A viagem a Lucerna em voo privado não foi cansativa, e conhecer os Keller era indiscutivelmente uma linda experiência. Os pais de Loan, Nikola e Luana, estavam loucos de felicidade pelo seu novo netinho, as tias logo se puseram no papel de mimá-lo, os tios ficaram alvoroçados com o primeiro menininho e sua priminha Adriana era apenas alguns meses mais velha que Mauro, então os bebês acabaram se dando maravilhosamente bem.A família Keller era especial, e não se passou um segundo sem que a fizessem se sentir não só bem-vinda, mas também querida e apreciada.Loan, é claro, não se descolava dela nem por um instante, como se quisesse compensar todos os desejos que não pôde atender durante sua gravidez.—Bom, e você já pôs em ordem a situação legal do meu neto, este é o primeiro garanhão que ajudará a perpetuar o sobrenome —disse Nikola com seu sorrisinho perigoso—. Já quero que ele se chame Keller.Danna não havia pensado nisso, mas antes que pudesse abrir a boca, Loan já estava respondend
Loan tentou replicar, mas a verdade era que não, ele não havia perguntado nenhuma dessas coisas. E é claro que Danna não era um enfeite em sua vida, ele só não queria que ninguém mais a machucasse.—Bem... está bem! Estou sendo superprotetor demais, eu reconheço! —disse com um pesado suspiro—. Mas isso não quer dizer que entre ela e eu não exista algo, mãe, porque existe sim.Luana pegou sua mão e a acariciou suavemente.—Sim, filho, existe, mas pelo menos por enquanto só existe da sua parte —ela disse—. Sei que você não quer ouvir isso, mas preciso que entenda. Você tirou Danna da pior situação da vida dela, deu um lar a ela e ao seu filho, e tenho certeza de que por isso ela se sente grata e obrigada. Mas acima de tudo, deve se sentir dependente, está em um país estranho, sem trabalho, sem uma casa que seja dela, sem dinheiro. E ainda por cima está com um homem bom que a mima e a protege, a ela e ao seu filho. Neste momento, se você disser "abana o rabinho", ela fará sem reclamar. Ma
—Você está apaixonada por mim?Parecia uma pergunta simples, mas não era.Danna ficou em silêncio por um momento, tentando analisar seus sentimentos. Ela sabia que Loan a amava e era um bom pai para Mauro, mas não podia fingir algo que não era verdade.Finalmente respondeu com um suspiro:—Eu gosto muito de você, Loan, de verdade...Loan assentiu com tristeza e soltou sua mão.—Isso não foi o que eu perguntei, mas acho que já tenho sua resposta... —murmurou ele.—Você também não está apaixonado por mim —disse ela com mais firmeza do que Loan esperava—. Não se engane, você está na euforia de tudo o que aconteceu, mas não pode estar apaixonado por alguém que não conhece... e nós não nos conhecemos... até uma semana atrás eu nem sabia seu sobrenome e você...—Eu sabia um pouco mais sobre você —Loan a interrompeu—. Estive te seguindo nos campeonatos... mas você tem razão, não é suficiente.Danna falava com sinceridade, ele tinha visto em seus olhos claros; no entanto, não parecia disposto
Danna mordeu o lábio inferior com um traço de dúvida.—Só Mauro e eu?—Só Mauro e você —confirmou Loan. Deu-lhe um beijo na cabeça e pegou Mauro nos braços para levá-lo, porque ela precisava de concentração para escolher.Danna olhou para cada uma daquelas fotos, havia desde mansões até casas relativamente médias, mas nenhuma era pequenina. Depois de muito ponderar, aproximou-se do quarto e o ouviu falando ao telefone.—Obrigado, irmãzinha. Sim, para amanhã... bem, se Danna quiser ir amanhã, então iremos amanhã, só tenha os documentos prontos por via das dúvidas. Combinado?Danna bateu na porta entreaberta e Loan virou-se para ela, fazendo um gesto para que entrasse enquanto terminava de falar.—Sim, perfeito... te amo muito, cuide-se.Desligou a chamada e Danna colocou uma mão na cintura.—Com quem você está me traindo, Keller? —fingiu ficar com ciúmes.—Com Noémi. Estou pedindo que me ajude com os documentos para reconhecer a paternidade de Mauro, e além disso precisamos tirar de uma
Os outros mortais tinham que fazer trâmites como para esta vida e a próxima, mas um Keller só precisava dizer: "quero isto", e três horas depois estavam entregando-lhe a chave da casa.Não era preciso comprar nem um móvel porque já tinha tudo.—Também não há muito para trazer —sorriu Danna—. Só as minhas coisas e as do bebê.—E temos que comprar um berço —lembrou Loan—. Como vou ficar no apartamento, prefiro deixar o que tem lá para quando quiserem ficar.Danna assentiu e pouco depois estavam entrando em uma loja de móveis. Dirigiram-se diretamente à seção de berços, admirando diversos designs e cores. Loan a olhava com um sorriso contagioso, esperando que encontrasse algo que gostasse. Finalmente, Danna apontou para um berço moderno azul com estrelas brancas entalhadas nas laterais.—É perfeito! —concordou Loan—. Vou pedir que nos enviem montado.Danna negou levemente com a cabeça.—Espere... E se montarmos em casa? Nunca montei um berço antes, mas acho que seria divertido fazermos ju
—Você se lembrou! —emocionou-se Loan pegando a colher.—Acontece que tudo o que havia na geladeira era de exibição, mas não era falso, e o sorvete está delicioso —disse Danna enquanto afundava a colher na sobremesa.—Imagino... talvez um dia desses voltemos a usá-lo como se deve —murmurou Loan sorrindo para si mesmo e não levantou os olhos porque sabia que ela tinha ficado corada.Não era difícil lembrar das coisas que ele tinha feito com sorvete e calda de chocolate... e todas tinham sido boas!Ele a ouviu tossir brevemente, mas continuou comendo até que a voz de Danna de repente se tornou séria.—Loan... você realmente quer mais?Ele a olhou nos olhos com uma expressão que variava entre determinação e serenidade.—Sim, eu quero —respondeu sem hesitar—. Gosto muito de você, Danna, sempre foi assim desde o primeiro momento e sei que para você foi igual... ainda é igual. Você tem razão, não nos conhecemos, mas temos tempo de sobra para fazê-lo, então se você concordar, eu tenho toda a i
Danna sorriu ao ouvir a palavra "trabalhar".—Bem... isso realmente me agradaria muito... mesmo que fosse algo de meio período... não sei... mesmo que fosse algo simples —assegurou olhando para Loan—. Você realmente ficaria com Mauro?Loan devolveu o sorriso.—Claro. Faria qualquer coisa para vê-lo todos os dias, então se você me der um tempinho, eu ficarei com ele —respondeu ele.Quando saíram do escritório, foram dar uma volta por uma praça familiar. Enquanto caminhavam, falavam sobre seus planos para o futuro. Danna estava entusiasmada com a ideia de ter um trabalho, e Loan com a possibilidade de que ela realmente fosse independente.—E você já pensou no que gostaria de fazer? —perguntou ele e ela fez um biquinho.—Na verdade... não sei. Passei toda a minha vida patinando, é o que sei fazer melhor. Na universidade estudava para ser professora, mas sempre soube que se chegasse a ensinar, só ensinaria sobre patinação —riu—. Agora percebo que foi um erro ficar apenas com uma opção, por
—A última vez que estive no gelo quase perdi Mauro —murmurou—. Não voltei a patinar desde então.—Você está com medo? —perguntou ele pegando sua mão.—Não, mas me sinto... me sinto um pouco instável —confessou ela—. Você me acompanha?Loan deu-lhe a mão sem hesitar e patinaram ao redor do rinque várias vezes. Danna podia sentir a confiança crescendo novamente nela e sobretudo lembrava o quanto havia sentido falta de patinar.A noite passou rápido e logo Danna ouviu um ruído que a fez virar a cabeça.—Alguém está com fome? —perguntou risonha.—Ou você me leva para jantar ou eu como você. Você decide —respondeu ele e ela fez um gesto sugestivo.—E que tal se fizermos os dois?Alguns minutos depois saíam do rinque para se dirigir a um dos restaurantes mais românticos da cidade.—Honestamente você me deixou tão impressionado quanto da primeira vez que te vi patinar —disse Loan aproximando-lhe uma taça de vinho.—Pois o que se aprende bem nunca se esquece —respondeu Danna.—E por que não fa