O silêncio durou vários segundos antes de dar lugar a uma ovação linda que trouxe lágrimas aos olhos de Anja, e imediatamente ela pediu a Milo que subisse para apresentar em detalhes quais seriam as funções da instituição.O discurso de Milo foi breve e conciso, porque não queria ofuscar o momento de Anja e finalmente aquela empatia que as pessoas sentiam por ela era o que se precisava naquela noite.—Isso foi fantástico —disse ele um instante depois enquanto descia do púlpito e a abraçava—. Tenho que dizer, tudo isso foi maravilhoso porque você fez acontecer, não tenha dúvida disso, amor.Anja sorriu e logo em seguida se viram separados, cercados por vários convidados que queriam falar com um ou com outro. Em um momento, a moça não soube quando, uma das garçonetes da equipe se aproximou dela com uma expressão preocupada.Anja sempre estava atenta, garantindo que tudo estivesse perfeito. Era uma noite importante e o serviço de buffet tinha que ser impecável.—Senhorita Lieben, temos um
Instintivamente, Anja cobriu sua boca e nariz, mas o vapor era forte demais. Não tinha ideia do que era porque os galões continuavam derramando de lado, mas sabia que tinha que ser algo de limpeza porque sentiu o efeito imediatamente. O pânico tomou conta dela quando viu Hamish sair e correu até a porta, desesperada para escapar daquele ambiente perigoso.No entanto, ao chegar à porta só conseguiu bater contra ela, ouvindo a risada de Hamish depois de tê-la bloqueado por fora. Seu rosto estranhamente expressivo, marcado por um sorriso de satisfação, apareceu no pequeno olho mágico da porta, o que aumentou ainda mais o medo de Anja.—Hamish, me deixa sair! Isso é perigoso!Hamish a encarou fixamente, sem se mover nem dizer uma palavra e Anja se apressou em rasgar uma parte de seu vestido para poder cobrir seu nariz, sentindo o pânico e a frustração se acumulando dentro dela.—Hamish! Isso já não é uma tentativa estúpida de roubo —sibilou, tossindo violentamente—. Se você não me deixar s
—Bem... a chefe de serviço disse que ia buscar —murmurou uma das meninas—. Tivemos problemas com o champanhe.—Cadê a chefe de serviço? —rosnou Milo e todos começaram a olhar ao redor para ver se a encontravam.—Não... não está aqui, senhor Keller.Milo sentiu uma pressão no peito difícil de descrever.—E onde diabos ela pode estar?O nervosismo e a incerteza eram evidentes naquela cozinha, porque a maioria não fazia ideia do que estava acontecendo, mas a mesma menina se adiantou com um olhar seguro.—As bebidas estão guardadas na despensa, se foram resolver esse problema, devem estar lá.—Onde fica isso?—Um andar abaixo, no último corredor à direita.—Me leva! Agora! —ordenou.Não sabia o que era, mas sentia sua pele se arrepiar de expectativa, como se estivesse prestes a explodir por algo.A menina começou a andar apressada na frente dele e Milo pegou seu celular, apertando os lábios e rosnando.—Billy, um andar abaixo do nosso, no último corredor à direita. Corre!Apressaram o pass
Um segundo depois, Milo subia naquela ambulância enquanto Speedy ia contar à família o acontecido e reunir todos para irem para casa.Ele pegou o pequeno Niko no colo e foi na primeira van. Um desastre por noite já era mais que suficiente, não pensava em tirar os olhos daquela criança por nada nesse mundo.Enquanto isso, Milo rezava para que tudo desse certo. Sentado num canto do veículo, segurava a mão de Anja enquanto dois paramédicos lutavam para conseguir intubá-la.—Você não pode fazer uma traqueostomia aqui!—Mas o tubo não passa, e ela não está respirando...!O paramédico ficou pensando por um momento terrível.—Tem equipamento infantil, espera! Os tubos endotraqueais são menores! Talvez um pequeno passe...Era uma medida desesperada, mas um minuto antes de chegarem ao hospital finalmente conseguiram ventilá-la. A ambulância estacionou com um chiado de pneus sobre o asfalto e as luzes ficaram piscando e a sirene tocando no frio da noite. Anja foi levada para dentro na maca, enqu
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja