AaronDespertei na manhã de sábado com uma sensação de leveza, algo que há muito tempo não experimentava. Minha primeira reação foi procurar Rebecca ao meu lado. Quando meus braços a envolveram, senti seu corpo relaxar contra o meu, como se ela também estivesse esperando por esse gesto.Inclinei-me e a beijei levemente, o toque suave dos nossos lábios sendo o começo perfeito para o dia.— Bom dia, meu amor — murmurei, a voz ainda rouca do sono. — Como você está se sentindo hoje?Ela sorriu, os olhos brilhando na luz da manhã.— Muito bem, Aaron. E você?— Melhor agora — respondi, e era verdade. Cada manhã ao lado dela parecia um presente.Sem pensar duas vezes, abaixei-me para beijar sua barriga.— Bom dia para você também, pequeno. — Minha voz era cheia de ternura enquanto acariciava suavemente a barriga de Rebecca.Ela riu, aquele som leve e contagiante que sempre conseguia iluminar o meu humor.— Você parece muito animado hoje.Levantei o olhar para ela, sentindo um sorriso surgir
AaronEnquanto estávamos no parque, fiz o meu melhor para me desligar dos problemas de Anton. Era o nosso dia, meu e de Rebecca, e eu queria aproveitar cada momento ao lado dela. Mas, assim que voltamos para o apartamento e ela foi para o quarto se trocar, a preocupação voltou com força total.Peguei o telefone e liguei para Anton. Ele atendeu no terceiro toque, e a voz abatida que ouvi do outro lado da linha confirmou o que eu já sabia: ele estava péssimo.— Aaron — começou ele, sem nem tentar esconder a amargura. — Se está ligando para me dizer que tudo vai ficar bem, economize o discurso.— Não estou aqui para isso, Anton. Só queria saber como você está.Houve uma pausa, e quando ele respondeu, sua voz parecia cansada.— Estou... sobrevivendo. Mas é difícil, sabe? Ela não quer nem me ouvir. Não importa o que eu diga, Pietra está convencida de que eu tenho culpa de algo que nem sequer fiz.— Então continue tentando — insisti. — Prove a ela que está comprometido.Anton soltou uma ris
AaronAssim que entrei no escritório na segunda-feira, mal coloquei a pasta sobre a mesa e já peguei o telefone para ligar para Ettore.— Ettore, preciso saber o que tem pra me falar. Hoje. — Minha voz era firme, mas não agressiva.Do outro lado da linha, ele permaneceu calmo, como sempre.— Aaron, confie em mim. Na hora certa, eu irei até você.Fechei os olhos por um momento, tentando conter minha impaciência.— Hora certa? Ettore, já esperei tempo suficiente.— Eu entendo, mas não posso arriscar dar informações incompletas. Você sabe que trabalho com precisão.Soltei um suspiro pesado, percebendo que insistir não levaria a lugar algum. Ettore era metódico, e se ele achava que ainda não era o momento, então eu precisaria esperar.— Tudo bem. Mas não demore.— Não vou — prometeu ele antes de desligar.Deixei o telefone sobre a mesa e passei as mãos pelos cabelos, tentando aliviar a tensão. Precisava confiar que Ettore sabia o que estava fazendo, mas a espera estava me matando.Enquant
AaronO impacto das palavras do segurança me deixou completamente desnorteado. Fiquei imóvel por alguns segundos, tentando processar a revelação que parecia surreal demais para ser verdade. Eric. O amante de Paolla era Eric.Minha raiva subiu como uma onda incontrolável. Me levantei abruptamente, minha cadeira arrastando no chão com um ruído seco.— É isso mesmo que estou ouvindo? — perguntei, minha voz mais alta do que o normal. — Eric? O meu melhor amigo?O segurança, Luiz, abaixou o olhar, claramente desconfortável com a minha explosão. Mas foi Ettore quem falou, sua voz firme e controlada.— É isso mesmo, Aaron. Foi o que ele revelou, e as provas que coletei confirmam isso.Passei as mãos pelos cabelos, andando de um lado para o outro. A raiva em mim era quase insuportável. Não era por Paolla — essa mulher significava menos que nada para mim agora. Mas Eric? Ele era como um irmão. O fato de ele estar envolvido com Paolla era uma traição em níveis que eu jamais imaginei possíveis.
Leonel BaumannConvidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.O jantar tr
AaronVi meu avô sair da sala com passos firmes, deixando para trás um misto de incredulidade e choque em nossos rostos. Não era possível que ele realmente estivesse impondo tal condição para passar o controle das Indústrias Baumann. Um bisneto? Era isso que ele queria em troca do poder?Olhei para Paola, minha esposa, sentada ao meu lado. Ela estava linda como sempre, sua postura perfeita e seu rosto inexpressivo. Paola sempre foi a esposa troféu ideal, vinda de uma família tradicional paulistana. Elegante, educada, exatamente o que eu precisava para manter as aparências. Mas filhos? Esse era um assunto que nunca tínhamos discutido seriamente.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Axel se dirigiu ao luxuoso bar no canto da sala. Pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de uma dose generosa.— Alguém mais quer? — ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Ele nos olhou, sabendo que as chances de aceitar sua oferta eram poucas.Annelise foi a primeira a se levantar, ain
RebeccaDeixar minha cidade natal não foi uma decisão fácil, mas foi necessário. Minha paixão pela pintura sempre foi uma constante em minha vida. Meus pais, devotos fervorosos de uma vida simples e religiosa, nunca compreenderam essa paixão. Para eles, minha arte era uma distração tola."Você precisa se concentrar nas coisas importantes, Rebecca. Deus tem planos para você, mas a pintura não é um deles," meu pai dizia sempre, seu tom severo e inflexível. Minha mãe, embora mais compreensiva, também não conseguia enxergar além do horizonte limitado da nossa pequena cidade no interior de São Paulo.Quando finalmente tomei a decisão de ir embora, estava assustada, mas determinada. Juntei todas as minhas economias, coloquei minhas poucas roupas e meus materiais de pintura em uma mochila e deixei uma carta para meus pais, explicando minha partida. Peguei o primeiro ônibus para São Paulo, minha cabeça cheia de planos e expectativas. Quando finalmente desci na estação de metrô mais moviment
AaronNão consigo acreditar no que estou prestes a fazer. Meu coração bate descompassado dentro do peito, uma mistura de excitação e nervosismo. Mas não vou recuar. Tenho um objetivo em mente e farei qualquer coisa para alcançá-lo.Chego ao apartamento indicado por Eric e paro em frente ao número na porta. Demoro um momento antes de tocar a campainha, meu dedo hesitante sobre o botão. Mas logo decidi seguir em frente. Não há espaço para dúvidas agora. Preciso concluir isso o mais rápido possível.A porta se abre lentamente e Eric está lá, com um sorriso de satisfação no rosto, totalmente impróprio para o momento. Ele me dá um aceno de cabeça e me deixa entrar, fechando a porta atrás de mim.— Que bom que chegou. Pensei que tinha desistido. Eu permaneço no mesmo lugar e deixo-lhe saber os meus pensamentos.— Confesso que essa ideia passou pela minha cabeça — Digo, sentindo a tensão aumentar sobre os meus ombros.— Mentalize aquela velha e importante frase de Maquiavel: Os fins justifi