Loan abriu a boca, mas nem sabia o que dizer. Era a nota que tinham encontrado no quarto, a nota de resgate, a que pedia o mesmo que Emil pedia, mas se ele não a tinha escrito então que...—Maldição! —rugiu Jhon antes de colocar o fone de ouvido—. Detenham a senhora! Tirem-na do trem! Não a percam de vista nem por um segundo! Detenham-na!Loan sentiu que seu coração endurecia só de ouvir aquilo. Jhon tinha chegado à conclusão antes dele. Se Emil não tinha escrito a nota de resgate, só havia outra pessoa naquele quarto que podia fazê-lo:—Ailsa... —saiu-lhe em um fio de voz enquanto nas caixas de som se ouvia todo tipo de gritos."Estão se movendo""Quem tem olhos nela?""Acho que a tenho""Droga, ela saiu do vagão!""Fiquei dentro!""Não a vejo!""Está atravessando!""Maldição!"...O silêncio se fez angustiantemente longo depois disso até que um dos homens de Jhon pronunciou a sentença."Nós a perdemos. Ela saiu do vagão no último momento e pegou o trem da outra plataforma"Jhon tirou
Danna tentou abrir os olhos e lembrar o que havia acontecido, mas tudo estava muito embaçado. Ela tinha apenas aquela sensação fria percorrendo suas costas e a certeza de que havia sido sequestrada. Sentiu suas mãos livres e abriu os olhos rezando para que tudo tivesse sido um pesadelo, mas ela não tinha tanta sorte.Lembrava-se de entrar na sala da igreja e ver sua mãe no chão. Quando se virou, a última coisa que viu foi o rosto de seu antigo treinador antes de perder a consciência. Depois acordou no vagão escuro de um trem. Lembrava-se dos gritos de Loan ao telefone e dela perguntando por seu filho, porque seu bebê era a única coisa que importava para ela.Depois Emil havia colocado aquele pano horrível contra seu nariz novamente e o resultado era uma dor de cabeça insuportável e a incerteza do que ele havia feito com ela no tempo em que esteve inconsciente. Ela nem queria pensar nisso, seu corpo doía demais e logo percebeu o porquê. Suas mãos estavam livres, mas ela estava pendura
O problema era que todo o seu peso recaía então na pélvis e isso fazia com que as pernas doessem horrivelmente quando não estavam dormentes... pelo menos ela queria acreditar que era por isso que doíam.Emil a vigiava o tempo todo para se certificar de que ela seguia suas instruções. Às vezes, quando ela cometia um erro, ele a golpeava para chamar sua atenção e dizer-lhe para voltar ao início. Danna seguia seu exemplo, embora o medo e a dor a percorressem cada vez que a vara caía sobre ela.Duas horas depois, Emil a olhou com atenção, como se tentasse avaliar sua determinação. Por fim, sorriu para ela.—Agora —disse aproximando uma garrafa de água e dando-lhe apenas um gole—. Você me promete que fará tudo o que eu pedir?Danna assentiu com a cabeça.—Sim —disse em um sussurro—. Prometo fazê-lo... mas você tem que me descer daqui... preciso ir ao banheiro...—Você pode fazer nas calças. Está usando uma fralda —sorriu Emil e Danna sentiu seu estômago revirar—. Como você pode esquec
—Você precisa se acalmar, não há mais nada para quebrar. Se você se machucar, jamais encontraremos a Danna... —repreendeu Jhon e Loan o olhou do outro lado do quarto com os dentes cerrados.—Por que você não diz com todas as letras? "Acalme-se antes que você deixe seu filho órfão de mãe e pai também" —rosnou enquanto as lágrimas não paravam de cair de seus olhos.—Não preciso te dizer isso, você já sabe —sentenciou Jhon—. Já se passaram dois dias, as probabilidades não são boas e estamos seguindo cada pista.—O rastreador... a mala do dinheiro estava com o chip do banco...—E isso teria servido se você não tivesse falado com Noemi na frente da mãe de Danna, mas meus homens o seguiram e encontraram a mala vazia no banheiro de uma estação a quase trezentos quilômetros daqui.Loan levou as duas mãos à cabeça, sentia que morria a cada segundo que passava.Jhon e sua equipe tinham feito de tudo para encontrar Danna, mas a busca não tinha dado nenhum resultado.—Estamos fazendo tudo o
Inclusive a comentarista tentou fazer uma pergunta naquele momento, mas os lábios de Loan se selaram e ele desceu do pódio. Jhon tinha razão, ele não tinha escutado. Não tinha escutado Danna quando ela se cansou de repetir que sua mãe não era boa. E não tinha escutado Jhon enquanto este insistia que não deviam entregar o dinheiro. Tudo o que estava acontecendo era sua culpa, então mesmo que fosse um pouco tarde, se Jhon lhe dissesse para se jogar de uma ponte, ele o faria de olhos fechados.Não souberam se era a situação ou a recompensa, mas o certo é que as palavras de Loan não deixaram ninguém indiferente. As pessoas começaram a compartilhar sua história nas redes sociais, e logo estava circulando por todos os lados.As horas que se seguiram foram um tormento. A polícia de Zurique se organizou para receber as ligações, mas eram demais. Todos acreditavam tê-los visto em algum lugar e alguns até traziam possíveis suspeitos amarrados no porta-malas de seus carros.Jhon trabalhava lad
Jhon caminhou devagar até a caixa de correio da rua 46 em North Point. Era uma rua decadente rodeada de lojas baratas e cafeterias com cheiro de barata. Era uma zona horrível nos arredores da cidade, mas bastante movimentada para que passasse despercebido quem assim o desejasse.A caixa de correio era amarela, decrépita e até parecia que tinha sido atingida por um carro em um dos lados. Grande e feia como qualquer outra caixa de correio em Zurique. Ele colocou o envelope cor de mostarda que levava na mão e se afastou, virou na esquina seguinte e ficou vigiando. O resto de sua equipe de cinco homens também o fazia, Jhon não tinha deixado que fosse mais ninguém.Estavam esperando que alguém se aproximasse da caixa de correio, mas definitivamente não esperavam que alguém saísse dela. O menino devia ter por volta de dez anos, chutou a porta de dentro e saiu correndo com o envelope na mão.—Você o tem? —perguntou Jhon em seu fone de ouvido."Eu o tenho, chefe", respondeu o atirador de e
—Sabe por que não temos uma mesa aqui? —perguntou Jhon chutando a cadeira para chamar sua atenção—. Porque não queremos que você fique confortável, que se recline, que acredite nem por um instante que isso será um interrogatório amigável.Ailsa sacudiu as mãos algemadas à cadeira e o olhou com os olhos bem abertos.—Não direi nada até que você me tire daqui... Não direi nada de nada! —gritou para ele, compreendendo que apelar para a constituição, a lei e os direitos humanos não faria sentido ali.—Bem, vou te dar meia hora para gritar —sorriu Jhon—. Depois vou voltar e você não vai gostar do que vai acontecer, Ailsa, só estou te avisando.Enquanto isso, na delegacia principal da cidade, o homem de Loan entrou na sala e fez um gesto para Loan.—A van branca que está no estacionamento, em cinco minutos —disse-lhe.—Vocês têm Ailsa? Sabem algo de Danna? —O homem respondeu com um olhar de acusação e ele assentiu—. A van branca em cinco minutos —repetiu e tentou se armar de paciência.
Loan entrou naquele quarto e olhou para todos os lados menos para Ailsa. Era um lugar horrível para morrer, mas Jhon tinha se enganado ao pensar que ele não tinha estômago para aquilo.Chegou junto à mulher e lhe dirigiu um olhar ameaçador.—Diga-me onde está Danna —exigiu.Ailsa não se moveu sequer. Embora estivesse algemada à cadeira, parecia indiferente, até entediada, como se nada daquilo importasse.—Por que eu deveria te contar? —perguntou com escárnio—. Agora sim você vai me pagar?—Não, nem um centavo a mais, mas a menos que você me diga exatamente as palavras que quero ouvir —disse Loan com suavidade, agachando-se na frente dela—, estou certo de que você nem sequer conseguirá desfrutar do que já levou. —A mulher sorriu e ele também—. Você acha que eu não tenho poder para te machucar? —perguntou.—Não tenho que achar, sei que você não tem —riu Ailsa com sarcasmo—. Se você quer encontrar Danna, tem que me soltar, caso contrário não saberá nada dela. Porque te asseguro que você n