Vincent continuação... A noite caiu feito um manto sujo sobre a cidade. E eu estava pronto para sujá-la ainda mais. Julian caminhava ao meu lado, rápido, eficiente. Tinha três celulares ligados em chamadas diferentes, monitorando cada movimentação de Giulietta, Salvatore e Bianchi. Eles se escondiam bem, mas eu já tinha aprendido que ninguém é invisível quando se mexe demais. — O grupo de Milão fez contato. Querem saber se mantemos o plano de contenção. — Julian disse, sem perder o ritmo. — Mantém. E diz que o inferno só tá começando. O carro parou em frente ao galpão na zona industrial. Do lado de fora, os homens de confiança esperavam. Cada um armado até os dentes. Sem uniforme. Apenas olhos de guerra. — Chefe, temos três entradas alternativas no perímetro sul do antigo depósito dos Bianchi. A Giulietta tem feito reuniões lá com um novo grupo. Provavelmente mercenários. — disse Daniel, um dos meus homens mais antigos. — E a droga? — perguntei, com a voz baixa e dura.
Wl A primeira vez que vi minha filha chorar por causa de um homem, ela ainda era criança. Caiu da bicicleta e correu pros meus braços porque o menino da rua riu dela. Jurei ali que ninguém machucaria o coração dela sem ter que passar por mim primeiro.Hoje, parado no meio de um galpão destruído, depois de ouvir os relatos de tiros, traições e ameaças, eu via aquele mesmo brilho nos olhos dela. Só que não era mais choro. Era fogo. E o homem que estava ao lado dela… não era qualquer um.Vincent não me olhou com arrogância, nem tentou se justificar. Ele estava ferido, sujo de sangue e fuligem, mas havia algo inegável nos olhos dele verdade. Um homem marcado por suas escolhas, sim, mas firme ao lado da minha filha.Bruninho brincava com a ideia de um churrasco na laje, como se não tivéssemos acabado de sair do olho do furacão. E ainda assim, eu sorria. Porque ali estava o que mais importa pra um pai saber que sua filha era amada, protegida, de pé.— Vai ter churrasco, sim — Vincent diss
MirellaQuando Vincent chegou e me pediu para me arrumar que ele ia me levar a um lugar especial , eu desconfiei. Ele tinha aquele olhar misterioso, o mesmo que usava quando ia fazer algo grandioso… ou muito perigoso.— Só confia em mim, princesa — ele disse, beijando minha testa.Confiar em Vincent? Eu já fazia isso com o coração inteiro.Me arrumei sem saber o que esperar. O carro nos levou até um restaurante nos arredores da cidade, onde luzes suaves iluminavam a fachada. Assim que a porta se abriu, senti um nó na garganta.O lugar era lindo aconchegante estava reservado inteiro somente para nos . Mesas com flores, luzes penduradas como estrelas, e uma música suave preenchendo o ar. Parecia que eu tinha entrado num pedaço do Brasil dentro dos Estados Unidos.E então eles apareceram.Meu pai , com um sorriso que há dias eu não via, tio Bruninho, tio RB, tio Renan, até o tio Allan, que piscou pra mim como um tio arteiro.— O que tá acontecendo? — perguntei, rindo e quase chorando ao me
VincentO escritório do meu pai sempre teve cheiro de poder. Couro velho, charuto caro, e um leve perfume de pólvora como se as paredes ainda lembrassem de cada decisão que matou ou salvou uma geração inteira.Entrei sem ser anunciado. Julian ficou do lado de fora, como combinamos junto com Allan . A notícia que eu carregava não era de subordinado para superior. Era de um novo rei para o antigo.Meu pai ergueu os olhos com lentidão. Estava com o copo de uísque na mão, como sempre. E aquela expressão fria, calculista, que aprendi a decifrar desde criança.— Vincent.— Preciso que saiba de uma coisa. E não vai gostar. Ele recostou na cadeira. — Você se casou com a brasileira? — Ainda não mas vou . Mirella é minha futura esposa eu não tenho duvidas disso . Eu fiz aliança com a família dela o jogo mudou . Os olhos dele estreitaram. — Como assim, "família dela"?— Estou falando da facção da Brasileira. Do morro. Da periferia que você sempre ignorou. Allan, nosso fornecedor de armas h
MirellaÉ um desafio diário morar em outro país, longe de toda a minha família. Um país totalmente diferente, com outra cultura, outro ritmo ,até o sono aqui é diferente! E, principalmente... a comida. Sempre fui muito regrada, mas morando nos Estados Unidos não dá pra manter esse ritmo. A maioria dos lugares só serve lanche. Café da manhã com hambúrguer e batata frita... essas coisas.Comida brasileira mesmo, a gente só encontra em poucos lugares e, quando encontra, não tem aquele sabor gostoso de comida de mãe. Nossa, estou sentindo tanta falta da comida da minha mãe! O que tem me salvado são umas marmitinhas que encontro prontas no supermercado saladas, carne, peixe, frutas... tudo embalado, só pegar e comer.Vida de estudante não está nada fácil. Quando não estou estudando, estou dormindo. Quando não estou dormindo, estou estudando [risos]. A correria tá grande, a rotina mais louca da minha vida. Nem quando eu fazia curso e trabalhava era desse jeito. Aqui, eu tenho que me desdobr
VincentSou Vincent Mangano, tenho 34 anos e faço parte da família Gambino. Somos uma das cinco famílias que formam a organização da máfia italiana. Sou o próximo na linha de sucessão. Meu avô, Carlo Gambino, comandou a organização entre 1957 e 1976, até ser assassinado por inimigos. Depois, o comando passou para meu tio mais velho, que anos depois morreu de câncer. Desde então, quem está à frente é meu pai, Paul Gambino. Em breve, serei eu — assim que me casar.Dominamos a maior parte do território de Nova Iorque: Brooklyn, Staten Island, Manhattan, entre outras regiões.Atualmente, curso Medicina em Harvard. Não apenas por gosto pessoal, mas também como uma forma estratégica de despistar investigações. Além disso, ser cirurgião pode ser útil em tempos de guerra entre famílias. Quando os conflitos se estendem por meses, sempre temos feridos do nosso lado. E eu posso ajudar.Agradeço aos céus por, ao menos, poder escolher com quem vou me casar. E, pelo visto, já encontrei. Uma adoráve
Mirella Minha cabeça está a mil. Assim que fechei a porta atrás de mim, encostei as costas nela, tentando recuperar o fôlego. O que acabou de acontecer? Eu fui jantar com um completo estranho , um homem sedutor, misterioso, que me salvou de um idiota metido a galã e voltei com um pedido de casamento. Um pedido vindo de um mafioso.Sim, mafioso. Ele disse com todas as letras. Sem rodeios. Apenas jogou a verdade no meio do restaurante como se estivesse me contando que é alérgico a frutos do mar. E pior disse que me observava há semanas, que sabia tudo sobre mim... até que mandou investigarem minha vida.Minhas mãos ainda tremem. Sinto o gosto do vinho nos lábios misturado com o sabor do beijo dele. E que beijo. Intenso, dominador, confuso assim como ele. Meu corpo reagiu de uma forma que minha mente ainda não entendeu. E talvez seja isso que mais me assuste.Vincent Mangano. Ele é bonito de um jeito que chega a ser pecado. Olhos que parecem atravessar a alma, voz firme, postura de que
Mirella continuação....Fiquei parada na porta por alguns segundos, com o coração disparado e as pernas trêmulas. O cheiro dele ainda pairava no ar , uma mistura de perfume amadeirado com algo que eu não conseguia definir, mas que fazia meu corpo reagir de um jeito que me deixava ainda mais confusa. Fechei a porta devagar, encostei as costas nela e respirei fundo.Dia 1Será que eu estou ficando louca?Deitei na cama, abracei meu travesseiro e olhei pro teto, tentando organizar os pensamentos. Ele estava me conquistando, disso eu não podia mais fugir. A forma como me olha, a firmeza nas palavras, o jeito como parece saber exatamente o que dizer , tudo nele parece calculado, mas ao mesmo tempo, tão intenso. Ele me assusta. Mas também me atrai. E isso me assusta ainda mais.Na manhã seguinte, acordei com o barulho da campainha, uma caixa minha eu sabia que era coisa dele , Um vestido preto de cetim, justo na medida certa, e um par de saltos que pareciam saídos de uma passarela. Um bilh