Se ao menos naquele dia tivesse tido coragem de dizer a Olivia que nunca deu atenção aquelas garotas, que beijos e amassos no escuro jamais seria o que ela imaginava ser, ao menos não com ele, ao contrário, tinha raiva daquelas meninas, tanta que brincar com elas ofereceu um tipo de prazer que não tinha nada a ver com sentimentos ou desejos.Escolheu a dedo cada uma das garotas que ficou na noite em que voltou para o condomínio, lembrava dos rostos, das risadas e principalmente dos comentários. “Cabeça pequena! Morto de fome! A segunda filha do chefe”.Foi motivo de piada para aquelas garotas tantas vezes que os nomes ficaram gravados em sua mente por muito tempo, mas quando voltou, não se parecia, nem de longe com o garoto franzino que elas desprezavam. Tinha se tornado um homem e com todos os detalhes fúteis que elas admiravam, músculos, dinheiro, poder e arrogância.No dia em que Olíe o confrontou com o fato de que elas não estavam lá para ajudá-lo ele acabou rindo, nunca esperou qu
Foi com essas lembranças que Nick se cobriu na noite em que assistiu o vídeo de Olívia, já tinha visto mulheres serem espancadas, injustiças acontecerem e muitas vezes nem mesmo se importou.Mas as coisas mudam quando saímos do papel de espectadores e entramos no de protagonistas.Aquele vídeo foi o estopim de algo que sempre esteve prestes a explodir, havia deixado que Bode vivesse, tinha um plano, mas agora o ódio havia crescido em seu peito de uma forma que não podia controlar.Chegou a uma casa simples, mas até aquele momento, não deveria ser uma prisão, no máximo uma hospedagem forçada.Abriu a porta com tanta violência que a maçaneta cedeu com a força que usou, a madeira bateu no móvel que havia ao lado e o garotinho que ainda estava dormindo acordou assustado.Estava decidido, ao menos pensou que estava, mas o menino que deveria chorar e tentar fugir correu até Nick e o abraçou.— Estava com medoO menino que devia ter entre cinco e seis anos olhou para cima, mas continuou abra
Usou a foto daquela brincadeira para chantagear o mercenário, precisava que ele acreditasse, porque se precisasse machucar Arjun para ter Olívia de volta, temia que não seria capaz.Tirou Bode do baú, o homem estava completamente mole, o calor causou uma desidratação que enfraqueceu o mercenário ao ponto de ele não conseguir nem mesmo manter o próprio corpo em pé.Nick pegou um balde e encheu com água, jogou sobre ele fazendo com que os espasmos daquele homem, lembrasse de um peixe fora da água.— Acordou, verme? Lembra o que eu te disse? Um pelo outro.Mostrou a foto de Arjun, sabia que homens como Bode não cediam até terem uma prova. Depois de um tempo, percebeu que o mercenário realmente acreditava que Jane era só mais uma dançarina do clube de Omar.Falou chorando enquanto implorava pelo filho.— Por favor, é só uma putα, te arrumo quantas mulheres você quiser, só deixa meu Arjun em paz ele não te fez nada, por favor!Nick sentiu o ar faltar quando Bode chamou Olívia de putα, mas
Nick abriu a porta, não que isso fosse uma escolha, ele cresceu vendo os homens da organização terem medo das decisões do conselho, até mesmo o capo estava abaixo deles, mas com Endi as coisas eram muito diferentes. O novo capo tinha um tipo de frieza capaz de congelar a alma de quem o olhasse. Não havia nenhum tipo de moralidade nas decisões do atual líder, homens, mulheres e crianças respondiam a mesma lógica estática de que o certo e o errado são contrapontos claros.Um monstro que habitava um corpo humano, Endi era o que chamamos de sociopata, alguém capaz de sentir prazer com a dor e o sangue dos outros, a única forma de se manter vivo, era seguindo as regras, por isso, apesar da frustração, Nick abriu a porta para o cunhado. — O que você está fazendo aqui? Eu disse que queria ficar sozinho.— E vai ficar, não me importo com você. Vim resolver um assunto meu e minha mãe me pediu pra te obrigar a comer.Todos têm pontos fracos, até mesmo pessoas com Endi Foster, o capo não se im
As piores buscas sempre serão as mais bonitas, Nick estava perdido em dores, desconfianças e conflitos.Mas Olívia, a menina que ele tanto procurava, diferente dele, sabia exatamente o que queria e onde queria estar.Ambos buscavam a beleza no passado, sem se darem conta de que talvez, a felicidade estivesse a um passo. Enquanto Jane fazia a maquiagem tentando cobrir os hematomas que Omar havia deixado em seu rosto, as lágrimas caiam estragando tudo, mas não estava chorando pelas marcas, nem pela dor, era pelo rapaz que estava sentado naquela mesa há quilômetros de distância de casa.No começo, imaginou que fosse só uma coincidência terrível, algum tipo de brincadeira do destino. Achou que Nick estivesse ali pelos mesmos motivos que centenas de homens antes dele, apenas em busca de diversão sem compromisso.Achou que ele já nem se lembrava dela, talvez ela pudesse se sentar naquela mesa e beber ao seu lado e Nick não se lembraria da promessa que fez. “Vou te fazer Olívia Bianchi”.Ma
Jordan não costumava se deixar envolver, não por garotas que ele pagava, tinha uma linda esposa esperando por ele nos Estados Unidos, o tipo de mulher com quem qualquer homem gostaria de estar, mas que ele simplesmente não conseguia sentir desejo.Ficou bravo quando sentiu pela garota em seus braços a mesma coisa que sentia por Deby. Um carinho que quase não cabia no peito e ao mesmo tempo, uma indiferença sexual além do normal.Não a levou para o salão onde estavam sendo esperados, fez o oposto, carregou a garota para o quarto e cuidou de Jane até que ela acordasse.— Oi, mocinha. Como você se sente?Jane ainda estava aérea, mas lembrava do sonho que teve, de ver Nick afastando o rosto, apesar disso, a resposta que deu a Jordan foi a menos provável.— Você é muito bonito.Jordan continuou com o rosto sério e Jane não entendeu o que estava acontecendo.— Desculpa, posso te recompensar pelo trabalho que dei.Tentou beijar o boxeador, mas ele a segurou pelos ombros.— Que idade você tem
Jordan saiu do quarto pensativo, não tinha poder contra aquelas pessoas, mas sabia que o dinheiro podia comprar o que quisesse. O treinador costumava avisá-lo para tomar cuidado com pessoas como Omar e aquela noite, foi a primeira que ele acreditou que o senhor talvez estivesse certo.Os passos que deu até o salão principal foram decididos, a música ainda estava alta, mas quando viu Omar achou que podia aproveitar o momento para descobrir um pouco mais sobre o indiano.O gerente da antiga casa 64 estava falando com alguém ao telefone, visivelmente nervoso, os passos ecoavam pesados pelos corredores, nem mesmo se deu conta da aproximação de Jordan.O boxeador se escondeu atrás de uma pilastra de concreto e ouviu parte da conversa. - Quem disse isso, Naldo? Tem certeza de que ele está com o americano? Jordan não conhecia o outro lado daquela conversa, mas percebeu que a outra pessoa estava repassando informações importantes para Omar. - Eu sei disso, pago a escola daquele retardado.
Nick estava esperando por aquela festa desde que Bode lhe avisou.Ficou ansioso, imaginou como seria encontrar a namorada, primeiro pensou que ela correria para ele, depois que ela fugiria do que tinha se tornado, tentou amarrar os cabelos, quis fazer a barba, estava pensando sobre isso quando Endi o chamou.— Por que não vem comigo para o Hotel? Descansa um pouco, toma um banho e depois vai para o seu compromisso.Nick estava ali porque precisava se enturmar, não podia ser visto como uma ameaça e agora que estava perto de encontrar Olívia, não podia arriscar que Omar descobrisse que estava vivo. Olhou para o celular, ainda tinha algumas horas para a festa que iria àquela noite.— Posso mesmo?Se empolgou, queria ficar bonito, ao menos apresentável, precisava que ela o visse com os mesmos olhos do passado, estava escondido em um quarto sem nenhum tipo de conforto. Desde a explosão, precisava que acreditassem que ele estava morto, por isso, estava ali.— Estou te chamando, não estou?N