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Um Herdeiro para Aaron
Um Herdeiro para Aaron
Por: Taize Dantas
O Capricho do Patriarca

Leonel Baumann

Convidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.

Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.

Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.

O jantar transcorreu em meio a conversas formais, mas eu pude sentir a tensão no ar. Eles sabiam que algo estava por vir. Quando a refeição terminou, levantei-me e pedi a todos que se juntassem a mim para um café na sala de estar. 

A enorme sala de estar da mansão era acolhedora, com poltronas confortáveis dispostas de maneira cômoda. Sentei-me na cadeira que ocupava há décadas, sentindo o peso das decisões que estava prestes a tomar.

Obrigado por estarem aqui esta noite comecei, minha voz ecoando pelo ambiente. Há algo importante que preciso compartilhar com vocês.

Todos os olhares estavam fixos em mim, e eu sabia que este era o momento.

Estou disposto a me aposentar e passar o controle das Indústrias Baumann para a próxima geração.

O murmúrio de surpresa percorreu o grupo. Vi a expressão de Aaron se intensificar, e o brilho nos olhos de Paola se tornar mais aguçado. Axel e Anton trocaram olhares incertos, enquanto Annelise parecia mergulhada em seus próprios pensamentos.

— No entanto — continuei, levantando a mão para silenciar qualquer pergunta antecipada, — há uma condição.

Aaron foi o primeiro a falar, sua voz firme, mas com uma ponta de nervosismo. 

— E qual seria essa condição, vovô?

Olhei para todos eles, sentindo o peso das décadas de responsabilidade sobre os meus ombros. 

— O herdeiro escolhido deve me dar um bisneto o quanto antes. Quero ver a continuidade da nossa família garantida. Quero ver o futuro dos Baumann assegurado antes de partir.

O silêncio que se seguiu foi absoluto. Cada um deles processava a informação à sua maneira. Aaron parecia em choque, e Paola, apertando os lábios, deixou transparecer um lampejo de pânico. Axel e Anton estavam visivelmente desconcertados, enquanto Annelise estava nitidamente tentando conter uma risada.

Aaron, ainda processando o que eu disse, lançou um olhar incrédulo ao redor da sala.

— Essa é a minha condição — repeti, para reforçar a seriedade do momento. Levantei-me, sentindo a necessidade de deixar todos refletirem sobre o que foi dito. — Vamos ver quem será capaz de atender ao meu pedido.

— Eu vou acompanhar o seu avô — Berenice complementou. — Desejo uma boa noite a todos. E olha lá o que vocês vão aprontar, hein!

Annelise, que já estava sentindo nítida dificuldade em se conter, diante do comentário de sua avó, ela deixou a uma gargalhada escapar. 

— Sinto muito, vovó. Mas eu não tenho intenção alguma de assumir os negócios da família — Annelise disse aquilo que todos já sabiam antes mesmo dela abrir a boca.

Não contive um gesto de descontentamento em sua direção, que acrescentou: — Sou jovem demais para ser mamãe, querido avô.

— Que seja! Os seus irmãos atenderão ao meu pedido — falei, resignado, enquanto caminhava até a escada que levava ao primeiro andar da mansão.

Saí da sala, deixando meus netos e Ettore imersos em seus próprios pensamentos. O jogo pelo futuro das Indústrias Baumann e pela continuidade do nosso legado estava apenas começando.

Quando Berenice e eu chegamos ao nosso quarto, o silêncio reinou por alguns instantes. Finalmente, ela quebrou o silêncio com um tom de repreensão em sua voz suave.

— Leonel, você realmente tinha que impor essa condição para entregar o poder a um dos nossos netos?

Dei de ombros, caminhando até a janela para olhar o jardim sob a luz da lua.

— Estou apenas tentando mostrar a Aaron que a esposa que ele escolheu não é adequada e que ele precisa sair desse casamento idiota que inventou.

Berenice se aproximou, surpresa refletida em seus olhos. 

— Então você já tem um escolhido e está apenas usando de artifícios para conseguir aquilo que quer?

Voltei-me para ela, um leve sorriso se formando em meus lábios. 

— Claro que sim. 

Eu não me envergonharia por usar as armas que tinha à disposição para atingir o meu objetivo. O bem-estar da minha família estaria sempre em primeiro lugar. E a união dos meus netos era algo que eu não poderia deixar escapar das minhas mãos.

Diante do olhar ainda interrogativo de Berenice, decidi explicar melhor o meu ponto de vista:

— Estou certo de que o único que vai tentar conseguir um herdeiro é Aaron. Axel tem sua carreira no futebol e não pensa em largar os campos agora. E Anton? Ele não tem interesse algum em se enfiar dentro de um escritório quase dez horas por dia, seis dias por semana, pensando em negócios.

Ela balançou a cabeça, parecendo preocupada.

— Mas será que essa é a melhor maneira, querido? E se isso acabar destruindo a família em vez de fortalecê-la?

Coloquei minhas mãos nos ombros dela, olhando diretamente em seus olhos.

— Confie em mim, Berenice. Eu sei o que estou fazendo. Precisamos de um líder forte e determinado, alguém que possa garantir o futuro dos Baumann. E eu acredito que Aaron, apesar de seus erros, pode ser essa pessoa. Só preciso que ele veja além das aparências e tome as decisões certas.

Ela suspirou, ainda com dúvidas, mas finalmente concordou. 

— Espero que você esteja certo, meu amor. Espero que tudo isso valha a pena.

Dei-lhe um beijo na testa e a puxei para um abraço carinhoso. 

— Vai valer, minha querida. Vai valer a pena — falei com convicção — Em breve, teremos um pequeno Baumann correndo por essa mansão e Paola longe de nossas vidas.

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