Nick foi chamado para um encontro estratégico com Omar e Dawood, no mundo poucas coisas se movimentam tão rápido quanto duas organizações criminosas em busca de evitar uma guerra que ninguém queria, mas que estava beirando o inevitável. Os passos estavam tranquilos, diferentes do que Sombra esperava que fossem. Na mesa, uma moça loira extremamente bonita estava segurando a mão de Omar quando o rapaz a viu o coração bateu forte no peito, sentiu como se o mundo desaparecesse e só os cabelos daquela menina existissem. Se apressou, mas assim que olhou para a garota os olhos se prenderam na coleira, a réplica perfeita da marreta de Thor, o Deus do trovão que Olíe dizia que ele se parecia. Os olhos se encheram de lágrimas imediatamente, mas sorriu. Apesar da dor que sentiu, da vontade de arrancar aquela joia do pescoço da garota e gritar que ela não tinha o direito. A risada dolorida veio em meio a um pensamento bobo. Duas réplicas e nenhuma verdade. Aquela garota era tão falsa quanto
Não teve a resposta que procurava, mas teria, não se importou com que precisaria fazer, havia deixado de se importar com qualquer coisa há muito tempo.Todas as manhãs tomava meio litro de óleo de rícino puro, a textura era horrível, mas de alguma forma, aquilo o ajudava, lembrou do que uma médica da família explicou sobre a doença que o martirizou durante toda a vida.— Não tem nada de errado com você. Imagine que a única forma de transportar comida dos campos para a cidade fossem os trens e essas locomotivas simplesmente não pudessem mais funcionar, todos os trens do mundo inteiro parassem, o que aconteceria?— As pessoas das cidades ficariam famintas.— Exatamente Nick, o seu cérebro está faminto. As locomotivas que deveriam estar levando o alimento até ele não funcionam em você, mas agora imagine que apesar desse caos, seja possível que aviões levem quilos e mais quilos de salgadinho, chocolate, biscoitos recheados, e toda essa porcaria industrializada. O que que as pessoas famint
Segurava o papel com tanta força que as beiradas amassaram enquanto o vermelho ficava mais intenso. Era como se cada gota daquele vermelho queimasse a sua alma, cada traço do desenho tivesse sido pintado com a angústia de Olivia.— Não…Ele entendeu que cada um daqueles desenhos foi desenhado com sangue, com o sangue que ele não estava lá para evitar que caísse, a imaginou sozinha, lutando para sobreviver em meio a doçura que só é possuía, que só alguém com a alma de Olívia seria capaz. Ninguém além dela transformaria a dor em arte, só a sua ratinha.Foi arremessado para o passado, o dia em que ela foi levada por Vikran, as noites intermináveis sem respostas, os rostos que olhavam para ele com pena, como se soubessem algo que só ele não sabia. O som da risada de Olívia, os beijos, o jeito que ela parecia não conseguir controlar a respiração sempre que se beijavam e apesar da falta de ar ela o puxava de novo e de novo.— Nick, filho! Escuta. Precisa ver isso.Entregou o celular para o
Correu, mas isso não significava o fim, ao menos não para Nick, não estava desesperado pela fala do padrinho, sabia que Olie estava viva, mas também sabia que aquele vídeo era real.Chorou, chorou como se as lágrimas pudessem apagar aquelas cenas, a dor que sentia, o absurdo daquela luta que Olívia travou sozinha. Lembrou do corpo pequeno e ainda assim, deliciosamente provocante, quando conheceu Olívia ela parecia só uma adolescente rebelde, roupas largas e estranhas, olhar confuso, e um jeito estranho. Mas a primeira vez que a viu de biquini, quase infartou com o que sentiu.Queria conversar com a irmã, tinha acesso livre a casa de Mel, abriu a geladeira, pegou uma garrafa com água e foi para os fundos da casa.O dia quente o fez beber no gargalo, achou que a irmã estivesse com as crianças na piscina, mas o que encontrou o fez esquecer completamente de Mel e dos sobrinhos.Olie deitada na espreguiçadeira, perdeu o fôlego. A boca secou ao mesmo tempo em que salivava. O sangue corria
Depois de assistir aquele vídeo, passou a noite andando sem rumo, lembrando do sangue, da dor, do nome escrito no papel. Imaginava, mas sempre o pensamento lhe dizia o pior, Nick tentava se convencer de que ninguém teria coragem de machucar alguém tão doce quanto Olíe.Mas naquele vídeo, havia a prova irrefutável de que estava errado, de que a crueldade humana não tem limites.E apesar dela ter escrito com o próprio sangue naquele papel, ele não era o Deus do trovão e nem conseguiu encontra-la antes que ela descobrisse que o mal existe em uma forma tão miserável que era capaz de fazer um homem adulto espancar uma criança que só estava lutando pela própria liberdade.THOREla passou a chamá-lo daquele jeito em um tempo do passado que ele nem mesmo imaginava que Olívia significaria tanto para ele.Os castigos na máfia são escritos com sangue, não há misericórdia, nem mesmo para quem nasceu entre eles, aliás, para os filhos da máfia o peso do erro é mil vezes maior, afinal, nasceram sob
Se ao menos naquele dia tivesse tido coragem de dizer a Olivia que nunca deu atenção aquelas garotas, que beijos e amassos no escuro jamais seria o que ela imaginava ser, ao menos não com ele, ao contrário, tinha raiva daquelas meninas, tanta que brincar com elas ofereceu um tipo de prazer que não tinha nada a ver com sentimentos ou desejos.Escolheu a dedo cada uma das garotas que ficou na noite em que voltou para o condomínio, lembrava dos rostos, das risadas e principalmente dos comentários. “Cabeça pequena! Morto de fome! A segunda filha do chefe”.Foi motivo de piada para aquelas garotas tantas vezes que os nomes ficaram gravados em sua mente por muito tempo, mas quando voltou, não se parecia, nem de longe com o garoto franzino que elas desprezavam. Tinha se tornado um homem e com todos os detalhes fúteis que elas admiravam, músculos, dinheiro, poder e arrogância.No dia em que Olíe o confrontou com o fato de que elas não estavam lá para ajudá-lo ele acabou rindo, nunca esperou qu
Foi com essas lembranças que Nick se cobriu na noite em que assistiu o vídeo de Olívia, já tinha visto mulheres serem espancadas, injustiças acontecerem e muitas vezes nem mesmo se importou.Mas as coisas mudam quando saímos do papel de espectadores e entramos no de protagonistas.Aquele vídeo foi o estopim de algo que sempre esteve prestes a explodir, havia deixado que Bode vivesse, tinha um plano, mas agora o ódio havia crescido em seu peito de uma forma que não podia controlar.Chegou a uma casa simples, mas até aquele momento, não deveria ser uma prisão, no máximo uma hospedagem forçada.Abriu a porta com tanta violência que a maçaneta cedeu com a força que usou, a madeira bateu no móvel que havia ao lado e o garotinho que ainda estava dormindo acordou assustado.Estava decidido, ao menos pensou que estava, mas o menino que deveria chorar e tentar fugir correu até Nick e o abraçou.— Estava com medoO menino que devia ter entre cinco e seis anos olhou para cima, mas continuou abra
Usou a foto daquela brincadeira para chantagear o mercenário, precisava que ele acreditasse, porque se precisasse machucar Arjun para ter Olívia de volta, temia que não seria capaz.Tirou Bode do baú, o homem estava completamente mole, o calor causou uma desidratação que enfraqueceu o mercenário ao ponto de ele não conseguir nem mesmo manter o próprio corpo em pé.Nick pegou um balde e encheu com água, jogou sobre ele fazendo com que os espasmos daquele homem, lembrasse de um peixe fora da água.— Acordou, verme? Lembra o que eu te disse? Um pelo outro.Mostrou a foto de Arjun, sabia que homens como Bode não cediam até terem uma prova. Depois de um tempo, percebeu que o mercenário realmente acreditava que Jane era só mais uma dançarina do clube de Omar.Falou chorando enquanto implorava pelo filho.— Por favor, é só uma putα, te arrumo quantas mulheres você quiser, só deixa meu Arjun em paz ele não te fez nada, por favor!Nick sentiu o ar faltar quando Bode chamou Olívia de putα, mas