fresco e terroso que só um lugar como esse poderia ter. Matteo segurou minha mão com firmeza enquanto eu dava o primeiro passo no caminho de pedras que levava até a casa. Não, “casa” era um eufemismo. Era como uma mansão digina cenário de filme, mas aconchegante.A villa era encantadora, com suas paredes de tijolos claros cobertas por trepadeiras que subiam como dedos verdes em direção ao céu. As janelas de madeira tinham molduras pintadas de branco, e as cortinas finas balançavam suavemente com a brisa. Ao redor da casa, árvores robustas espalhavam sombras acolhedoras, e vinhedos se estendiam pelo horizonte como um tapete infinito de verde. Era como estar em um pequeno paraíso, onde o tempo parecia ter parado.— É aqui que você cresceu? —<
O sol brilhava suavemente sobre os vinhedos, refletindo uma tonalidade dourada nas folhas das parreiras. O vento, leve e morno, carregava consigo o aroma das uvas maduras e da terra. Caminhávamos lado a lado, Stella e eu, enquanto eu apontava as fileiras de videiras, tentando explicar o máximo que podia sobre o trabalho que minha família fazia ali.— Aqui é onde tudo começa, — disse, passando a mão pelas folhas de uma parreira. — Todo o cuidado com as uvas é feito manualmente. Cada cacho é observado para garantir que cresça saudável. Vê aquelas tesouras pequenas que os trabalhadores usam? Elas servem para podar apenas o que é necessário.Stella me olhava com aqueles olhos brilhantes, absorvendo cada palavra. O sorriso que curvava seus lábios me fez sentir um calor que ia muito além do sol. Ela tocou uma das folhas, delicadamente, como se estivesse temendo machucar a planta.— Isso é incrível, Matteo. Eu nunca tinha imaginado quanto amor e dedicação existiam por trás de uma garrafa de
A luz suave do final da tarde se espalhava pelo jardim, dançando entre as folhas das árvores e destacando os tons vivos das flores que pareciam ter sido pintadas à mão. Sentada à mesa redonda de ferro forjado, eu segurava um copo de chá gelado com limão, deixando a frescura aliviar o calor que ainda persistia. A brisa leve trazia o perfume das flores, uma mistura de lavanda, rosas e algo tão único que só poderia ser o cheiro desse lugar.Antonella estava a alguns passos de mim, com as mãos habilidosas trabalhando em um arranjo floral. As flores que ela havia colhido momentos antes estavam espalhadas pela mesa: rosas vermelhas, margaridas brancas e ramos de eucalipto. Ela murmurava para si mesma enquanto escolhia cada elemento com cuidado, ajustando as cores e texturas como se fosse uma artista pintando um quadro.— Essas rosas vermelhas são minhas favoritas. disse ela, interrompendo o silêncio do jardim com sua voz melodiosa e carregada de um leve sotaque italiano.— Sabe, Stella, com
O som constante do motor preenchia o silêncio dentro do carro enquanto eu dirigia pela estrada estreita que levava ao cemitério. O sol do final da tarde banhava a paisagem em tons dourados, mas tudo o que eu via eram os flashes de uma vida que nunca existiu. As possibilidades assombravam minha mente, como um filme projetado em minha memória: pequenas mãos alcançando as minhas, uma risada cristalina ecoando no ar, a palavra "papai" pronunciada com a doçura de quem sabe que é amado.Ela nunca teve a chance de me chamar assim. Nunca teve a chance de viver. E essa dor às vezes era tão intensa que eu não sabia como ainda conseguia respirar.Meus dedos apertaram o volante, e eu me forcei a olhar para a estrada à frente. Os girassóis no banco do passageiro tremulavam levemente com os solavancos do carro. Eles eram as flores favoritas de minha mãe, e eu i
O aroma de molho de tomate e ervas frescas se espalhava pela sala, misturando-se ao som das risadas das gêmeas, que corriam pela casa, suas bonecas balançando para cima e para baixo. A mesa estava cheia, mas o cenário parecia acolhedor e descontraído. Fiorella, a irmã de Matteo, estava sentada à cabeceira da mesa, visivelmente divertindo-se, enquanto Antonella, a avó, parecia ter o sorriso mais travesso que já vi.— Ah, Stella — começou Antonella, os olhos brilhando — você não tem ideia das coisas que Matteo aprontava quando era criança. Sempre foi o mais travesso, esse menino.Olhei para Matteo, que, sentado ao meu lado, estava claramente desconfortável com a história que se aproximava. Seu rosto, normalmente tão sério e contro
A luz da lareira projetava sombras dançantes pela suíte, mas meu mundo inteiro estava concentrado no movimento sutil da barriga de Stella, sob minha cabeça. A sensação era quase hipnotizante, como se pudesse sentir a pequena vida dentro dela respondendo à minha presença.— Ei, pequenina. — murmurei, minha voz carregada de ternura. Minha mão deslizou devagar pela curva suave da barriga dela. — Você não faz ideia de como estou ansioso para te conhecer. Eu penso nisso todos os dias... como vai ser segurar você nos braços, ver seu rostinho, ouvir sua risada pela primeira vez.Senti Stella rir suavemente, sua mão acariciando meus cabelos.— Mas, por enquanto, acho que esta bem aqui. Onde é mais quentinho, não é? Com a mamãe cuidando de tudo.Ela riu de novo, mas havia algo mais dessa vez. Algo no jeito como ela suspirou, quase como se estivesse se preparando para falar algo que temia dizer em voz alta.— Vou sentir falta disso tudo... quando o nosso acordo acabar. — ela sussurrou, sua voz
Entrar na loja de artigos para bebês foi como abrir as portas de um mundo mágico. Assim que cruzamos o limiar, fui invadida por um arco-íris de tons pastel: rosa, azul, amarelo, verde, todos suavemente estampados em roupinhas, cobertores e brinquedos. O cheiro doce de algodão novo pairava no ar, e as prateleiras pareciam brilhar sob os olhos atentos da avó Antonella.— É como entrar no paraíso, Stella! — Antonella exclamou, segurando um par de sapatinhos minúsculos em uma mão e um body de coelhinho na outra.— Não sei se 'paraíso' é bem a palavra, mas... — comecei, antes que ela me interrompesse com um olhar determinado.— Não seja modesta, querida. Essa bebê merece tudo do bom e do melhor.Fiorella, ao meu lado, já havia começado sua própria busca, vasculhando uma arara de vestidos.— Olha isso, Stella! Um vestidinho vermelho com bolinhas brancas! Vai ficar perfeito no Natal!Eu ri, mas antes que pudesse responder, o carrinho de compras — que eu tinha certeza de que estava vazio um mi
O carro deslizou pelas ruas tranquilas e arborizadas, longe da agitação da cidade. A cada curva, eu me sentia mais envolvida pela serenidade do lugar, como se estivéssemos entrando em um outro mundo, longe de tudo. Matteo dirigia em silêncio, mas eu podia sentir a tensão leve em seus ombros, como se ele estivesse me conduzindo a algo importante, algo que ele queria compartilhar comigo.A estrada estreitou-se, e logo estávamos dentro de um condomínio, com casas antigas e bem cuidadas que me lembraram uma vila italiana. As paredes de pedra, as ruas calmas e as árvores que pareciam abraçar cada casa ao redor criavam uma atmosfera acolhedora e charmosa. Eu avistava crianças brincando perto de um lago, suas risadas ecoando suavemente, e famílias caminhando tranquilamente pelas ruas.Matteo reduziu a velocidade até parar em frente a uma das propriedades, uma casa de dois andares que parecia saída de um conto de fadas. As paredes eram de pedras claras, cobertas por flores que subiam pelas par