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02. Um broto de felicidade

Chelsea

Escapo para fora da cama, sentindo uma dor de cabeça intensa.

Não me recordo muito bem do que aconteceu depois que me debulhei em lágrimas na frente daquele homem. Ele foi gentil, me colocou em seu carro e me trouxe até a minha casa sem fazer perguntas.

Eu sou louca, deixei que um homem estranho me trouxesse em casa.

Mas sem a ajuda dele, teria passado quanto tempo mais chorando naquele banco?

Tiro a blusa larga vendo o meu reflexo no espelho. A médica não mentiu quando disse que eu tenho um crescimento notável em meu abdômen. Meus dois brotinhos precisam de muito espaço para crescerem bem.

Ignorando as pontadas insistentes na minha cabeça, caminho para perto do berço onde Melissa dorme calmamente. Ela é uma garota tão boa, assim como a sua mãe era. Um sorriso estranho se forma em meu rosto, já que meus olhos ardem, anunciando que estou prestes a chorar de novo.

É impossível ignorar o choro constante.

Tenho tantos motivos para chorar que é difícil saber qual o pior deles.

— Oi, meu brotinho — digo, pegando a menina nos braços quando seus olhos claros em um tom de verde reluzente me encaram. — Está com fome, certo?

Seu sonzinho de bebê pode ter outro significado, mas considero como uma resposta positiva para mim. Dormiu bastante, deve estar faminta agora. Também quero comer algo quentinho.

Com algumas tarefas em mente, sigo todas elas depois de dar a mamadeira para Melissa. Eu ainda não tenho leite, então não posso amamentá-la. Pelo menos ainda tenho dinheiro para comprar a fórmula láctea.

Mas quanto tempo mais eu consigo durar?

Se aquele merda não tivesse nos roubado! Porra!

Com meu sangue fervendo e com um pão feito na chapa com quanto queijo ainda tinha na geladeira, desço para o primeiro andar. Preciso organizar tudo para que o evento para o qual fomos contratados dê certo, é a única maneira de contornar o rombo feito por aquele maldito.

Quanto azar eu tenho?

Colocando Melissa na cadeirinha de bebê ao meu lado, começo a organizar os arranjos florais para o evento. Ainda tenho que fazer pelo menos trinta deles, mas o tempo é curto. Também tenho que cuidar da recepção da floricultura.

Toda essa merda está acontecendo por causa dele.

Se eu vê-lo, posso acabar matando-o.

— Ei, meu brotinho, acho que terei que carregar essas coisas lá para baixo se quiser dar conta de tudo — falo com a bebê, que não tem ideia de que é um dos poucos motivos para continuar me esforçando para sair da cama. — Se eu descansar poucos minutos entre um arranjo e outro, deve dar tempo de terminá-los.

É a única forma de receber. Se eu ainda pudesse pagar algum funcionário, seria bem mais fácil. Poderia me focar neles, mas sem ajuda tenho que me dividir em funções demais.

— Não tenho tempo para descansar — murmuro, admirando os olhinhos da bebê mais fofa do mundo. Minha irmã devia ser assim quando era um bebê. Tenho que proteger a parte dela que ficou comigo.

Depois de um tempo considerável indo e voltando com o que preciso para fazer os arranjos, consigo me sentar no chão na frente da recepção depois de virar a placa mostrando que estamos abertos.

Apoio uma mão em cima da minha barriga protuberante por um momento e respiro fundo. Mesmo que tenha comido, a minha dor de cabeça não se foi. É um problema trabalhar assim.

No entanto, não posso reclamar. Agradeço pela floricultura ser conhecida pelo seu ótimo serviço. Minha irmã criou uma boa reputação para seu negócio, então, mesmo que eu não seja tão boa quanto ela em organizar tudo, consigo vender o bastante para me sustentar, desde que elimine gastos menos importantes.

— Bem-vindo a Belas flores — cumprimento, começando a me erguer do chão, mas meus joelhos cedem assim que vejo o rosto dele. Sei que o dia está bem ruim, mas tinha que piorar. — O que está fazendo aqui? — pergunto, ajeitando minhas pernas para voltar a me sentar.

— Precisamos conversar — me diz o meu ex, e ainda me surpreendo com a sua cara de pau. Como pode falar sobre conversar depois do que fez? Acha que eu sou idiota? Pensa que terá uma nova chance de me manipular?

— Vai embora, Marshall, eu não tenho tempo para lidar com as suas desculpas — profiro as palavras, querendo uma única chance de dar um soco na sua cara. Não é a primeira vez que vem atrás de mim, mas é irritante insistir quando sabe que eu sei de tudo, mesmo que não possa provar.

— Chelsea, você vai mesmo me tratar desse modo quando eu sou o pai das crianças que está carregando? — questiona e entendo quem diz que amar alguém faz com que fiquemos cegos. Porque eu nunca percebi o quanto Marshall era idiota até me trair de formas diferentes.

Todos os homens que entram no meu caminho são podres.

Seja ele, seja o meu pai, seja o meu cunhado.

Todos são um monte de merda.

Tem apenas uma exceção.

— Tem sorte de eu estar gravida, senão socaria tanto a sua cara que ninguém te reconheceria — falo, mas mesmo que tente, não consigo me focar no meu trabalho anterior. O que caralho se passa na mente dele para pensar que tem o direito de vir aqui falar comigo?

— Chelsea, se o problema é o dinheiro, eu posso te dar, te dou tudo o que recebi pelos quadros, eu faço o que você quiser, mas você não pode parar de pintar — discorre as palavras, e sinto meus olhos arderem pelo desejo de chorar. Eu devia saber que havia um motivo para apoiar tanto meu trabalho como artista. — Agora que...

— Quer que eu te dê um novo quadro? Está com medo de não poder mais vender os meus trabalhos? — pergunto, com minha voz soando esganiçada e sequer tenho força para me levantar. Odeio ter que olhar para cima para discutir com ele. — Essa fonte secou para você, Marshall, vai embora. Some da minha frente.

— Não posso sumir, Chelsea, você é a mãe dos meus filhos, você...

A risada escapando de mim entre os soluços causados pelo choro é horrível.

— Como você se atreve?

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