Tank caminhou pensando em Amara, ele foi a figura paterna que nenhum deles teve, para ele Russo era como um pesadelo do qual não conseguiu acordar por muito tempo.Russo nunca foi um pai presente e afetuoso, mas era bom com a mãe de Tank, o soldado se lembrava de como o pai chegava em casa louco de saudade, suado dos treinos ou de alguma missão, mas fazia questão de procurar por Rosie.Na época Amara ainda era um bebê, mas Tank se lembrava das surras, uma vez defecou na roupa de tanto implorar para que o pai parasse, não adiantou.— Viadinho infeliz! Eu vou te matar!Os gritos de Russo enquanto batia no filho de dez anos com um pedaço de madeira eram sempre os mesmos, a única pessoa que conseguia pará-lo era Rosie, mas naquele dia ela estava na casa das amigas, tinham feito uma tarde de mulheres.Russo ficou com ciúmes, saiu para beber e quando chegou em casa encontrou Tank lavando a louça, o menino tinha fritado alguns ovos para comer e quis deixar a pia limpa para que a mãe não estr
Dallia seguiu a multidão, mas o rosto triste da garota com roupas provocantes não saia da cabeça de Olivia, havia algo estranho naquela menina, quase como se os olhos carregassem o peso do mundo.E foi exatamente com esses olhos que ela continuou olhando para Tank, o soldado estava de costas para ela, mas quase como se fosse uma espécie de premonição ele sentia o olhar dela queimar a sua pele. Exatamente como no dia em que fizeram amor.Russo não estava em casa e todas às vezes que o marido saia a menina usava as roupas velhas de Amara. Naquela manhã não foi diferente, o pai de Tank saiu antes do sol nascer, precisava cumprir as ordens do chefe de treinamento, a irmã estava na aula e o soldado voltou para casa depois que os treinos foram cancelados.Alguma coisa tinha acontecido que movimentou todos no condomínio, na época eles moravam em Nova York, tinham sido transferidos para o Texas a pouco tempo com a mudança do capo que até então mantinha sede no Brasil.Entrou com a cabeça cheia
No dia em que conversaram pela primeira vez, também foi o dia em que fizeram amor, exatamente assim, sem os sonhos que Dallia tinha, sem um flerte ou uma conversa, só o desejo cru de um homem por uma mulher.Tank sentia algo queimar em seu peito, algo que era mais forte que a lógica e muito mais cruel que o orgulho.Um desejo sujo, misturado com camadas de desprezo que ele tentava mascarar com raiva. Ela não merecia ser amada! Não depois de ter sido a mulher do seu pai. Não depois de ter se vendido tão barato em troca de um teto, de algum conforto.Era isso que Tank queria acreditar, no que precisava acreditar, mas sentiu, e olhando para ela se achou tão sujo quanto Russo, se viu igual a ele, desejando uma menina, a querendo quase com desespero.Ela não é ninguém! Tentou se convencer.Mas, então, ela o olhou.E aqueles olhos não pediam nada. Não suplicavam, não imploravam.E talvez por isso que ele se desarmou, esperava encontrar submissão e encontrou, vazio.Um tipo de liberdade crue
Levantou a perna da madrasta, o vestido velho da irmã fazendo companhia para o travesseiro que vestia sua camiseta, quase como se fossem personagens e não pessoas reais.Puxou para o lado a calcinha da menina, olhar fixo nos olhos dela. Pela primeira vez, uma pausa. Um segundo de silêncio absoluto em que o mundo poderia ter parado, e eles não teriam notado.O movimento começou lento, quase como se ele quisesse memorizar cada sensação. O calor, o encaixe perfeito, o arrepio que subia pela espinha. A forma como o corpo dela reagia ao dele, um suspiro preso na garganta.Mas a lentidão não durou muito.O desejo era maior do que qualquer tentativa de controle, e logo o ritmo aumentou, guiado pela urgência de sentir mais, de esquecer mais de não ser quem era, de viver.Fizeram amor sem promessas sussurradas, nem declarações românticas. Só gemidos, respirações ofegantes e o ruído dos corpos se chocando.Tank se perdeu nos toques, no gosto da pele dela, na forma como o corpo dela parecia pedi
Tank olhou para as estruturas ainda penduradas, o cheiro, alguns pedaços ainda estavam lá. Ficou claro que ninguém tinha conseguido passar por aquele teste. Quis perguntar o porquê justamente ele estava sendo feito de exemplo, mas a voz de Russo o fez parar.— MEU FILHO NÃO FEZ NADA!Endi olhou para o senhor que tentava pedir pelo filho, o nome de Russo havia sido um dos que o antigo conselho marcava no livro como sendo o principal para atuar como líder do condomínio de Nova Iorque, mas quando Ivan assumiu o assunto se perdeu.A formação do atual capo era em direito, gostava de ler aqueles livros, entender a história, ficou curioso. Provavelmente o pai conhecia aquele soldado, tinham mais ou menos a mesma idade, talvez tivessem trabalhado juntos.Sentiu pelo desespero daquele homem, mas ao mesmo tempo, quando o antigo soldado se aproximou foi como se um arrepio percorresse todo o seu corpo, um tipo de desconfiança que detestava sentir.Russo se ajoelhou na frente do chefe implorando p
Pablo parou talvez pela frase de Nick ou por perceber o tamanho do oponente, o fato é que desistiu de ficar bravo, ao menos enquanto o rapaz não falasse de Lis.— Tá ligado que ela tem idade para ser minha mãe, né? Relaxa.O hacker pensou algumas bobagens, mas que usaria mais tarde com a esposa, não gostava de falar besteira quando o assunto era Lis, mas adora colocar cada um dos pensamentos quentes que tinha com ela. Não disfarçou o sorriso.— Fala aí, mas seja lá que for, a resposta é não.— Pega leve, Pablo. Quero pedir para que fiquem com o Arjun e a Zuri para mim.— Opa! Isso sem problemas. Desde que a Dayse foi para a Alemanha a casa parece a página inicial da Microsoft, todo mundo sabe que é bom, mas ninguém sabe para quê.Nick deu risada apesar de não entender a piada, nem sabia que a Microsoft tinha uma página inicial, mas com Pablo o caminho da política era sempre o melhor.— Vou para a Itália, Endi me falou sobre o conselho, isso sem contar que tenho um assunto de família p
As prioridades de cada um são mesmo muito diferentes, enquanto Endi jamais levaria Mel para uma zona de confronto, Nick acreditava que essa era a maior prova de amor que podia oferecer. E ao mesmo tempo, também tinha planos para aquela viagem e já que estava sendo obrigado a ir, queria fazer o melhor possível com o que tinha. A próxima pessoa da lista de Nick foi a médica, procurou por Lara, mas foi recebido por Muralha. — Oi O marido de Lara permaneceu em silêncio olhando para o rapaz como se olhasse para um inseto que ninguém quer chegar perto e por isso, só se observa até que ele vá embora. O olhar de Muralha parecia exatamente isso, alguém que quer garantir que o incomodo se mantenha longe o bastante para que ele não precise ter o trabalho de se livrar de algo que desprezava. — Eu quero falar com a Lara. — Não — É importante, preciso falar com ela, já resolvemos nossas contas, você me perdoou, lembra? Muralha balançou a cabeça negando ter perdoado o rapaz, para ele o que t
Lara foi cuidar de Ive enquanto o marido assumiu Lucca e o pai do garotinho não perdeu a oportunidade de falar com o filho, mesmo que o garotinho não passasse de um bebê.— Muito bom, vou te dar uma faca no seu aniversário. Pode ser que precise para defender a sua amiga.— Não podeLucca estava repetindo o que a mãe sempre dizia, mexer com facas ainda era proibido, a médica tinha receio de que o filho se machucasse.— Pode sim, mas só para trabalho e depois que aprender como usar. Eu te ensino.No colo do pai o menino realmente parecia um bebê, mas no chão ou ao lado de Ive a diferença de idade entre ele e a amiguinha parecia enorme, apesar de não existir.Foi a primeira coisa que pensou quando Lara apareceu com Ive no colo e Muralha com o filho, acabou sorrindo quando Lucca esticou a mãozinha e a médica passou a menina para o colo do marido.Lucca gostava de mexer nos cabelos da garotinha, foi a primeira vez que Nick percebeu que de fato o menino era idêntico ao pai. A semelhança com