Vincent O cheiro de pólvora parecia antecipar o que estava por vir. Eu sentia no ar algo estava prestes a acontecer.Entrei no carro com a mente em chamas. Julian dirigia, o olhar atento pelo retrovisor.Meu celular vibrou era uma mensagem que dizia " Se não for meu ,não será dela " ... logo em seguida começou a tocar vi nome da minha amada na tela , mas antes que pudesse atender um ruído alto ecoou pela rua estreita. BUM.O carro deu um tranco. Senti o mundo girar por um segundo antes de perceber o que estava acontecendo.— Merda! — Julian gritou, puxando o volante enquanto tiros cortavam o ar como lâminas.Instinto. Foi só isso que me moveu.Empurrei a porta com o ombro e rolei para fora antes do carro ser engolido pelas chamas. O calor do fogo aqueceu minhas costas enquanto me arrastava pelo chão. Tiros. Passos. Gritos abafados. Meus homens revidando.Peguei a arma no coldre e respirei fundo, tentando clarear a mente. Não podiam estar ali por acaso. Aquilo não era só uma emboscada
GiuliettaA taça de vinho dançava entre meus dedos, vermelha como o sangue que eu sonhava ver escorrendo do peito de Vincent. A lareira crepitava no fundo da sala ancestral da mansão em Verona, e o cheiro de madeira queimada se misturava ao perfume do veneno que pairava no ar.Salvatore meu irmão estava à minha esquerda, debruçado sobre uma planta detalhada do porto em Nova York. À minha direita Lorenzo nosso primo estrategista digitava códigos no notebook com um meio sorriso nos lábios. Todos sabiam o que estava em jogo.— Ele sobreviveu ao ataque — disse Salvatore, com raiva contida. — Ainda tem aliados demais, e Mirella se tornou um escudo mais poderoso do que esperávamos.— Não é um escudo — rebati com desprezo. — É a fraqueza dele. A única coisa que o faz pensar duas vezes antes de matar. E é exatamente por aí que vamos vencê-lo.— Você quer sequestrá-la? — Lorenzo sugeriu, sem tirar os olhos da tela.— Não. Isso seria previsível. — me levantei e caminhei até a janela. A noite pa
Vincent Dois dias depois .... Julian entrou no galpão com os passos firmes, havia tensão em cada linha de seu corpo. Ele não era de demonstrar medo. Quando o fazia, era porque o sangue já havia respingado em alguma parte do tabuleiro. — Fala — pedi, antes mesmo dele abrir a boca. Meu tom foi direto. O cansaço me deixava sem paciência pra rodeios. Ele jogou sobre a mesa três pastas marcadas com códigos. Abri a primeira. Fotos dos corpos. Dois informantes nossos. Homens que Giulietta tentou virar meses atrás. Sumiram. E agora estavam mortos. — Eles quebraram o código de silêncio — Julian disse. — Morreram como mártires. E mandaram um recado Giulietta não está blefando. Olhei para a segunda pasta. Informações financeiras. Movimentações atípicas entre contas que estavam congeladas . A família dela. estava lavando dinheiro novamente... rápido, e em grandes quantidades. — Estão se preparando pra algo grande — murmurei.Julian assentiu. — E há mais... — ele hesitou — intercep
Vincent continuação... A noite caiu feito um manto sujo sobre a cidade. E eu estava pronto para sujá-la ainda mais. Julian caminhava ao meu lado, rápido, eficiente. Tinha três celulares ligados em chamadas diferentes, monitorando cada movimentação de Giulietta, Salvatore e Bianchi. Eles se escondiam bem, mas eu já tinha aprendido que ninguém é invisível quando se mexe demais. — O grupo de Milão fez contato. Querem saber se mantemos o plano de contenção. — Julian disse, sem perder o ritmo. — Mantém. E diz que o inferno só tá começando. O carro parou em frente ao galpão na zona industrial. Do lado de fora, os homens de confiança esperavam. Cada um armado até os dentes. Sem uniforme. Apenas olhos de guerra. — Chefe, temos três entradas alternativas no perímetro sul do antigo depósito dos Bianchi. A Giulietta tem feito reuniões lá com um novo grupo. Provavelmente mercenários. — disse Daniel, um dos meus homens mais antigos. — E a droga? — perguntei, com a voz baixa e dura.
Wl A primeira vez que vi minha filha chorar por causa de um homem, ela ainda era criança. Caiu da bicicleta e correu pros meus braços porque o menino da rua riu dela. Jurei ali que ninguém machucaria o coração dela sem ter que passar por mim primeiro.Hoje, parado no meio de um galpão destruído, depois de ouvir os relatos de tiros, traições e ameaças, eu via aquele mesmo brilho nos olhos dela. Só que não era mais choro. Era fogo. E o homem que estava ao lado dela… não era qualquer um.Vincent não me olhou com arrogância, nem tentou se justificar. Ele estava ferido, sujo de sangue e fuligem, mas havia algo inegável nos olhos dele verdade. Um homem marcado por suas escolhas, sim, mas firme ao lado da minha filha.Bruninho brincava com a ideia de um churrasco na laje, como se não tivéssemos acabado de sair do olho do furacão. E ainda assim, eu sorria. Porque ali estava o que mais importa pra um pai saber que sua filha era amada, protegida, de pé.— Vai ter churrasco, sim — Vincent diss
MirellaQuando Vincent chegou e me pediu para me arrumar que ele ia me levar a um lugar especial , eu desconfiei. Ele tinha aquele olhar misterioso, o mesmo que usava quando ia fazer algo grandioso… ou muito perigoso.— Só confia em mim, princesa — ele disse, beijando minha testa.Confiar em Vincent? Eu já fazia isso com o coração inteiro.Me arrumei sem saber o que esperar. O carro nos levou até um restaurante nos arredores da cidade, onde luzes suaves iluminavam a fachada. Assim que a porta se abriu, senti um nó na garganta.O lugar era lindo aconchegante estava reservado inteiro somente para nos . Mesas com flores, luzes penduradas como estrelas, e uma música suave preenchendo o ar. Parecia que eu tinha entrado num pedaço do Brasil dentro dos Estados Unidos.E então eles apareceram.Meu pai , com um sorriso que há dias eu não via, tio Bruninho, tio RB, tio Renan, até o tio Allan, que piscou pra mim como um tio arteiro.— O que tá acontecendo? — perguntei, rindo e quase chorando ao me
VincentO escritório do meu pai sempre teve cheiro de poder. Couro velho, charuto caro, e um leve perfume de pólvora como se as paredes ainda lembrassem de cada decisão que matou ou salvou uma geração inteira.Entrei sem ser anunciado. Julian ficou do lado de fora, como combinamos junto com Allan . A notícia que eu carregava não era de subordinado para superior. Era de um novo rei para o antigo.Meu pai ergueu os olhos com lentidão. Estava com o copo de uísque na mão, como sempre. E aquela expressão fria, calculista, que aprendi a decifrar desde criança.— Vincent.— Preciso que saiba de uma coisa. E não vai gostar. Ele recostou na cadeira. — Você se casou com a brasileira? — Ainda não mas vou . Mirella é minha futura esposa eu não tenho duvidas disso . Eu fiz aliança com a família dela o jogo mudou . Os olhos dele estreitaram. — Como assim, "família dela"?— Estou falando da facção da Brasileira. Do morro. Da periferia que você sempre ignorou. Allan, nosso fornecedor de armas h
MirellaÉ um desafio diário morar em outro país, longe de toda a minha família. Um país totalmente diferente, com outra cultura, outro ritmo ,até o sono aqui é diferente! E, principalmente... a comida. Sempre fui muito regrada, mas morando nos Estados Unidos não dá pra manter esse ritmo. A maioria dos lugares só serve lanche. Café da manhã com hambúrguer e batata frita... essas coisas.Comida brasileira mesmo, a gente só encontra em poucos lugares e, quando encontra, não tem aquele sabor gostoso de comida de mãe. Nossa, estou sentindo tanta falta da comida da minha mãe! O que tem me salvado são umas marmitinhas que encontro prontas no supermercado saladas, carne, peixe, frutas... tudo embalado, só pegar e comer.Vida de estudante não está nada fácil. Quando não estou estudando, estou dormindo. Quando não estou dormindo, estou estudando [risos]. A correria tá grande, a rotina mais louca da minha vida. Nem quando eu fazia curso e trabalhava era desse jeito. Aqui, eu tenho que me desdobr