LUTAR POR VOCÊCapítulo 2. Dois desconhecidosEra metade nervos e metade expectativa, e sendo honesta, também um pouco de impacto e incredulidade. Porque enquanto tudo aquilo acontecia, enquanto gritavam ou se batiam, o cérebro de Adriana só conseguia se concentrar no fato de como era possível que o homem de olhos azuis pudesse mantê-la suspensa contra a parede com um braço, enquanto com o outro estampava a cabeça de Oscar contra a parede, como se nenhum dos dois pesasse nada.A única coisa que tirou Kyle de sua concentração, mas mesmo assim não o fez se mover, foi ver o amigo daquele cara se aproximar com intenção de atacá-lo, mas então só se ouviu o barulho surdo de uma cadeira, um corpo caindo de cara no chão e o grito de dor de um homem.Por cima do ombro de Kyle, Adriana conseguiu ver uma garota que quase parecia uma criança, cravando um salto decidido nas costas do amigo do seu namorado.—Se mexe e eu juro que você nunca mais anda na sua vida —silvou Julie—. Deixar aleijados car
LUTAR POR VOCÊCapítulo 3. Uma mulher pronta para causar o caosEstava furiosa? Muitíssimo!Mas talvez a raiva não fosse o sentimento certo naquele momento. Aqueles olhos azuis só pousaram nela por um segundo antes de dar as costas e ir embora dali, e Adriana se inclinou na direção de Oskar, levantando-o pela lapela do terno ensanguentado e dando um tapa para que acordasse.—Chega perto da minha empresa de novo, e eu vou te acusar por conspiração de assassinato e daí pra frente, de tudo que me der na telha. Tá me ouvindo, seu infeliz?! Se afasta da minha família e se afasta de mim, é o único aviso amigável que vou te dar!Largou ele como se fosse um saco de lixo, ou um bicho que lhe desse nojo, e correu escada abaixo, olhando ansiosa entre as pessoas, mas a única coisa que viu foram as traseiras de dois McLaren idênticos deixando o estacionamento e algo lhe disse que só podiam ser daqueles dois irmãos.Respirou fundo, deixando que o ar da noite inundasse seus pulmões, e teve o bom sen
LUTAR POR VOCÊCapítulo 4. Uma completa loucuraUma das coisas que Adriana mais amava nas empresas Keller era poder andar por aqueles corredores sem que a tratassem com excesso de cortesia ou deferência por ser uma das donas.Se sentia como mais uma funcionária, uma das Vice-presidentes que agora entrava no escritório do outro Vice-presidente, e plantava um beijo em sua bochecha porque o amava tanto quanto qualquer um dos seus irmãos.—Uff! Como está minha menina linda hoje? —sorriu Mauro dando-lhe um abraço e ela levantou os punhos em sinal de vitória.—Ótima! Solteira e procurando outro homem.—Caramba, que rapidez! —brincou Mauro—. Mas fico feliz. Quer que eu te apresente alguns dos meus amigos?—Não, obrigada, esse homem que eu procuro é especial, é nossa estratégia pra lutar pela presidência! —sentenciou Adriana batendo na mesa.—Sério? Já tem sua ideia? —animou-se Mauro.Desde crianças costumavam competir em tudo, mas de um jeito que os dois conseguissem o que queriam e aquela n
LUTAR POR VOCÊCapítulo 5. Uma jaula clandestinaTinha que reconhecer: Adriana havia participado de numerosos eventos esportivos desde que era uma menina pequena, incluindo as maiores lutas do UFC, ou mega eventos de boxe na Europa, mas jamais tinha visto em nenhum deles o grau de euforia que se vivia numa jaula clandestina.O homem que a estava guiando perguntou se ela queria apostar, e como definitivamente não era idiota, abriu sua bolsa mostrando que levava dinheiro suficiente.—Quero ver as primeiras lutas. Quantas vão ter hoje à noite? —perguntou e o homem levantou a mão imediatamente pedindo alguma bebida boa pra ela.—Quinze, senhorita...—Keller.—Um prazer tê-la aqui, senhorita Keller. Teremos quinze lutas esta noite. Oito de rodada preliminar, quatro de sobreviventes, duas de morte súbita e a final —explicou o homem e infelizmente ela não entendia nenhum daqueles termos, mas assentiu como se entendesse—. Muitos esperam até a rodada de sobreviventes pra apostar, mas se quiser
LUTAR POR VOCÊCapítulo 6. Uma proposta inesperadaNão eram borboletas, eram águias que as devoravam o que Adriana sentia no estômago. Levantou-se da sua cadeira e caminhou suavemente até aquele organizador que tinha a atendido antes, enquanto passava uma hora até que o resto das lutas recomeçassem.—Onde encontro Kyle Orlenko? —perguntou com um sorriso e antes que o homem pudesse negar colocou no bolso do paletó dele um par daquelas notas que era difícil recusar.—Na casa grande —disse o organizador apontando para a enorme propriedade onde estavam fazendo aquele evento—. Segundo andar, último quarto à direita da escada.Adriana respirou fundo e se dirigiu à enorme mansão sem que ninguém ousasse detê-la ou sequer perguntasse quem ela era. Em comparação com o alvoroço de fora, dentro havia um silêncio acolhedor e agradável, então apenas bateu algumas vezes na porta com os nós dos dedos antes de ouvir aquela voz mandando-a entrar.Kyle estava tirando as bandagens ensanguentadas das mãos
LUTAR POR VOCÊCapítulo 7. Uma louca diferenteKyle já sabia exatamente o que o esperava: o mesmo que acontecia cada vez que levantava as pernas da calça e mostrava a alguém que aquelas eram próteses extremamente realistas, mas não eram suas pernas, porque essas ele tinha perdido num acidente quando era criança.As pessoas o olhavam com pena, as pessoas o olhavam como se ele ainda fosse o pobre órfão sem pernas em vez do lutador que tinha sido treinado desde pequeno por um dos melhores homens do mundo. Esperava tristeza, pena, compaixão... mas quando Adriana viu aquelas próteses a única coisa que havia em seus olhos era uma curiosidade incontrolável.—Não acredito! —murmurou ajoelhando-se sem se importar com o vestido caro que usava e roçando com as pontas dos dedos o metal.—Não posso ser um atleta seu porque... bem, imagino que isso não é o que você veio procurar —sentenciou ele, mas as mãos da moça só subiam até encontrar a articulação do joelho, robótica também.—Caramba, você é o
LUTAR POR VOCÊCapítulo 8. Um homem sem vergonha—ADRINAAAAA!Aquele grito ecoou pela casa no mesmo momento em que Adriana tirava um salto alto e o brandia com um gesto ameaçador na frente da porta de Kyle, e um homem mais velho que parecia muito sério levantou as mãos na altura dos ombros com uma careta instantânea de rendição.—Deixa eu adivinhar —sorriu Adriana de lado—. O tio Caleb, que traz prostitutas entre as lutas?Caleb Orlenko arregalou os olhos e depois fez um biquinho de pobre homem desinformado.—E isso é ruim porque?—Porque eu sou a namorada dele e o senhor me fez ficar um pouquinho irritada hoje à noite! Então eu aconselho que volte para a jaula, porque esse aí nem Deus ajuda hoje! —ela o ameaçou e depois do instante de surpresa, só o viu sorrir com satisfação.Caleb viu todas aquelas roupas nos braços da moça e segurou o riso enquanto se virava e ia embora dali.—Bem, fazia tempo que não tínhamos uma história memorável na família, e pressinto que essa definitivamente
LUTAR POR VOCÊCapítulo 9. "Vale Tudo"Pálida, rosa furiosa, vermelho assassino, histérica controlada e dor de cabeça garantida. Tudo aquilo Kyle podia ler no olhar daquela mulher e mesmo assim por dentro estava sorrindo.—Você coloca em mim ou eu coloco sozinho? —perguntou com um sorriso malicioso, só para que ela respondesse com outro.—Se eu colocar em você, boneco, acabariam te colocando uma prótese bem diferente, então é melhor não tentar a sorte —retrucou Adriana—. Trate de ganhar, que duas vergonhas numa noite só é demais.Kyle deu um sobressalto de surpresa quando ela deu um tapa na sua bunda e se virou com aquela teatralidade que fez seu cabelo chicotear no rosto dele.—Sua treinadora? —perguntou o comentarista enquanto ele se vestia e só se ouviu um grito de fora da jaula.—Quem dera!Kyle fez um gesto de ameaça para seu tio Caleb, ainda mais quando viu Adriana passar junto dele e bater o punho, mas antes que a moça pudesse seguir para seu camarote uma mão pequena e f