PaollaAndava de um lado para o outro na sala do apartamento de Eric, meus saltos ecoando contra o piso de madeira, enquanto ele permanecia sentado no sofá, me observando com uma expressão de aborrecimento evidente.— Você falhou, Eric! — disparei, virando-me para encará-lo. — Se tivesse feito um trabalho decente, aquela garota já teria se afastado de Aaron.Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos com um gesto exagerado de exasperação.— Paolla, você não pode colocar a culpa toda em mim. — Sua voz era carregada de sarcasmo. — Talvez, se você tivesse feito algo para manter Aaron por perto, ele não teria corrido para os braços dela.Minha raiva ferveu como uma panela prestes a transbordar.— Feito algo? — repeti, quase rindo da audácia dele. — Eu não posso dar um passo sem que Ettore ou algum outro capanga dos Baumann esteja me seguindo. Você acha que eu não quero resolver isso?Ele riu, mas não havia nada de caloroso naquele som.— Seguindo você? Você está delirando, Paolla. Ettore
AaronDespertei na manhã de sábado com uma sensação de leveza, algo que há muito tempo não experimentava. Minha primeira reação foi procurar Rebecca ao meu lado. Quando meus braços a envolveram, senti seu corpo relaxar contra o meu, como se ela também estivesse esperando por esse gesto.Inclinei-me e a beijei levemente, o toque suave dos nossos lábios sendo o começo perfeito para o dia.— Bom dia, meu amor — murmurei, a voz ainda rouca do sono. — Como você está se sentindo hoje?Ela sorriu, os olhos brilhando na luz da manhã.— Muito bem, Aaron. E você?— Melhor agora — respondi, e era verdade. Cada manhã ao lado dela parecia um presente.Sem pensar duas vezes, abaixei-me para beijar sua barriga.— Bom dia para você também, pequeno. — Minha voz era cheia de ternura enquanto acariciava suavemente a barriga de Rebecca.Ela riu, aquele som leve e contagiante que sempre conseguia iluminar o meu humor.— Você parece muito animado hoje.Levantei o olhar para ela, sentindo um sorriso surgir
AaronEnquanto estávamos no parque, fiz o meu melhor para me desligar dos problemas de Anton. Era o nosso dia, meu e de Rebecca, e eu queria aproveitar cada momento ao lado dela. Mas, assim que voltamos para o apartamento e ela foi para o quarto se trocar, a preocupação voltou com força total.Peguei o telefone e liguei para Anton. Ele atendeu no terceiro toque, e a voz abatida que ouvi do outro lado da linha confirmou o que eu já sabia: ele estava péssimo.— Aaron — começou ele, sem nem tentar esconder a amargura. — Se está ligando para me dizer que tudo vai ficar bem, economize o discurso.— Não estou aqui para isso, Anton. Só queria saber como você está.Houve uma pausa, e quando ele respondeu, sua voz parecia cansada.— Estou... sobrevivendo. Mas é difícil, sabe? Ela não quer nem me ouvir. Não importa o que eu diga, Pietra está convencida de que eu tenho culpa de algo que nem sequer fiz.— Então continue tentando — insisti. — Prove a ela que está comprometido.Anton soltou uma ris
AaronAssim que entrei no escritório na segunda-feira, mal coloquei a pasta sobre a mesa e já peguei o telefone para ligar para Ettore.— Ettore, preciso saber o que tem pra me falar. Hoje. — Minha voz era firme, mas não agressiva.Do outro lado da linha, ele permaneceu calmo, como sempre.— Aaron, confie em mim. Na hora certa, eu irei até você.Fechei os olhos por um momento, tentando conter minha impaciência.— Hora certa? Ettore, já esperei tempo suficiente.— Eu entendo, mas não posso arriscar dar informações incompletas. Você sabe que trabalho com precisão.Soltei um suspiro pesado, percebendo que insistir não levaria a lugar algum. Ettore era metódico, e se ele achava que ainda não era o momento, então eu precisaria esperar.— Tudo bem. Mas não demore.— Não vou — prometeu ele antes de desligar.Deixei o telefone sobre a mesa e passei as mãos pelos cabelos, tentando aliviar a tensão. Precisava confiar que Ettore sabia o que estava fazendo, mas a espera estava me matando.Enquant
AaronO impacto das palavras do segurança me deixou completamente desnorteado. Fiquei imóvel por alguns segundos, tentando processar a revelação que parecia surreal demais para ser verdade. Eric. O amante de Paolla era Eric.Minha raiva subiu como uma onda incontrolável. Me levantei abruptamente, minha cadeira arrastando no chão com um ruído seco.— É isso mesmo que estou ouvindo? — perguntei, minha voz mais alta do que o normal. — Eric? O meu melhor amigo?O segurança, Luiz, abaixou o olhar, claramente desconfortável com a minha explosão. Mas foi Ettore quem falou, sua voz firme e controlada.— É isso mesmo, Aaron. Foi o que ele revelou, e as provas que coletei confirmam isso.Passei as mãos pelos cabelos, andando de um lado para o outro. A raiva em mim era quase insuportável. Não era por Paolla — essa mulher significava menos que nada para mim agora. Mas Eric? Ele era como um irmão. O fato de ele estar envolvido com Paolla era uma traição em níveis que eu jamais imaginei possíveis.
AaronAssim que saí da clínica, a raiva ainda pulsando em minhas veias, peguei o telefone e liguei para Rebecca. Precisava vê-la, como se ela pudesse me manter no controle.Ela atendeu após vários toques, sua voz doce e curiosa.— Aaron? Está tudo bem?— Sim... Quer dizer, não. — Passei a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. — Pode me encontrar na porta da sua escola?Houve um momento de silêncio, como se ela estivesse tentando entender o pedido repentino.— Claro. Estou saindo agora mesmo.Suspirei de alívio.— Obrigado. Estou a caminho.Dirigi para a escola de artes, os pensamentos correndo desenfreados. Eric. Paolla. Toda aquela traição. Não queria que Rebecca soubesse dos detalhes naquele momento. Não queria assustá-la antes de encontrar as palavras certas.Quando cheguei à frente da escola, Rebecca já estava lá, esperando. Mal estacionei e ela estava ao lado do carro, segurando a maçaneta. Assim que entrou, me olhou com preocupação.— O que aconteceu, Aaron?Eu não
PaollaCaminhando pelos corredores da Baumann, eu mantinha a cabeça erguida e a postura impecável, como sempre fazia, mas por dentro, a raiva fervia. Aaron, aquele ingrato, me tratou como se eu fosse nada.Ao dobrar um corredor, fui surpreendida pela figura imponente de Leonel, caminhando em sentido contrário ao meu. Ele me observou com o olhar analítico que eu tanto detestava, mas logo suavizou a expressão ao se aproximar.— Paolla, como você está? — perguntou, sua voz carregada de uma preocupação genuína que quase me fez revirar os olhos.Pobre Leonel. Sempre tão confiante de que pode controlar tudo e todos.Aproveitei a oportunidade como uma atriz consumada. Abracei-o, enterrando o rosto em seu ombro, fingindo estar à beira das lágrimas.— Leonel, eu estou tão arrasada. — Minha voz saiu embargada, mas medida na intensidade certa para soar sincera.Ele deu dois tapinhas nas minhas costas, afastando-se levemente para me encarar.— Eu sinto muito pelo que aconteceu entre você e Aaron.
RebeccaA aula daquele dia foi maravilhosa. Eu me sentia revigorada toda vez que trabalhávamos a parte prática, mas aquela em especial tinha sido diferente. Mesmo com a tensão do dia anterior ainda rondando minha mente, algo dentro de mim parecia mais sereno. Talvez fosse o reflexo da noite que Aaron e eu compartilhamos. Depois de tudo o que ele havia passado, vê-lo sair para o trabalho com um semblante mais calmo era um alívio.Estava saindo da sala de aula quando alguém começou a caminhar ao meu lado.“Rebecca, você tem planos depois da aula?”, perguntou Lilian, uma das minhas colegas de turma. Era surpreendente o quanto ela vinha se aproximando de mim nas últimas semanas. Sempre tímida, mas extremamente gentil, ela parecia ter encontrado um certo conforto em nossas conversas. O convite para um chá em seu apartamento, que ficava ali perto, veio acompanhado de um sorriso animado e eu, sinceramente, não vi motivos para recusar. Aaron não voltaria tão cedo para casa e, depois dos últi