Uma hora depois, eles tinham as chaves na mão e Levi e Noemi corriam para pegar as coisas no apartamento para se mudarem imediatamente. A garota não se surpreendeu com o pouco que Levi tinha; já havia percebido que ele não era o tipo de homem que se apegava a posses materiais, então, nos dois carros coube tudo para uma única viagem.Já na nova casa, enquanto Levi descarregava, Noemi se ocupava de preparar um quarto bonito para Peter, e Levi ficou parado na porta, olhando para ela. Se a ele tivessem dito três mil francos, ele teria dito não e a negociação teria terminado ali. Em vez disso, ela não dissera não, nem uma vez; apenas se lançara de cabeça em uma estratégia que lhe conseguira uma linda casa pelo preço exato que ele queria pagar, embora ela definitivamente valesse mais.Ele se sentia tão orgulhoso dela que nem sabia como expressar aquela admiração, e por alguns momentos não entendia que diabos a CEO do Asterion Bank estava fazendo limpando o quarto do filho. No entanto, quando
Levi abriu a porta e encontrou Noemi do outro lado, com o rosto cansado e magro, os olhos baixos e um sorriso que tentava ser sincero. Parecia quase apoiada no marco da porta, como se estivesse prestes a cair a qualquer momento.— Nena? O que está acontecendo? — perguntou sem saber o que mais dizer — Você está bem?Ela sacudiu levemente a cabeça e apoiou a testa em seu ombro.— Estou cansada... — murmurou.Levi abriu mais a porta e se fez de lado, passando um braço sobre seus ombros e empurrando-a suavemente para que entrasse.— Venha, entre — disse em voz baixa.Noemi entrou lentamente na casa, mas seus olhos pareciam buscar um canto onde pudesse se encolher.— Você quer beber algo? Você tem fome?Noemi negou com a cabeça.— Não, obrigada. O Peter?— Está cansado.Ele a estudou por um momento. Parecia muito cansada.— Noe, faz quanto tempo que você não dorme? — perguntou, acariciando seus braços para cima e para baixo.Ela fez um esforço para lembrar.— Não sei... três dias?Levi resp
—Tão mal assim as coisas estão? —perguntou com preocupação e ela negou.—Não gosto de fazer tempestades em um copo de água, mas... bem, estamos fazendo algumas aquisições hostis, bancos pequenos que não conseguiram se desenvolver bem ou que tentam competir conosco, e, é claro, isso não agrada muito a eles —murmurou com um suspiro—. Há um em particular, Axel Grimma, que o tomou da pior forma possível.—E tem que fazer isso? Digo... não há para todos? —perguntou Levi enquanto preparava o café da manhã e Noémi sorriu porque às vezes ele podia ser lindamente ingênuo.—Bem, quando foi a última vez que você deu passagem a outro esquiador e disse "vem, ganhe, dou-lhe a oportunidade"? —perguntou ela.—Nunca —replicou Levi como se fosse óbvio.—E por quê não? Não há para todos? —o provocou Noémi e ele lhe deu a língua.—Já entendi, já entendi. Você não quer dar oportunidade à concorrência.—É claro que não, negócios são negócios e eu sou um dos peixes grandes, se nadam ao meu redor sem saber em
Era difícil, mas Levi se surpreendia com o quanto aquela mulher podia ser aplicada. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela, e quando seu celular tocava no meio de um almoço, ela simplesmente o desligava.—E só fechar os olhos e pronto? Sem incentivo? Sem um carinho? Sem nada? —reclamou ela na primeira vez que Lev mandou ela tirar uma soneca.—Você só tem meia hora, isso não dá tempo nem de começar, mas vou te dizer uma coisa: se você conseguir terminar hoje antes das onze da noite, prometo que faço coisas inimagináveis.Noémi sorriu e como aquela negociação lhe pareceu boa o suficiente, fechou os olhos se aconchegando junto dele e dormiu pelo menos meia hora antes de voltar à batalha no banco.—Senhor Chefe, estou realmente ocupada mas estou morrendo de fome. Pode me trazer algo para comer no escritório? —pediu ela alguns dias depois, e Levi escolheu algo com peixe para estimular aquele cérebro.A primeira semana foi assim. Ele negociava com ela para que descansasse
Não demorou muito para ele se infiltrar na sala de emergência e identificar dois dos irmãos de Noémi na frente de uma das portas. Correu em direção a eles, mas quando estava a poucos metros, Milo o interceptou.—Que diabos você está fazendo aqui? —rosnou agarrando sua jaqueta com violência como se estivesse pronto para bater nele.Levi ficou paralisado, não entendia por que Milo o tratava assim, mas este insistia em tirá-lo do hospital.—Tudo é culpa sua! —exclamou o irmão de Noémi, elevando a voz acima do barulho do movimentado pessoal do hospital—. Como você se atreve a aparecer aqui?Levi não podia acreditar no que estava ouvindo e ficou de boca aberta.—Do que você está falando? —rosnou tentando se soltar—. Só quero ver a Noémi, saber se ela está bem... Por que diabos você diz que tudo isso foi minha culpa?—Agora não venha se fazer de desentendido! —rugiu Milo—, porque eu não sou daqueles que acredita em coincidências!—Chega! —exclamou Levi se libertando das mãos dele—. Não sei q
Levi queria que a terra se abrisse sob seus pés.—Não foi uma coincidência... —balbuciou com voz entrecortada—. Não foi coincidência tê-lo encontrado.—Não, não foi —replicou Noémi—. Acredito quando você diz que não o conhecia, mas isso não muda o fato de que ele se aproximou de você buscando informações. Tente se lembrar, Levi, o que você disse para ele?Ele sentiu que as lágrimas de raiva e impotência subiam aos seus olhos, e puxou os cabelos como se quisesse arrancá-los.—Eu... sim, eu disse, maldição, sim...! Disse a hora que íamos jantar, a hora que você ia sair do trabalho —murmurou enquanto a culpa o consumia—. Disse que você era importante para mim.Noémi engoliu em seco e respirou fundo. Tudo doía, mas naquele momento mais do que nunca sabia que devia tomar conta da situação.—Abra a porta, por favor —pediu e Levi obedeceu. Milo entrou imediatamente e ficou olhando feio para ele—. Deixe-o em paz, Milo, ele não fez nada —sentenciou chamando sua atenção—, mas preciso que você me
Então quando ela subiu naquele sedã, sua ordem foi simples.—Eliyaz, vamos à delegacia.—Você está louca? —repreendeu Milo—. Você acabou de sair do hospital!—Eu sei, mas não vou para meu apartamento me jogar numa cama —replicou Noémi—. Axel Grimma ainda está lá, e preciso falar com ele, quero saber o que se passa na cabeça desse homem ou então nunca mais ficarei tranquila.Milo não teve escolha a não ser guardar seus pensamentos e segui-la até a delegacia. Grimma ainda estava detido sob interrogatório. Ele jurava de pés juntos que tinha sido apenas um lamentável acidente, mas a polícia não acreditava nisso, e só estavam esperando pelo depoimento de Noemi Keller e as acusações que ela quisesse fazer contra ele.Um dos policiais a deixou entrar na salinha de interrogatório e não sem muito esforço a moça conseguiu se sentar em frente ao homem, com um pequeno gemido de dor.—Ou eu tenho muito pouca sorte ou você tem sorte demais —sibilou vendo que não tinha provocado nada mais grave que a
Três dias, cinco, uma semana. Não tinha sabido absolutamente nada de Noémi, só que ela havia saído do hospital. Não tinha querido escrever para ela porque não fazia ideia de como tinham ficado as coisas entre os dois, mas o pior de tudo era que Danna tinha lhe dado notícias inquietantes: Noémi estava fora do hospital há dias. E mesmo assim não tinha se comunicado com ele.Fechou a loja naquela tarde depois que Danna saiu e desejou a ela um bom descanso. Durante muito tempo ficou olhando para seu telefone, pensando se devia escrever ou não, mas finalmente decidiu que não era o momento de incomodá-la. Estava prestes a apagar as luzes quando ouviu uma batida suave na porta dos fundos, a que dava para o depósito.Caminhou até lá com cuidado e abriu-a de repente, só para ficar paralisado por um segundo antes de puxá-la.—Noe...!—Oi! —exclamou ela se pendurando em seu pescoço—. Desculpa, não pude vir antes!Levi a levantou pela cintura, respirando aliviado como se finalmente o mundo ao seu