OITO ANOS DEPOIS.A mesa estava repleta de comida, mas para falar a verdade, era difícil se concentrar no jantar com todas as crianças brincando e correndo de um lado para o outro. Os irmãos Keller haviam se reunido novamente em Lucerna para celebrar o Natal com seus pais. A casa estava decorada com luzes piscantes e um aroma agradável de especiarias e pinho preenchia o ar. Era um momento especial para a família, e embora se vissem com frequência, cada um dos irmãos aguardava ansiosamente o reencontro na época natalina.—Temos que admitir, somos muitos mesmo! —exclamou Loan.—Lembram quando éramos só sete? —perguntou Luana com nostalgia ao recordar seus filhos pequeninos.—E agora somos mais de vinte e sete! —riu Nikola. O tempo o havia devolvido à cadeira de rodas, mas estava mais feliz do que nunca rodeado de tantos netos.—Ficamos felizes em ter te feito feliz, pai —disse Noémi enquanto abraçava seu pai.—Ei, ei! O primeiro a fazê-lo feliz fui eu! —advertiu Zack.—E também somos os
LUTAR POR VOCÊ (Novo romance)SINOPSEPara Adriana Keller o mundo era seu desafio pessoal, não havia nada que ela temesse, e não havia nada pelo qual ela não estivesse disposta a lutar, incluindo a presidência da empresa de seu pai.Ela está pronta para a inovação e o caos, e o destino está pronto para colocar diante dela seu maior desafio: Kyle Orlenko, "O Rei" Orlenko, o mestre indiscutível das lutas clandestinas.Impressionada com suas habilidades, Adriana fará dele sua missão pessoal: recrutá-lo para uma representação esportiva legítima. No entanto, ninguém a alertou que o Rei é, sem dúvida, um osso duro de roer.Fantasmas do passado. Segredos. Mentiras. Vinganças. Intrigas que poderão uni-los ou separá-los para sempre, a menos que estejam dispostos a lutar além das arenas... a lutar um pelo outro.PREFÁCIOA música estava tão alta que Adriana sentia seus ouvidos retumbando. Ela odiava lugares como aquele, mas aparentemente depois de um ano de relacionamento, seu namorado havia co
LUTAR POR VOCÊCapítulo 1. Um homem irritadoKyle só sentiu o impacto leve, mas sabia que era leve apenas para ele, então suas mãos instintivamente foram em direção ao corpo daquela garota para segurá-la.Jurava que a tinha sentido prender a respiração e nem tinha percebido o quão perto estavam. Mas embora esperasse a reação irritada das mulheres que sempre frequentavam aqueles bares, a moça na sua frente apenas fez um gesto silencioso de agradecimento que o fez se perder naqueles poços escuros que tinha por olhos.Um pigarro ao seu lado foi a única coisa que o fez reagir e ele a soltou apressado, caminhando atrás da garota que o tinha levado até ali.—Você está irritado. Nunca pensa direito quando está irritado —resmungou Julie empurrando Kyle em direção a uma das áreas reservadas próximas.—Pois é, estou mesmo, e não ajuda muito ter que te seguir até um lugar como este! —reclamou seu irmão—. Este lugar é para gente muuuuito longe da sua categoria, acredite em mim, e não me agrada ne
LUTAR POR VOCÊCapítulo 2. Dois desconhecidosEra metade nervos e metade expectativa, e sendo honesta, também um pouco de impacto e incredulidade. Porque enquanto tudo aquilo acontecia, enquanto gritavam ou se batiam, o cérebro de Adriana só conseguia se concentrar no fato de como era possível que o homem de olhos azuis pudesse mantê-la suspensa contra a parede com um braço, enquanto com o outro estampava a cabeça de Oscar contra a parede, como se nenhum dos dois pesasse nada.A única coisa que tirou Kyle de sua concentração, mas mesmo assim não o fez se mover, foi ver o amigo daquele cara se aproximar com intenção de atacá-lo, mas então só se ouviu o barulho surdo de uma cadeira, um corpo caindo de cara no chão e o grito de dor de um homem.Por cima do ombro de Kyle, Adriana conseguiu ver uma garota que quase parecia uma criança, cravando um salto decidido nas costas do amigo do seu namorado.—Se mexe e eu juro que você nunca mais anda na sua vida —silvou Julie—. Deixar aleijados car
LUTAR POR VOCÊCapítulo 3. Uma mulher pronta para causar o caosEstava furiosa? Muitíssimo!Mas talvez a raiva não fosse o sentimento certo naquele momento. Aqueles olhos azuis só pousaram nela por um segundo antes de dar as costas e ir embora dali, e Adriana se inclinou na direção de Oskar, levantando-o pela lapela do terno ensanguentado e dando um tapa para que acordasse.—Chega perto da minha empresa de novo, e eu vou te acusar por conspiração de assassinato e daí pra frente, de tudo que me der na telha. Tá me ouvindo, seu infeliz?! Se afasta da minha família e se afasta de mim, é o único aviso amigável que vou te dar!Largou ele como se fosse um saco de lixo, ou um bicho que lhe desse nojo, e correu escada abaixo, olhando ansiosa entre as pessoas, mas a única coisa que viu foram as traseiras de dois McLaren idênticos deixando o estacionamento e algo lhe disse que só podiam ser daqueles dois irmãos.Respirou fundo, deixando que o ar da noite inundasse seus pulmões, e teve o bom sen
LUTAR POR VOCÊCapítulo 4. Uma completa loucuraUma das coisas que Adriana mais amava nas empresas Keller era poder andar por aqueles corredores sem que a tratassem com excesso de cortesia ou deferência por ser uma das donas.Se sentia como mais uma funcionária, uma das Vice-presidentes que agora entrava no escritório do outro Vice-presidente, e plantava um beijo em sua bochecha porque o amava tanto quanto qualquer um dos seus irmãos.—Uff! Como está minha menina linda hoje? —sorriu Mauro dando-lhe um abraço e ela levantou os punhos em sinal de vitória.—Ótima! Solteira e procurando outro homem.—Caramba, que rapidez! —brincou Mauro—. Mas fico feliz. Quer que eu te apresente alguns dos meus amigos?—Não, obrigada, esse homem que eu procuro é especial, é nossa estratégia pra lutar pela presidência! —sentenciou Adriana batendo na mesa.—Sério? Já tem sua ideia? —animou-se Mauro.Desde crianças costumavam competir em tudo, mas de um jeito que os dois conseguissem o que queriam e aquela n
LUTAR POR VOCÊCapítulo 5. Uma jaula clandestinaTinha que reconhecer: Adriana havia participado de numerosos eventos esportivos desde que era uma menina pequena, incluindo as maiores lutas do UFC, ou mega eventos de boxe na Europa, mas jamais tinha visto em nenhum deles o grau de euforia que se vivia numa jaula clandestina.O homem que a estava guiando perguntou se ela queria apostar, e como definitivamente não era idiota, abriu sua bolsa mostrando que levava dinheiro suficiente.—Quero ver as primeiras lutas. Quantas vão ter hoje à noite? —perguntou e o homem levantou a mão imediatamente pedindo alguma bebida boa pra ela.—Quinze, senhorita...—Keller.—Um prazer tê-la aqui, senhorita Keller. Teremos quinze lutas esta noite. Oito de rodada preliminar, quatro de sobreviventes, duas de morte súbita e a final —explicou o homem e infelizmente ela não entendia nenhum daqueles termos, mas assentiu como se entendesse—. Muitos esperam até a rodada de sobreviventes pra apostar, mas se quiser
LUTAR POR VOCÊCapítulo 6. Uma proposta inesperadaNão eram borboletas, eram águias que as devoravam o que Adriana sentia no estômago. Levantou-se da sua cadeira e caminhou suavemente até aquele organizador que tinha a atendido antes, enquanto passava uma hora até que o resto das lutas recomeçassem.—Onde encontro Kyle Orlenko? —perguntou com um sorriso e antes que o homem pudesse negar colocou no bolso do paletó dele um par daquelas notas que era difícil recusar.—Na casa grande —disse o organizador apontando para a enorme propriedade onde estavam fazendo aquele evento—. Segundo andar, último quarto à direita da escada.Adriana respirou fundo e se dirigiu à enorme mansão sem que ninguém ousasse detê-la ou sequer perguntasse quem ela era. Em comparação com o alvoroço de fora, dentro havia um silêncio acolhedor e agradável, então apenas bateu algumas vezes na porta com os nós dos dedos antes de ouvir aquela voz mandando-a entrar.Kyle estava tirando as bandagens ensanguentadas das mãos