—Tão mal assim as coisas estão? —perguntou com preocupação e ela negou.—Não gosto de fazer tempestades em um copo de água, mas... bem, estamos fazendo algumas aquisições hostis, bancos pequenos que não conseguiram se desenvolver bem ou que tentam competir conosco, e, é claro, isso não agrada muito a eles —murmurou com um suspiro—. Há um em particular, Axel Grimma, que o tomou da pior forma possível.—E tem que fazer isso? Digo... não há para todos? —perguntou Levi enquanto preparava o café da manhã e Noémi sorriu porque às vezes ele podia ser lindamente ingênuo.—Bem, quando foi a última vez que você deu passagem a outro esquiador e disse "vem, ganhe, dou-lhe a oportunidade"? —perguntou ela.—Nunca —replicou Levi como se fosse óbvio.—E por quê não? Não há para todos? —o provocou Noémi e ele lhe deu a língua.—Já entendi, já entendi. Você não quer dar oportunidade à concorrência.—É claro que não, negócios são negócios e eu sou um dos peixes grandes, se nadam ao meu redor sem saber em
Era difícil, mas Levi se surpreendia com o quanto aquela mulher podia ser aplicada. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela, e quando seu celular tocava no meio de um almoço, ela simplesmente o desligava.—E só fechar os olhos e pronto? Sem incentivo? Sem um carinho? Sem nada? —reclamou ela na primeira vez que Lev mandou ela tirar uma soneca.—Você só tem meia hora, isso não dá tempo nem de começar, mas vou te dizer uma coisa: se você conseguir terminar hoje antes das onze da noite, prometo que faço coisas inimagináveis.Noémi sorriu e como aquela negociação lhe pareceu boa o suficiente, fechou os olhos se aconchegando junto dele e dormiu pelo menos meia hora antes de voltar à batalha no banco.—Senhor Chefe, estou realmente ocupada mas estou morrendo de fome. Pode me trazer algo para comer no escritório? —pediu ela alguns dias depois, e Levi escolheu algo com peixe para estimular aquele cérebro.A primeira semana foi assim. Ele negociava com ela para que descansasse
Não demorou muito para ele se infiltrar na sala de emergência e identificar dois dos irmãos de Noémi na frente de uma das portas. Correu em direção a eles, mas quando estava a poucos metros, Milo o interceptou.—Que diabos você está fazendo aqui? —rosnou agarrando sua jaqueta com violência como se estivesse pronto para bater nele.Levi ficou paralisado, não entendia por que Milo o tratava assim, mas este insistia em tirá-lo do hospital.—Tudo é culpa sua! —exclamou o irmão de Noémi, elevando a voz acima do barulho do movimentado pessoal do hospital—. Como você se atreve a aparecer aqui?Levi não podia acreditar no que estava ouvindo e ficou de boca aberta.—Do que você está falando? —rosnou tentando se soltar—. Só quero ver a Noémi, saber se ela está bem... Por que diabos você diz que tudo isso foi minha culpa?—Agora não venha se fazer de desentendido! —rugiu Milo—, porque eu não sou daqueles que acredita em coincidências!—Chega! —exclamou Levi se libertando das mãos dele—. Não sei q
Levi queria que a terra se abrisse sob seus pés.—Não foi uma coincidência... —balbuciou com voz entrecortada—. Não foi coincidência tê-lo encontrado.—Não, não foi —replicou Noémi—. Acredito quando você diz que não o conhecia, mas isso não muda o fato de que ele se aproximou de você buscando informações. Tente se lembrar, Levi, o que você disse para ele?Ele sentiu que as lágrimas de raiva e impotência subiam aos seus olhos, e puxou os cabelos como se quisesse arrancá-los.—Eu... sim, eu disse, maldição, sim...! Disse a hora que íamos jantar, a hora que você ia sair do trabalho —murmurou enquanto a culpa o consumia—. Disse que você era importante para mim.Noémi engoliu em seco e respirou fundo. Tudo doía, mas naquele momento mais do que nunca sabia que devia tomar conta da situação.—Abra a porta, por favor —pediu e Levi obedeceu. Milo entrou imediatamente e ficou olhando feio para ele—. Deixe-o em paz, Milo, ele não fez nada —sentenciou chamando sua atenção—, mas preciso que você me
Então quando ela subiu naquele sedã, sua ordem foi simples.—Eliyaz, vamos à delegacia.—Você está louca? —repreendeu Milo—. Você acabou de sair do hospital!—Eu sei, mas não vou para meu apartamento me jogar numa cama —replicou Noémi—. Axel Grimma ainda está lá, e preciso falar com ele, quero saber o que se passa na cabeça desse homem ou então nunca mais ficarei tranquila.Milo não teve escolha a não ser guardar seus pensamentos e segui-la até a delegacia. Grimma ainda estava detido sob interrogatório. Ele jurava de pés juntos que tinha sido apenas um lamentável acidente, mas a polícia não acreditava nisso, e só estavam esperando pelo depoimento de Noemi Keller e as acusações que ela quisesse fazer contra ele.Um dos policiais a deixou entrar na salinha de interrogatório e não sem muito esforço a moça conseguiu se sentar em frente ao homem, com um pequeno gemido de dor.—Ou eu tenho muito pouca sorte ou você tem sorte demais —sibilou vendo que não tinha provocado nada mais grave que a
Três dias, cinco, uma semana. Não tinha sabido absolutamente nada de Noémi, só que ela havia saído do hospital. Não tinha querido escrever para ela porque não fazia ideia de como tinham ficado as coisas entre os dois, mas o pior de tudo era que Danna tinha lhe dado notícias inquietantes: Noémi estava fora do hospital há dias. E mesmo assim não tinha se comunicado com ele.Fechou a loja naquela tarde depois que Danna saiu e desejou a ela um bom descanso. Durante muito tempo ficou olhando para seu telefone, pensando se devia escrever ou não, mas finalmente decidiu que não era o momento de incomodá-la. Estava prestes a apagar as luzes quando ouviu uma batida suave na porta dos fundos, a que dava para o depósito.Caminhou até lá com cuidado e abriu-a de repente, só para ficar paralisado por um segundo antes de puxá-la.—Noe...!—Oi! —exclamou ela se pendurando em seu pescoço—. Desculpa, não pude vir antes!Levi a levantou pela cintura, respirando aliviado como se finalmente o mundo ao seu
—Pronto para hoje à noite? —perguntou Danna quase na hora de fechar.—Sim, já me entregaram o uniforme dos cuidadores, vou fazer parte da equipe de segurança, vou estar subindo e descendo pela montanha para vigiar que não haja acidentes —explicou Levi—. Você consegue com a loja? Eu volto à meia-noite para a grande liquidação.—Sim, claro, eu cuido —garantiu Danna—. Bom, já vou indo para voltar logo.Levi se despediu dela e quando fechou a porta da frente sentiu que uma mensagem chegava em seu celular. Leu-a e imediatamente correu para o depósito."Toc toc", dizia apenas.Abriu aquela porta e uma gatinha no cio pulou em cima dele. Noémi estava tão desesperada quanto ele e as faíscas saltaram em um segundo.—Não tenho muito tempo! —protestou ela enquanto tirava o suéter dele e procurava o calor escondido sob o zíper.—Também não vou durar muito! —murmurou ele com um biquinho que fez Noémi derreter em um segundo.—Tudo bem se pularmos as preliminares?Levi tirou a blusa dela e lutou com s
O grito que poderia ter sido ouvido em toda a casa morreu contra o punho de Levi quando se chocou contra o rosto de Axel Grimma.—Tenho que confessar, fiquei... alucinado! quando soube que você morava sozinho em uma mansão dessas —riu Levi pressionando contra o chão aquele bastão que tinha atravessado o pé do homem—. Imagino que isso é para compensar, né? Porque você deve ter muito pouco saco para chantagear uma mulher como Noémi.—Q-que... que você está fazendo...?! Você está louco?! —gritou Axel desesperado enquanto as lágrimas de dor saíam de seus olhos.—Nããão, louco não. Na verdade estou muito muito furioso porque você quase matou minha mulher, e ainda por cima me ameaçou de me mandar para a cadeia e deixar meu filho sozinho? Você é tão idiota assim?Levi tirou o bastão com um gesto furioso e empunhando-o como se fosse um taco, golpeou diretamente sobre sua perna. Axel gritou com desespero enquanto tentava se afastar mas mal deu o primeiro passo quando sentiu aquela dor lacerante