Lara foi cuidar de Ive enquanto o marido assumiu Lucca e o pai do garotinho não perdeu a oportunidade de falar com o filho, mesmo que o garotinho não passasse de um bebê.— Muito bom, vou te dar uma faca no seu aniversário. Pode ser que precise para defender a sua amiga.— Não podeLucca estava repetindo o que a mãe sempre dizia, mexer com facas ainda era proibido, a médica tinha receio de que o filho se machucasse.— Pode sim, mas só para trabalho e depois que aprender como usar. Eu te ensino.No colo do pai o menino realmente parecia um bebê, mas no chão ou ao lado de Ive a diferença de idade entre ele e a amiguinha parecia enorme, apesar de não existir.Foi a primeira coisa que pensou quando Lara apareceu com Ive no colo e Muralha com o filho, acabou sorrindo quando Lucca esticou a mãozinha e a médica passou a menina para o colo do marido.Lucca gostava de mexer nos cabelos da garotinha, foi a primeira vez que Nick percebeu que de fato o menino era idêntico ao pai. A semelhança com
Nick se levantou para seguir a médica, mas voltou da porta, ainda tinha algo que gostaria de falar ao marido de Lara.— Posso?O rapaz falou apontando para as crianças que estavam no tapete e recebeu o consentimento de Muralha apenas com um gesto curto do pai de Lucca.Ao contrário do que o marido de Lara imaginou, Nick não pegou a irmã, se sentou na frente de Lucca e fez um carinho na perninha do menino. Quando Ive percebeu segurou a mão do irmão, e só então o garotinho também cedeu, até aquele momento estava com a testa enrugada e um bico enorme.Nick primeiro pegou Ive, sabia que era um bom jeito de fazer Lucca aceitar o colo de qualquer pessoa. E como imaginou o garotinho seguiu a amiga.O rapaz ergueu o bebê e cochichou algo no ouvido de Lucca.Só então se levantou deixando as crianças tranquilas e olhou para Muralha.— Não precisa me perdoar, mas quero que saiba que eu me arrependo do que eu fiz e das coisas que eu falei. Não somos amigos e mesmo assim, aprendi mais com você sob
Sara sentiu o coração sangrar ao ver o filho daquela forma, mas havia prometido que nunca mais seria complacente com Nick, ele precisava aprender, mesmo que fosse da forma mais difícil que o mundo não podia girar em torno dele.E foi em meio a essa confusão que Nick se lembrou de Ivan, por alguma razão o pai estava procurando por ele, deixou a mãe sem responder nada sobre aquele assunto, havia alguém que normalmente tinha as respostas, mesmo que fossem as mais duras.Procurou pelo telefone, olhou as mensagens, depois da primeira outras haviam chegado, mas sempre com o mesmo conteúdo, um pedido de perdão que Nick já achava desnecessário.Ligou para o pai apesar de acreditar que ele não atenderia, Fera tinha o hábito de nunca atender. Sara era quem mais sofria com isso, até que ela optou por agir diferente, também parou de ligar, assim que o marido saia pelo portão do condomínio ela pegava o celular e guardava junto com as suas joias, pedia para Pablo trocar a senha do cofre e enviar po
Nick ainda ficou um tempo conversando com o pai, conversaram sobre tudo, inclusive sobre a gravidez de Olívia e esse assunto deixou o Fera desconfortável.— Ela estava casada com ele filho.— Eu sei, mas ela nunca quis isso. Eu sei que não, ela me ama, pai, do mesmo jeito que eu a amo.Ivan não tinha tanta certeza, conhecia o filho, sabia que se Olíe estivesse morta ele jamais se recuperaria, nunca teria se casado com outra garota, aliás enquanto procuravam por Olívia esse era o maior medo de Ivan, tinha certeza de que o que mantinha o filho vivo era o desejo de ter aquela menina de volta.— Um filho tira tudo do lugar Nick, pensa bem.— Não tem o que pensar. É a minha ratinha, é ela pai.Nick queria dizer que se Ivan continuasse acabariam discutindo, mas ao mesmo tempo não queria brigar com o pai, Fera parecia tão diferente do homem implacável que conhecia que teve medo de que qualquer coisa o fizesse desmoronar. Então mudou o assunto antes que se perdesse.— Como faço para convencer
Nick se sentou no sofá, colocou uma perna sobre o assento e fez com que Olíe se encostasse em seu peito, gostava de tê-la daquela forma, perto, protegida, dele.Contou o que sabia, falou com cuidado o que tinha ouvido de Endi e como todas as coisas tinham saído do controle.— Você nasceu aqui, ratinha. Uma filha da máfia exatamente igual a Mel e a mim. O problema é que a sua mãe não teve a sorte de poder cuidar de você. Alguns dizem que você é filha de um soldado baixo que aproveitou a ascensão do meu pai para fugir para o Brasil. Não quis assumir o relacionamento que tinha com a sua mãe e ela terminou sozinha.— Um soldado? Meu pai está no Brasil?— Não, quer dizer, eu não sei. Outras pessoas acham que a sua mãe já estava grávida quando se envolveu com esse soldado e essa seria a explicação para ele ter abandonado ela quando descobriu a gravidez. Homens como nós valorizamos a família, seria quase impossível que um soldado abandonasse a mulher esperando um filho dele.— Mas abandonari
Nick contou o que viu naquela tarde, havia demorado mais do que Olívia para que o corpo cedesse ao efeito da droga e por isso, sabia o nome do homem que a levou.— Vikran? Eu lembro dele! Ele namorava com ela, sempre ia na nossa casa e eu me escondia, eu sempre me escondia. Aqueles homens eram estranhos, diferentes dos professores da escola ou do meu padrinho.Olívia se lembrou da forma como os homens que frequentavam a casa de Helena olhavam para ela, mesmo sem saber o porquê, ela sentia medo, repulsa, nojo.Ela não sabia o motivo que eles a olhavam com desejo, mas Nick sim. Eles eram clientes e não visitantes, conheciam o corpo de Olívia desde que ela era só uma criança e cada um deles gostaria de ser o primeiro a ultrapassar os toques.O rapaz sentiu o estômago embrulhar, era doentio demais que pessoas fossem capazes de olhar uma criança daquela maneira.Nick respirou mais fundo, apertou ainda mais o abraço em torno do corpo pequeno da menina, um movimento involuntário, como se qui
Nunca foi sobre falta de confiança, muito menos sobre achar que Nick não conseguiria lidar com aquele mundo, só que para Olívia nada valia o risco de vê-lo machucado. Ela ainda estava com as costas no peito do namorado e Nick abaixou para falar, não afrouxou o abraço, a queria daquele jeito, com ele, para ele e se havia algo que o rapaz podia entender eram aquelas lágrimas, também entrava em pânico todas as vezes que se lembrava de que aquela história ainda não tinha acabado. — Vem comigo, ratinha? A gente cuida um do outro. Nick cochichou no ouvido da namorada quase como se fosse um segredo, algo só deles. E era exatamente assim que o rapaz enxergava o amor, não o cuidado exagerado de Muralha por Lara, nem a entrega total de Júlia por Sombra. Se deu conta naquele momento que tudo o que sabia sobre amor tinha aprendido com os pais. Na casa de Sara e Ivan não havia aquele que mandava mais, que cedia sempre, nem o que cuidava acima de tudo. Existia uma espécie de equilíbrio bonito
E foi em meio as lágrimas desconfiadas de Arjun e o abraço doce de Zuri que Nick saiu da casa de Lis deixando para trás duas pessoinhas que praticamente tinha acabado de conhecer e ainda assim amava como se carregassem realmente o seu sangue.Pensou sobre isso por alguns segundos.Será que a genética é mesmo tão importante quanto dizem?Afastou o pensamento quando a mente o fez olhar direto para a barriga inexistente, mas que carregava um bebê que ele não sabia se seria capaz de amar.Não podia pensar sobre aquele assunto, não agora que tanta coisa estava em jogo, saiu com a namorada lutando para conseguir lidar com os soluços que ficaram para trás, ao menos Zuri estava com Arjun e parecia destemida como uma guerreirinha.Assim que saíram Sara pediu que o filho conversasse com o piloto, primeiro ela havia planejado irem de helicóptero até o hangar, depois o senhor explicou que seria mais rápido de fossem para o aeroporto comercial, onde poderiam usar um jatinho ao invés de um avião co