AaronO impacto das palavras do segurança me deixou completamente desnorteado. Fiquei imóvel por alguns segundos, tentando processar a revelação que parecia surreal demais para ser verdade. Eric. O amante de Paolla era Eric.Minha raiva subiu como uma onda incontrolável. Me levantei abruptamente, minha cadeira arrastando no chão com um ruído seco.— É isso mesmo que estou ouvindo? — perguntei, minha voz mais alta do que o normal. — Eric? O meu melhor amigo?O segurança, Luiz, abaixou o olhar, claramente desconfortável com a minha explosão. Mas foi Ettore quem falou, sua voz firme e controlada.— É isso mesmo, Aaron. Foi o que ele revelou, e as provas que coletei confirmam isso.Passei as mãos pelos cabelos, andando de um lado para o outro. A raiva em mim era quase insuportável. Não era por Paolla — essa mulher significava menos que nada para mim agora. Mas Eric? Ele era como um irmão. O fato de ele estar envolvido com Paolla era uma traição em níveis que eu jamais imaginei possíveis.
AaronAssim que saí da clínica, a raiva ainda pulsando em minhas veias, peguei o telefone e liguei para Rebecca. Precisava vê-la, como se ela pudesse me manter no controle.Ela atendeu após vários toques, sua voz doce e curiosa.— Aaron? Está tudo bem?— Sim... Quer dizer, não. — Passei a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. — Pode me encontrar na porta da sua escola?Houve um momento de silêncio, como se ela estivesse tentando entender o pedido repentino.— Claro. Estou saindo agora mesmo.Suspirei de alívio.— Obrigado. Estou a caminho.Dirigi para a escola de artes, os pensamentos correndo desenfreados. Eric. Paolla. Toda aquela traição. Não queria que Rebecca soubesse dos detalhes naquele momento. Não queria assustá-la antes de encontrar as palavras certas.Quando cheguei à frente da escola, Rebecca já estava lá, esperando. Mal estacionei e ela estava ao lado do carro, segurando a maçaneta. Assim que entrou, me olhou com preocupação.— O que aconteceu, Aaron?Eu não
PaollaCaminhando pelos corredores da Baumann, eu mantinha a cabeça erguida e a postura impecável, como sempre fazia, mas por dentro, a raiva fervia. Aaron, aquele ingrato, me tratou como se eu fosse nada.Ao dobrar um corredor, fui surpreendida pela figura imponente de Leonel, caminhando em sentido contrário ao meu. Ele me observou com o olhar analítico que eu tanto detestava, mas logo suavizou a expressão ao se aproximar.— Paolla, como você está? — perguntou, sua voz carregada de uma preocupação genuína que quase me fez revirar os olhos.Pobre Leonel. Sempre tão confiante de que pode controlar tudo e todos.Aproveitei a oportunidade como uma atriz consumada. Abracei-o, enterrando o rosto em seu ombro, fingindo estar à beira das lágrimas.— Leonel, eu estou tão arrasada. — Minha voz saiu embargada, mas medida na intensidade certa para soar sincera.Ele deu dois tapinhas nas minhas costas, afastando-se levemente para me encarar.— Eu sinto muito pelo que aconteceu entre você e Aaron.
RebeccaA aula daquele dia foi maravilhosa. Eu me sentia revigorada toda vez que trabalhávamos a parte prática, mas aquela em especial tinha sido diferente. Mesmo com a tensão do dia anterior ainda rondando minha mente, algo dentro de mim parecia mais sereno. Talvez fosse o reflexo da noite que Aaron e eu compartilhamos. Depois de tudo o que ele havia passado, vê-lo sair para o trabalho com um semblante mais calmo era um alívio.Estava saindo da sala de aula quando alguém começou a caminhar ao meu lado.“Rebecca, você tem planos depois da aula?”, perguntou Lilian, uma das minhas colegas de turma. Era surpreendente o quanto ela vinha se aproximando de mim nas últimas semanas. Sempre tímida, mas extremamente gentil, ela parecia ter encontrado um certo conforto em nossas conversas. O convite para um chá em seu apartamento, que ficava ali perto, veio acompanhado de um sorriso animado e eu, sinceramente, não vi motivos para recusar. Aaron não voltaria tão cedo para casa e, depois dos últi
AaronQuando cheguei ao escritório naquela manhã, ainda estava tentando me concentrar nos problemas da empresa e deixar de lado as preocupações pessoais. Rebecca era minha prioridade, mas a confusão do dia anterior não saía da minha mente. Tudo naquela saída com Lilian parecia estranho, e mesmo Rebecca tentando explicar, uma dúvida persistia como um incômodo constante.Enquanto revisava um contrato, meu telefone vibrou. Era uma mensagem da secretária de Leonel:“Seu avô deseja falar com você com urgência.”Meu coração apertou. “Urgência” nunca era uma palavra positiva quando se tratava de Leonel. Respirei fundo, tentando me preparar para o que quer que fosse, e me dirigi à sala dele na cobertura do prédio.Assim que entrei, encontrei Leonel sentado atrás de sua mesa imponente, o rosto sério, quase severo. Ele não disse nada imediatamente, apenas indicou a cadeira diante dele.— Sente-se, Aaron.Sentei-me, tentando manter a calma enquanto ele me estudava.— Quero fazer uma pergunta sim
RebeccaEu não conseguia me concentrar em nada na aula daquela manhã. Aaron estava diferente. Ele tentou me convencer de que nada havia mudado, de que ainda confiava em mim, mas eu sentia no fundo do peito que algo estava errado.Ele estava distante.A forma como me olhou ao me deixar na escola de artes antes de ir para o escritório, como se estivesse travando uma batalha interna, apenas reforçava essa sensação.— Rebecca, você está bem? — Lilian perguntou ao meu lado, me tirando de meus devaneios.Pisquei algumas vezes antes de forçar um sorriso.— Sim, claro. Só estou um pouco cansada.Lilian pareceu hesitante, mas então sorriu.— Se quiser conversar, estou aqui.— Obrigada.Ela hesitou novamente antes de perguntar:— Conseguiu resolver as coisas com o seu namorado?O aperto no meu peito aumentou.Aaron.Fiz o possível para fingir uma animação que eu não sentia.— Sim, está tudo bem.Lilian pareceu acreditar, ou pelo menos fingiu que acreditava.— Ótimo! Então, vamos almoçar juntas?
AaronEu queria acreditar nela.Mas como acreditar quando as provas estavam bem diante de mim? Quando aquelas malditas fotos pareciam gritar uma verdade que eu não queria aceitar?Eu não queria ver Rebecca como uma traidora, como alguém capaz de brincar com meus sentimentos. Mas já havia passado por isso antes. Paolla me implorou para acreditar nela. Disse que tudo não passava de uma armação. E, no final, eu descobri que a única pessoa sendo enganada era eu.E se eu estivesse sendo enganado de novo?Os seguranças me avisaram que Rebecca estava parada na frente da escola de artes, aparentemente esperando por alguém. Meu estômago se revirou. Se não era eu, quem ela estava esperando?Acelerei o carro, praticamente ignorando os sinais vermelhos, guiado por uma urgência irracional. Algo me dizia que eu precisava estar lá. Que alguma coisa estava prestes a acontecer.E eu estava certo.Assim que estacionei, o que vi revirou o meu estômago. Rebecca estava lá, e ao lado dela, Eric. Ele segura
RebeccaEu não conseguia respirar.Aaron virou as costas para mim. Ele escolheu não acreditar. O homem que dizia me amar, que prometeu estar ao meu lado contra tudo e todos… foi embora.E me deixou ali. Sozinha. Com Eric.Minha visão ficou turva com as lágrimas, mas eu me recusei a deixá-las cair. Não na frente de Eric. E ele se aproveitou do momento.— Está vendo, Rebecca? — Sua voz era suave, mas carregada de veneno. — Se Aaron realmente te amasse, ele nunca teria acreditado em mim.Suas palavras cortaram fundo. Porque, de alguma forma cruel, eram verdadeiras. Meus punhos se fecharam, e eu senti minha respiração ficar irregular. Mas não era tristeza. Era raiva.Raiva de mim mesma por acreditar que ele nunca faria isso. Raiva por ter permitido que alguém como Eric entrasse na minha vida.Eric percebeu meu silêncio e tentou se aproximar.— Vamos, Rebecca. — Ele gesticulou para o carro, como se estivesse oferecendo uma salvação. — Entre. Eu vou te ajudar.Meu corpo estremeceu de desgos