Kimberly
Quando entrei em casa, a última coisa que eu esperava era encontrar minha irmã saindo do banheiro com um homem que eu nunca tinha visto na vida. Ele estava usando um roupão felpudo, o cabelo ainda molhado, como se tivesse acabado de sair do chuveiro. Kathleen estava ao lado dele, com uma expressão que eu só poderia descrever como um misto de surpresa e constrangimento.
Eu tinha dito a Kathleen que não jantaria em casa porque iria a um pub com uma antiga colega de faculdade. Mas, no fim das contas, acabei sentindo uma náusea terrível e cancelei o encontro. Decidi voltar para casa, esperando encontrar um pouco de paz e silêncio. Mas, claro, as coisas nunca são tão simples assim.
Eu não disse uma palavra. Nem "oi", nem "quem é vo
AxelEu estava concentrado na minha rotina matinal, tentando afastar os pensamentos sobre a noite anterior, quando Ettore entrou na cozinha e puxou uma cadeira diante de mim.— O que pretende fazer agora? — Ele perguntou sem rodeios, pegando uma xícara de café antes mesmo de eu responder.Eu sabia exatamente a que ele se referia. Kimberly. A cena da noite anterior ainda me incomodava. Eu tinha ido até sua casa decidido a resolver aquela situação, mas, em vez disso, fui recebido por um homem de roupão felpudo, recém-saído do banho. O desconforto e a irritação voltaram com força só de lembrar daquela imagem.— Vou treinar. — Disse, dando um gole no café. — E mai
KimberlyEu já tinha avisado ao meu chefe, Charles Whitaker, que havia tido um contratempo e não sabia a que horas chegaria ao trabalho. A ligação foi curta, mas o tom de sua voz deixou claro que ele não estava satisfeito. Charles sempre foi um homem meticuloso, controlador e, para ser sincera, um tanto pedante. Ele tinha uma maneira peculiar de fazer comentários que pareciam inofensivos, mas carregavam uma dose de sarcasmo que só eu parecia notar. Desta vez, porém, ele foi direto ao ponto.— Kimberly, esse *contratempo* seu tem alguma relação com a história que está circulando na mídia? — perguntou ele, com um tom que beirava o desdém. — Sobre você estar grávida de um jogador de futebol brasileiro?
AxelO treino daquele dia foi uma tortura. Eu tentei me concentrar, mas minha mente insistia em se fixar em Kimberly. Ainda assim, agi de maneira automática, como se meu corpo soubesse o que fazer mesmo quando minha cabeça estava em outro lugar.A chegada ao clube tinha sido caótica, com repórteres gritando perguntas sobre Kimberly e a gravidez. Fred e Ettore estavam certos, eu não poderia ter ido até ela de manhã. A situação tinha fugido do controle. Mas eu não podia perder o foco.Mesmo com a mente completamente dominada por pensamentos sobre Kimberly, consegui marcar dois gols durante o coletivo, e ao final do treino, o técnico me elogiou ao final, dizendo que meu rendimento tinha sido excelente, especialmente considerando a import&a
KimberlyEu estava furiosa.Eu saí da sala sem olhar para trás, deixando Axel sozinho após nosso encontro tenso. Segui diretamente para o quarto onde Kathleen e eu estávamos hospedadas. Ettore havia nos oferecido quartos separados, mas insisti em ficar com minha irmã, justificando que não ficaríamos muito tempo ali. Ele me olhou de maneira suspeita, como se soubesse mais do que estava disposto a dizer, mas naquele momento, ignorei.Agora, no entanto, ao perceber que já havia anoitecido e que ainda estávamos naquela casa, minha inquietação só crescia. Kathleen, sempre mais observadora do que eu lhe dava crédito, cruzou os braços e lançou um olhar calculista em minha direção.
Leonel BaumannConvidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.O jantar tr
AaronVi meu avô sair da sala com passos firmes, deixando para trás um misto de incredulidade e choque em nossos rostos. Não era possível que ele realmente estivesse impondo tal condição para passar o controle das Indústrias Baumann. Um bisneto? Era isso que ele queria em troca do poder?Olhei para Paola, minha esposa, sentada ao meu lado. Ela estava linda como sempre, sua postura perfeita e seu rosto inexpressivo. Paola sempre foi a esposa troféu ideal, vinda de uma família tradicional paulistana. Elegante, educada, exatamente o que eu precisava para manter as aparências. Mas filhos? Esse era um assunto que nunca tínhamos discutido seriamente.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Axel se dirigiu ao luxuoso bar no canto da sala. Pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de uma dose generosa.— Alguém mais quer? — ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Ele nos olhou, sabendo que as chances de aceitar sua oferta eram poucas.Annelise foi a primeira a se levantar, ain
RebeccaDeixar minha cidade natal não foi uma decisão fácil, mas foi necessário. Minha paixão pela pintura sempre foi uma constante em minha vida. Meus pais, devotos fervorosos de uma vida simples e religiosa, nunca compreenderam essa paixão. Para eles, minha arte era uma distração tola."Você precisa se concentrar nas coisas importantes, Rebecca. Deus tem planos para você, mas a pintura não é um deles," meu pai dizia sempre, seu tom severo e inflexível. Minha mãe, embora mais compreensiva, também não conseguia enxergar além do horizonte limitado da nossa pequena cidade no interior de São Paulo.Quando finalmente tomei a decisão de ir embora, estava assustada, mas determinada. Juntei todas as minhas economias, coloquei minhas poucas roupas e meus materiais de pintura em uma mochila e deixei uma carta para meus pais, explicando minha partida. Peguei o primeiro ônibus para São Paulo, minha cabeça cheia de planos e expectativas. Quando finalmente desci na estação de metrô mais moviment
AaronNão consigo acreditar no que estou prestes a fazer. Meu coração bate descompassado dentro do peito, uma mistura de excitação e nervosismo. Mas não vou recuar. Tenho um objetivo em mente e farei qualquer coisa para alcançá-lo.Chego ao apartamento indicado por Eric e paro em frente ao número na porta. Demoro um momento antes de tocar a campainha, meu dedo hesitante sobre o botão. Mas logo decidi seguir em frente. Não há espaço para dúvidas agora. Preciso concluir isso o mais rápido possível.A porta se abre lentamente e Eric está lá, com um sorriso de satisfação no rosto, totalmente impróprio para o momento. Ele me dá um aceno de cabeça e me deixa entrar, fechando a porta atrás de mim.— Que bom que chegou. Pensei que tinha desistido. Eu permaneço no mesmo lugar e deixo-lhe saber os meus pensamentos.— Confesso que essa ideia passou pela minha cabeça — Digo, sentindo a tensão aumentar sobre os meus ombros.— Mentalize aquela velha e importante frase de Maquiavel: Os fins justifi