Quatro minutos cronometrados antes que aquela vozinha se levantasse com um grito estridente significando "estou com fome".—Tenho a mamadeira!—Tenho o bebê! —riu Noemi, acomodando-se na poltrona de balanço com Peter, e Levi ficou olhando para ela, bobo.Ela havia tomado um banho rápido e colocado uma de suas camisetas que lhe cobria até as coxas, mas era impossível não se notar aquela curva tentadora e perigosa de seu traseiro.—Você vai me matar do coração...!—Levi, a mamadeira! —ela o apressou, e imediatamente Peter estava quietinho tomando sua fórmula, com uma de suas pequenas mãos enfiada no calor entre os seios de Noemi. —Ja, não há discussão, ele puxou a quem puxou!Levi a observou enquanto ela alimentava o bebê. Para alguém que não queria ter filhos próprios, ele se dava muito bem com as crianças, mas tinha certeza de que ela tinha motivos que ele não estava disposto a questionar. Em poucos minutos, Peter tomou seu leite, Levi arrotou-o e Noemi o fez dormir em dois balanços.E
Levi fechou os olhos. Nesse momento, ele acreditava que não tinha muito o que decidir, e ainda acreditava disso.—Você mesmo não fez a prova de paternidade, não é? —sussurrou Noémi e Levi engasgou ao abrir os olhos.—Não me atrevi. Ele não tinha ninguém mais e eu... não sei, supondo que naquela hora não me importava de quem fosse, apenas queria que estivesse bem.—E agora? —perguntou Noémi com curiosidade.—Agora sinto apenas alívio porque sei que tomei a decisão certa —murmurou Levi—. Mas você entende por que não posso me envolver em um relacionamento, não é? Estou à beira de não conseguir lidar com isso, com essa mudança tão drástica...Noémi franziu o sobrolho, passar de ser uma atleta profissional para ser pai em tempo integral deve ter sido difícil para ele.—Você perdeu tudo, imagino.Ele assentiu, mas não parecia se arrepender de nada.—Ainda tenho muitos ahorros, e o que eu gano na loja cobro todos os nossos gastos e desejos sem problemas —disse Levi.Noémi ficou em silêncio en
Levi sentia que ia babar ao ver Noemi se aprontando para sair. Ela vestia uma camisa branca de algodão e uma calça jeans desbotada, sob um sobretudo preto e botas altas. Levi sorriu para o figurino dela com aprovação, e Noemi se contoneou até ele.—Você está pensando se vai ser fácil tirar isso de mim, não é? — murmurou, vendo-o sorrir.—Como você me conhece! — murmurou ele, abaixando a cabeça para encontrar seus lábios em um beijo rápido.—Vamos?Os dois estavam prontos para sair, mas, sendo honesto, Levi se sentia um pouco constrangido quando ela se pendurou em seu braço para caminhar pela rua. Noemi ria, parava para tomar café ou comer doces, conversava e mostrava opções que encontrava em seu celular. Até que, em certo ponto, ela parou.—Te incomoda a gente se movimentar tão perto? — perguntou suavemente.Levi arregalou os olhos e engoliu em seco.—Não... não é isso...—Levi. A gente não combinou que não precisamos mentir um para o outro? — o repreendeu, vendo-o suspirar.—Não é iss
Uma hora depois, eles tinham as chaves na mão e Levi e Noemi corriam para pegar as coisas no apartamento para se mudarem imediatamente. A garota não se surpreendeu com o pouco que Levi tinha; já havia percebido que ele não era o tipo de homem que se apegava a posses materiais, então, nos dois carros coube tudo para uma única viagem.Já na nova casa, enquanto Levi descarregava, Noemi se ocupava de preparar um quarto bonito para Peter, e Levi ficou parado na porta, olhando para ela. Se a ele tivessem dito três mil francos, ele teria dito não e a negociação teria terminado ali. Em vez disso, ela não dissera não, nem uma vez; apenas se lançara de cabeça em uma estratégia que lhe conseguira uma linda casa pelo preço exato que ele queria pagar, embora ela definitivamente valesse mais.Ele se sentia tão orgulhoso dela que nem sabia como expressar aquela admiração, e por alguns momentos não entendia que diabos a CEO do Asterion Bank estava fazendo limpando o quarto do filho. No entanto, quando
Levi abriu a porta e encontrou Noemi do outro lado, com o rosto cansado e magro, os olhos baixos e um sorriso que tentava ser sincero. Parecia quase apoiada no marco da porta, como se estivesse prestes a cair a qualquer momento.— Nena? O que está acontecendo? — perguntou sem saber o que mais dizer — Você está bem?Ela sacudiu levemente a cabeça e apoiou a testa em seu ombro.— Estou cansada... — murmurou.Levi abriu mais a porta e se fez de lado, passando um braço sobre seus ombros e empurrando-a suavemente para que entrasse.— Venha, entre — disse em voz baixa.Noemi entrou lentamente na casa, mas seus olhos pareciam buscar um canto onde pudesse se encolher.— Você quer beber algo? Você tem fome?Noemi negou com a cabeça.— Não, obrigada. O Peter?— Está cansado.Ele a estudou por um momento. Parecia muito cansada.— Noe, faz quanto tempo que você não dorme? — perguntou, acariciando seus braços para cima e para baixo.Ela fez um esforço para lembrar.— Não sei... três dias?Levi resp
—Tão mal assim as coisas estão? —perguntou com preocupação e ela negou.—Não gosto de fazer tempestades em um copo de água, mas... bem, estamos fazendo algumas aquisições hostis, bancos pequenos que não conseguiram se desenvolver bem ou que tentam competir conosco, e, é claro, isso não agrada muito a eles —murmurou com um suspiro—. Há um em particular, Axel Grimma, que o tomou da pior forma possível.—E tem que fazer isso? Digo... não há para todos? —perguntou Levi enquanto preparava o café da manhã e Noémi sorriu porque às vezes ele podia ser lindamente ingênuo.—Bem, quando foi a última vez que você deu passagem a outro esquiador e disse "vem, ganhe, dou-lhe a oportunidade"? —perguntou ela.—Nunca —replicou Levi como se fosse óbvio.—E por quê não? Não há para todos? —o provocou Noémi e ele lhe deu a língua.—Já entendi, já entendi. Você não quer dar oportunidade à concorrência.—É claro que não, negócios são negócios e eu sou um dos peixes grandes, se nadam ao meu redor sem saber em
Era difícil, mas Levi se surpreendia com o quanto aquela mulher podia ser aplicada. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela, e quando seu celular tocava no meio de um almoço, ela simplesmente o desligava.—E só fechar os olhos e pronto? Sem incentivo? Sem um carinho? Sem nada? —reclamou ela na primeira vez que Lev mandou ela tirar uma soneca.—Você só tem meia hora, isso não dá tempo nem de começar, mas vou te dizer uma coisa: se você conseguir terminar hoje antes das onze da noite, prometo que faço coisas inimagináveis.Noémi sorriu e como aquela negociação lhe pareceu boa o suficiente, fechou os olhos se aconchegando junto dele e dormiu pelo menos meia hora antes de voltar à batalha no banco.—Senhor Chefe, estou realmente ocupada mas estou morrendo de fome. Pode me trazer algo para comer no escritório? —pediu ela alguns dias depois, e Levi escolheu algo com peixe para estimular aquele cérebro.A primeira semana foi assim. Ele negociava com ela para que descansasse
Não demorou muito para ele se infiltrar na sala de emergência e identificar dois dos irmãos de Noémi na frente de uma das portas. Correu em direção a eles, mas quando estava a poucos metros, Milo o interceptou.—Que diabos você está fazendo aqui? —rosnou agarrando sua jaqueta com violência como se estivesse pronto para bater nele.Levi ficou paralisado, não entendia por que Milo o tratava assim, mas este insistia em tirá-lo do hospital.—Tudo é culpa sua! —exclamou o irmão de Noémi, elevando a voz acima do barulho do movimentado pessoal do hospital—. Como você se atreve a aparecer aqui?Levi não podia acreditar no que estava ouvindo e ficou de boca aberta.—Do que você está falando? —rosnou tentando se soltar—. Só quero ver a Noémi, saber se ela está bem... Por que diabos você diz que tudo isso foi minha culpa?—Agora não venha se fazer de desentendido! —rugiu Milo—, porque eu não sou daqueles que acredita em coincidências!—Chega! —exclamou Levi se libertando das mãos dele—. Não sei q