Aaron
Vi meu avô sair da sala com passos firmes, deixando para trás um misto de incredulidade e choque em nossos rostos. Não era possível que ele realmente estivesse impondo tal condição para passar o controle das Indústrias Baumann. Um bisneto? Era isso que ele queria em troca do poder?
Olhei para Paola, minha esposa, sentada ao meu lado. Ela estava linda como sempre, sua postura perfeita e seu rosto inexpressivo. Paola sempre foi a esposa troféu ideal, vinda de uma família tradicional paulistana. Elegante, educada, exatamente o que eu precisava para manter as aparências. Mas filhos? Esse era um assunto que nunca tínhamos discutido seriamente.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Axel se dirigiu ao luxuoso bar no canto da sala. Pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de uma dose generosa.
— Alguém mais quer? — ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Ele nos olhou, sabendo que as chances de aceitar sua oferta eram poucas.
Annelise foi a primeira a se levantar, ainda com um sorriso divertido no rosto.
— Eu passo. Tenho planos mais interessantes para esta noite. — Ela deu uma piscadela para Anton, que parecia entediado, mas se levantou ao seu chamado.
— Temos um evento importante para ir — anunciou Anton, colocando o telefone no bolso e ajustando a jaqueta. — Boa sorte com... tudo isso — acrescentou, acenando vagamente na direção de Axel e de mim.
Não consegui conter a ironia ao afirmar:
— Não sabia que orgias em iates eram considerados eventos importantes agora.
Anton e Annelise apenas sorriram, não se importando em negar a minha provocação.
— Boa sorte, Aaron — disseram quase em uníssono, sem sequer dirigir um olhar a Axel.
Aquele foi um claro sinal de que todos sabiam dos meus planos e desejos de comandar o império Baumann.
Observei enquanto eles saíam, deixando a sala ainda mais silenciosa e carregada de tensão. Axel se aproximou de mim, segurando o copo de uísque em uma mão e uma expressão de desgosto no rosto.
— E então, Aaron, o que vai fazer agora?
Suspirei, esfregando o rosto com as mãos.
— Não sei, Axel. Não sei.
Paola finalmente falou, sua voz suave, mas firme.
— Aaron, precisamos conversar sobre isso. Agora.
Olhei para ela, tentando encontrar alguma resposta em seus olhos.
— Eu sei. Precisamos encontrar uma solução.
Axel balançou a cabeça, tomando um gole de sua bebida.
— Boa sorte com isso, irmão. Eu não estou interessado em largar o futebol agora, e Anton... bem, sabemos como ele é.
Axel se afastou, deixando-nos a sós. Enquanto isso, as palavras de meu avô ecoavam na minha mente. Ele sabia que eu era o único com uma chance real de cumprir sua condição.
— Vamos embora, conversamos no carro — falei, já seguindo em direção a saída.
Ela acenou com a cabeça e seguimos para o carro. A mansão do meu avô, que eu sempre considerei meu lar, agora parecia um campo minado. O assunto que temos para tratar era importante demais para ser conversado dentro do território inimigo. Esperava que ele desejasse um neto casado para assumir a Baumann. Mas um bisneto era exceder qualquer limite do aceitável.
No carro, ensaiei uma tentativa de falar sobre filhos com Paola.
— Então, sobre o que meu avô disse...
Ela me interrompeu de maneira brusca.
— Conversamos quando chegarmos em casa, Aaron.
Fiquei ansioso durante todo o trajeto da mansão até o condomínio fechado onde moramos. O silêncio entre nós era pesado, cada quilômetro aumentando minha inquietação.
Assim que chegamos à sala de estar da nossa casa, respirei fundo, planejando abordar o assunto novamente. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Paola jogou uma bomba sobre mim.
— Eu não posso ter filhos, Aaron.
Precisei de alguns segundos para absorver o impacto daquela revelação. As palavras dela ecoaram na minha mente, cada sílaba um golpe.
— O quê? Como assim?
Ela olhou para baixo, evitando meu olhar.
— Eu sou estéril. Descobri há alguns anos, mas nunca pensei que seria um problema para nós. Você nunca mencionou querer filhos.
As emoções se atropelam dentro de mim. Raiva e frustração se sobrepondo aos outros.
— Por que você nunca me contou?
— Porque achei que não importava — respondeu ela, a voz trêmula. — Achei que nosso casamento era baseado em outras coisas, Aaron. Nunca pensei que filhos seriam um fator.
— Três anos de casados e você não achou importante me contar que filhos estavam fora dos seus planos?
Paola apenas acenou com pouco caso, como se aquilo realmente não tivesse importância alguma para ela. A sua futilidade nunca me incomodou… até agora.
Afundei no sofá, tentando processar tudo. Minha mente estava a mil, tentando encontrar uma solução. Meu avô, o futuro das indústrias, tudo parecia desmoronar diante de mim.
— Precisamos pensar em uma alternativa — disse finalmente, mais para mim mesmo do que para ela.
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Eu não conseguia parar de pensar nas palavras do meu avô e na revelação de Paola. Era como se o chão tivesse se aberto sob meus pés, deixando-me em queda livre. Depois de uma noite praticamente em claro, decidi que precisava desabafar e ninguém melhor do que Eric, o meu melhor amigo. Peguei o carro e fui até a clínica particular da qual ele era o dono. Precisava de alguém que me ajudasse a ver as coisas de forma mais clara.
Chegando à clínica, Eric me recebeu com um sorriso preocupado.
— Aaron, você está com uma cara horrível. O que aconteceu?
Enquanto ele me observava atentamente, tentei organizar meus pensamentos. Não consegui me manter parado no mesmo lugar e comecei a andar de um lado para o outro do consultório espaçoso e extremamente elegante, as palavras saindo como uma torrente.
— Meu avô decidiu que vai passar o controle das Indústrias Baumann para o neto que lhe deu um bisneto primeiro. E Paola... ela me contou ontem que não pode ter filhos. Nunca pensei que isso seria um problema para nós, mas agora... eu não sei o que fazer.
— E você já falou com Paola sobre alternativas? Inseminação artificial, fertilização in vitro?
Balancei a cabeça, frustrado.
— Já tentei. Ela está irredutível. Não quer estragar o corpo perfeito com uma gravidez. Não sei como convencê-la.
Continuei andando, meus pensamentos a mil. Tentava encontrar uma solução, uma maneira de conciliar o desejo do meu avô com a realidade da minha situação. Eric permaneceu em silêncio em sua cadeira, me observando com uma expressão pensativa.
Depois de alguns minutos de silêncio tenso, Eric finalmente falou.
— Aaron, eu acabei de ter uma ideia.
Parei de andar e me virei para ele, esperançoso.
— O que você está pensando?
Eric sorriu, aquele sorriso que ele sempre tinha quando estava prestes a apresentar uma solução engenhosa.
— Há outra maneira de você ter um filho sem que Paola precise engravidar.
— Eu não vejo como isso seria possíve — apontei com certa frustração.
— Vamos encontrar alguém disposto a ser uma mãe de aluguel. O que me diz?
Fiquei surpreso, considerando a ideia.
— Uma mãe de aluguel? Mas como vamos encontrar alguém que aceite fazer isso? E quem seria essa pessoa?
Eric levantou-se e foi até a janela, olhando para fora enquanto falava.
— Você sabe que eu faço trabalho voluntário em um Centro de Acolhimento, certo? Há belas garotas lá, que estão em situação de total vulnerabilidade financeira. Nada que uma bateria completa de exames, um banho de loja e uma visita a um bom cabeleireiro não resolva.
— Espera… — falei, encarando Eric um tanto incrédulo — Você está sugerindo conceber um filho do modo tradicional!?
Minha mente começou a trabalhar a mil por hora, considerando as implicações.
— Mas é claro que sim, Aaron! Não podemos arriscar envolver mais pessoas nessa história. Claro que o prepotente Leonel Baumann não vai aceitar que o neto use uma outra mulher que não a sua esposa, para gerar um filho.
Eric tinha toda razão. Vovô é um homem de ideias tradicionais e jamais aprovaria esse tipo de artimanha.
— Talvez você esteja certo… — falei, ainda um pouco inseguro sobre aquela ideia mirabolante.
— Eu estou certo, meu amigo. Além do mais, pagar para alguém gerar um filho seu no Brasil é crime, acredito que você saiba. Não vamos tornar tudo mais complicado.
— Você acha que Paola aceitaria? Pior ainda, você acha que alguma dessas mulheres aceitaria?
Eric se virou para mim, sério.
— Eu não tenho dúvidas que sim. Elas estão em uma situação difícil, e o dinheiro poderia ajudar muito. Mas precisamos ser cuidadosos. Isso é algo delicado.
Sentei-me, tentando processar tudo. Uma mãe de aluguel. Seria essa a solução para nossos problemas? Olhei para Eric, sentindo uma nova esperança se formar.
— Vamos tentar.
Sentia-me ansioso, mas pela primeira vez desde o jantar na mansão do meu avô, via uma luz no fim do túnel. Talvez, apenas talvez, essa pudesse ser a solução para todos os meus problemas.
RebeccaDeixar minha cidade natal não foi uma decisão fácil, mas foi necessário. Minha paixão pela pintura sempre foi uma constante em minha vida. Meus pais, devotos fervorosos de uma vida simples e religiosa, nunca compreenderam essa paixão. Para eles, minha arte era uma distração tola."Você precisa se concentrar nas coisas importantes, Rebecca. Deus tem planos para você, mas a pintura não é um deles," meu pai dizia sempre, seu tom severo e inflexível. Minha mãe, embora mais compreensiva, também não conseguia enxergar além do horizonte limitado da nossa pequena cidade no interior de São Paulo.Quando finalmente tomei a decisão de ir embora, estava assustada, mas determinada. Juntei todas as minhas economias, coloquei minhas poucas roupas e meus materiais de pintura em uma mochila e deixei uma carta para meus pais, explicando minha partida. Peguei o primeiro ônibus para São Paulo, minha cabeça cheia de planos e expectativas. Quando finalmente desci na estação de metrô mais moviment
AaronNão consigo acreditar no que estou prestes a fazer. Meu coração bate descompassado dentro do peito, uma mistura de excitação e nervosismo. Mas não vou recuar. Tenho um objetivo em mente e farei qualquer coisa para alcançá-lo.Chego ao apartamento indicado por Eric e paro em frente ao número na porta. Demoro um momento antes de tocar a campainha, meu dedo hesitante sobre o botão. Mas logo decidi seguir em frente. Não há espaço para dúvidas agora. Preciso concluir isso o mais rápido possível.A porta se abre lentamente e Eric está lá, com um sorriso de satisfação no rosto, totalmente impróprio para o momento. Ele me dá um aceno de cabeça e me deixa entrar, fechando a porta atrás de mim.— Que bom que chegou. Pensei que tinha desistido. Eu permaneço no mesmo lugar e deixo-lhe saber os meus pensamentos.— Confesso que essa ideia passou pela minha cabeça — Digo, sentindo a tensão aumentar sobre os meus ombros.— Mentalize aquela velha e importante frase de Maquiavel: Os fins justifi
RebeccaO choque da revelação de Aaron me atinge como uma onda gelada, paralisando-me no lugar. Eric já havia passado aquelas informações para mim, mas era como se eu estivesse ouvindo pela primeira vez. A forma como Aaron falou, sua frieza ao tratar do assunto, assustou-me profundamente.Levantei-me abruptamente, incapaz de permanecer tão perto dele. Aaron era um homem cuja determinação era tão intensa que me deixava arrepiada. Percebo que minha respiração está acelerada, meu coração batendo descontroladamente dentro do peito. Encaro Aaron com uma mistura de medo e desconfiança. Ele era a chave para minha liberdade. A decisão que tomei ao aceitar essa proposta parecia cada vez mais insensata, mas não aceitar não era uma opção sábia naquele momento. Aos vinte anos, ainda era virgem, apesar de alguns encontros inocentes com rapazes da igreja que frequentava com meus pais. Não havia compartilhado esse detalhe com Eric. Além da vergonha em falar sobre algo tão íntimo com alguém que hav
AaronRebecca é uma intrigante mistura de inocência e determinação e eu não estava preparado para lidar com isso. Os seus olhos expressivos me prendem, e por um momento, esqueço o motivo que nos trouxe até aqui. Há uma faísca de algo mais, algo que não consigo definir, mas que me deixa ansioso para descobrir.Aquele encontro deveria ser apenas parte de um importante negócio, mas os sentimentos que ela me desperta jamais poderiam ser considerados como mecânico ou impessoal quando toco os seus lábios com a minha boca e suguei a sua língua com força e desejo.As mãos de Rebecca, que até então estavam em meu pescoço, deslizando por minhas costas. O toque é sutil, quase imperceptível, mas provoca uma corrente elétrica que percorre todo o meu corpo. É como se uma faísca tivesse sido acesa entre nós, uma conexão que vai além do propósito prático desse encontro.Enquanto isso, as minhas mãos a trazem mais para perto e posso sentir cada curva de seu corpo contra o meu. A respiração de Rebecca
RebeccaEnquanto Aaron me beijava de modo ardente e cheio de paixão, eu tentava a todo custo conter a ansiedade, mas depois de sentir a boca dele sobre os meus seios, eu precisava de mais. Muito mais.Falar sobre a minha inexperiência faria Aaron desistir do nosso acordo, eu não tinha dúvidas sobre isso. Contudo, ir em frente sem revelar algo tão importante seria um risco. Mas a incerteza me fez recuar quando estava prestes a falar sobre a minha virgindade.— Nada — menti, puxando a sua cabeça de encontro a minha e o beijando com todo o desejo que estava sentindo naquele momento.Queria sentir novamente aquela sensação de formigamento por meu corpo, as pernas parecendo sem controle, assim com
AaronEnquanto esperava Rebecca sair do banheiro, uma mistura de sentimentos complexa tomava conta de mim. Rebecca estava demorando mais do que o habitual, e eu me perguntava por que ainda estava deitado ali, como se estivesse à espera dela. Sacudi a cabeça, repreendendo-me mentalmente. Nós não éramos um casal, não tínhamos esse tipo de ligação. Era apenas um acordo, um negócio entre nós.Levantei-me da cama como se ela estivesse pegando fogo e comecei a juntar minhas roupas do chão espalhadas pelo chão. Vesti-me às pressas, sem me importar muito com a estética. Sentia um mal-estar crescente por ter cedido à tentação de transar com Rebecca mesmo depois de ter percebido claramente que ela ainda era virgem. Mas o que estava feito nã
RebeccaEu já estava há bastante tempo dentro do banheiro, refletindo sobre tudo o que havia acontecido. Contudo, eu não podia ficar ali para sempre, então tomei um longo banho para clarear minha mente, vesti um roupão felpudo e finalmente voltei para o quarto. Ainda não sabia ao certo como proceder, mas para o meu alívio, Aaron não estava mais lá. Um pressentimento me dizia que ele já tinha deixado o apartamento.Respirei fundo, resignada com a situação. Era melhor assim, afinal, nós tínhamos feito um acordo claro desde o início. Não era um relacionamento como os outros. Era um negócio, uma transação fria e calculada. Minha parte agora era torcer para que aquela única noite fosse suficiente para conceber o tão dese
AaronDoze dias após transar com Rebecca, Eric a levou para fazer o exame HCG para confirmar se ela estava grávida ou não. Ele disse que já seria possível obter a informação com precisão. Eu estava no meu escritório, imerso em trabalho, tentando afastar aquelas memórias incômodas, quando Paola entrou, trazendo consigo a notícia que eu mais temia.— O exame deu negativo — ela disse, a voz carregada de tensão.— Merda! — Praguejei, a frustração me consumir.Sabia o que isso significava: eu teria que transar com Rebecca novamente. Meu lado racional gritava que isso não era uma boa ideia. Aquela noite já havia sido difíci