Endi tinha suas preferências, o destino de Tank teria sido o mesmo ainda que Nick não tivesse espancado o soldado. Gostava de resolver seus assuntos com cautela, acreditava que todos tinham o direito de aprender, e ensinar era sempre um prazer. Uma senhora comentou baixinho com a filha. — Essa menina tem coragem, nem o próprio Sombra desafiaria o chefe desse jeito. Ela estava se referindo a Olívia, apesar de não perceber quando Endi estendeu a mão ela simplesmente ignorou ninguém menos do que o chefe da máfia e correu para os braços de Nick. Não quis desafiar a liderança de Endi e muito menos ser ingrata pela proteção que o capo estava oferecendo, apenas correu para onde se sentia segura. Nick abraçou a menina, Olie estava gelada, talvez pela brisa da madrugada texana, ou pela angústia da incerteza, mas se aninhou no calor do corpo do único homem que amou. Os comentários continuaram, algumas pessoas achavam que Endi faria do casal um exemplo, mas o capo além de não
Tank não era apenas um dos homens mais eficientes da máfia, ele também esteve à frente de muitas missões, ajudou a construir o que eram hoje, e sentia saudades da época em que a violência era exaltada ao invés de ser reprimida.Sombra o pai do atual capo havia treinado a maioria dos homens que hoje ocupavam posições estratégicas na organização e Tank era um deles.Não conseguia entender como um homem com a história de Sombra podia ser pai de alguém como Endi.— Brigamos entre irmãos, senhor.— É, talvez pudéssemos dizer que sim, mas o que eu vi foi você sendo surrado na frente dos seus companheiros sem que ninguém movesse um dedo para te ajudar. Estou certo, Tank? Nick, ergueu a mão contra um irmão dentro da nossa casa?O soldado sentiu a esperança brotar em seu peito novamente, talvez houvesse alguma chance de escapar por cima naquela situação.— Sim, senhor! Eu estava jogando com um companheiro e o filho do Fera apareceu do nada. Exatamente como fez com os outros soldados um pouco m
A imagem começava com Nick conversando com um amigo, Kwami e uma senhora estavam na cena. A mulher que apareceu servindo um café estava sorridente e serviu aos dois homens com tranquilidade antes de partir.Endi pediu para que o hacker pausasse a cena e olhou mais uma vez para Tank antes de continuar.— Cada centímetro desse lugar é gravado, não apenas por câmeras, mas também por drones. Temos o áudio, mas posso garantir que Marina não estava assustada com a presença de Nick.O rapaz se lembrava daquela parte, Marina estava flertando com Kwami, se recordava de brincar com a situação e provocar o amigo, mas o senhor africano tinha garantido que só estavam sendo gentis um com o outro.Endi pediu para que Pablo continuasse, mas assim que a cena se desenrolou com um homem machucado implorando por ajuda, Zuri se agarrou a Nick.— PAI!Os olhinhos de Zuri estavam enormes e Nick se abaixou antes de abraçar a filha.— Não olha, lindinha. Não olha.Endi corrigiu o cunhado.— Pode olhar Zuri, e
E como se realmente aquela execução fosse um show, a multidão se animou, mesmo aquele que não tinham certeza se concordavam queria assistir.Nem todos concordavam com a morte de Tank, alguns pensavam que as boas ações deviam ser pesadas, o soldado tinha entregado muitos anos de serviços à máfia. Ainda assim, a única pessoa que se desesperou foi Amara.— TANK!A menina correu para perto do irmão, não queria ficar sozinha! E dessa vez ele a abraçou, tinha sonhos para ela, achou que estaria sempre por perto para proteger a “sua foquinha”, chamava Amara de pequena foca porque quando a ensinou a nadar a menininha bateu palmas desengonçada como se fosse realmente uma foca.— Escuta, Amara, fica longe dele. Tranca a porta e fica longe dele entendeu?— Tank, não! Por favor, eu te amo.— Também te amo, foquinha. Só me promete que vai ficar longe dele e se achar que não vai conseguir, conta pro chefe. Corre o mais rápido que conseguir e conta tudo, Amara.A garota não entendeu, Tank nunca a dei
Tank caminhou pensando em Amara, ele foi a figura paterna que nenhum deles teve, para ele Russo era como um pesadelo do qual não conseguiu acordar por muito tempo.Russo nunca foi um pai presente e afetuoso, mas era bom com a mãe de Tank, o soldado se lembrava de como o pai chegava em casa louco de saudade, suado dos treinos ou de alguma missão, mas fazia questão de procurar por Rosie.Na época Amara ainda era um bebê, mas Tank se lembrava das surras, uma vez defecou na roupa de tanto implorar para que o pai parasse, não adiantou.— Viadinho infeliz! Eu vou te matar!Os gritos de Russo enquanto batia no filho de dez anos com um pedaço de madeira eram sempre os mesmos, a única pessoa que conseguia pará-lo era Rosie, mas naquele dia ela estava na casa das amigas, tinham feito uma tarde de mulheres.Russo ficou com ciúmes, saiu para beber e quando chegou em casa encontrou Tank lavando a louça, o menino tinha fritado alguns ovos para comer e quis deixar a pia limpa para que a mãe não estr
Dallia seguiu a multidão, mas o rosto triste da garota com roupas provocantes não saia da cabeça de Olivia, havia algo estranho naquela menina, quase como se os olhos carregassem o peso do mundo.E foi exatamente com esses olhos que ela continuou olhando para Tank, o soldado estava de costas para ela, mas quase como se fosse uma espécie de premonição ele sentia o olhar dela queimar a sua pele. Exatamente como no dia em que fizeram amor.Russo não estava em casa e todas às vezes que o marido saia a menina usava as roupas velhas de Amara. Naquela manhã não foi diferente, o pai de Tank saiu antes do sol nascer, precisava cumprir as ordens do chefe de treinamento, a irmã estava na aula e o soldado voltou para casa depois que os treinos foram cancelados.Alguma coisa tinha acontecido que movimentou todos no condomínio, na época eles moravam em Nova York, tinham sido transferidos para o Texas a pouco tempo com a mudança do capo que até então mantinha sede no Brasil.Entrou com a cabeça cheia
No dia em que conversaram pela primeira vez, também foi o dia em que fizeram amor, exatamente assim, sem os sonhos que Dallia tinha, sem um flerte ou uma conversa, só o desejo cru de um homem por uma mulher.Tank sentia algo queimar em seu peito, algo que era mais forte que a lógica e muito mais cruel que o orgulho.Um desejo sujo, misturado com camadas de desprezo que ele tentava mascarar com raiva. Ela não merecia ser amada! Não depois de ter sido a mulher do seu pai. Não depois de ter se vendido tão barato em troca de um teto, de algum conforto.Era isso que Tank queria acreditar, no que precisava acreditar, mas sentiu, e olhando para ela se achou tão sujo quanto Russo, se viu igual a ele, desejando uma menina, a querendo quase com desespero.Ela não é ninguém! Tentou se convencer.Mas, então, ela o olhou.E aqueles olhos não pediam nada. Não suplicavam, não imploravam.E talvez por isso que ele se desarmou, esperava encontrar submissão e encontrou, vazio.Um tipo de liberdade crue
Levantou a perna da madrasta, o vestido velho da irmã fazendo companhia para o travesseiro que vestia sua camiseta, quase como se fossem personagens e não pessoas reais.Puxou para o lado a calcinha da menina, olhar fixo nos olhos dela. Pela primeira vez, uma pausa. Um segundo de silêncio absoluto em que o mundo poderia ter parado, e eles não teriam notado.O movimento começou lento, quase como se ele quisesse memorizar cada sensação. O calor, o encaixe perfeito, o arrepio que subia pela espinha. A forma como o corpo dela reagia ao dele, um suspiro preso na garganta.Mas a lentidão não durou muito.O desejo era maior do que qualquer tentativa de controle, e logo o ritmo aumentou, guiado pela urgência de sentir mais, de esquecer mais de não ser quem era, de viver.Fizeram amor sem promessas sussurradas, nem declarações românticas. Só gemidos, respirações ofegantes e o ruído dos corpos se chocando.Tank se perdeu nos toques, no gosto da pele dela, na forma como o corpo dela parecia pedi