Chegou escondida, camuflada, camaleônica e tão silenciosa que quando ouviu aquele "Andrea" pulou da cadeira uns trinta centímetros de susto.—Aaaah! —sufocou um grito e depois se agarrou nos braços da cadeira, olhando para Zack.—Deve ser a consciência pesada —zombou ele—. É impressão minha ou você está me evitando?—Quem? Eu? Não! —murmurou ela ficando vermelha em um segundo.Ele se inclinou sobre Andrea e estreitou os olhos, porque não podia acreditar que ela realmente estivesse corando como uma menina de quinze anos... mas não custava nada confirmar.—Olha, se é por causa do beijo, não precisa ficar desconfortável —murmurou—. Pense nisso como um incentivo econômico. Esta boquinha —disse Zack apontando para seus lábios—, vale dez mil euros."E eu beijaria de graça", pensou ela, mas logo desviou o olhar.—Eu sei, é só que estamos no trabalho, não vejo necessidade de as pessoas começarem a fofocar, lembra que ainda teremos que conviver com eles quando voltarmos, né?Zack concor
— Sim, em macacões, mas nas roupinhas de menino — respondeu a vendedora.— Não me importo! Ela é uma bebê durona! Não é verdade, meu amor? Você vai usar um macacãozinho de snowboard! — exclamou, fazendo uma careta, e Adriana caiu na gargalhada.Andrea se apoiou em um dos cabides, observando aquilo. Não conseguia nem começar a expressar o quão feliz se sentia sabendo que sua filha teria tantas coisas bonitas, mas aquilo também era um lembrete de tudo o que faltava. Em janeiro, Adriana não teria um pai para abraçá-la ou mimá-la, e ela sentia que era sua culpa.A impotência subiu aos seus olhos enquanto os observava, e quando Zack se virou para ela, percebeu que ela estava limpando as lágrimas apressadamente.— Ei, me desculpe se estou exagerando... é que as coisas de bebê são tão lindas que quero tudo para ela — disse ele suavemente.— Relaxa, acho que tenho que aceitar que você é do tipo que exagera com frequência — ela sorriu.— Perfeito, nesse caso, você vai me perdoar pela últi
Zack apertou a mão de Andrea por um momento e lhe assegurou que cuidaria de Adriana, então a moça saiu correndo atrás de sua vizinha, atravessou o corredor e entrou na casa da senhora Wilson. A pobre idosa respirava com dificuldade, como se tivesse asma ou algo assim, mas Andrea sabia que não era isso.—Calma, senhora Wilson, já chamamos a ambulância, os paramédicos estarão aqui em breve —disse ela suavemente, segurando sua mão.Pouco depois, ouviu-se o som da sirene da ambulância e logo a colocaram em uma maca enquanto lhe administravam oxigênio.Tanto Mildred quanto ela estavam nervosas porque não queriam que ela fosse sozinha, mas a verdade era que a senhora não tinha família para acompanhá-la.—Alguém sabe suas alergias? —perguntou um paramédico e Andrea imediatamente começou a preencher o formulário—. Temos que levá-la ao hospital. Quem vai acompanhá-la?Andrea e Mildred se entreolharam, preocupadas.—Tenho todas as crianças em casa e duas delas com gripe forte, não posso sa
— Seu idiota, isso não é urgente! Quase me matou do coração! Procure "Urgente" no dicionário e me deixe transar em paz! Me ligue amanhã! — gritou Ben antes de desligar. Zack olhou para o telefone.— Bom, ele deve estar mal transado pra estar tão mal-humorado... — zombou, e ele mesmo pôs mãos à obra.Naquela mesma noite, revisou os registros da empresa. Havia sete mães que precisavam de apoio de creche, então, quando Ben chegou no dia seguinte, Zack já estava mergulhado nos trâmites.— E não seria melhor incluir a creche no seguro e pronto? — perguntou quando viu que ele estava procurando o espaço perfeito para montar a creche no andar.— Não, porque assim as mães poderão ter os bebês por perto. Te garanto que todas vão se sentir mais tranquilas.— Todas ou a Andrea? — perguntou Ben, disfarçadamente.— Já sei seu horário de transar, Ben. Quer que eu interrompa todo dia? — ameaçou Zack, e o outro negou.— Não senhor, muito obrigado! OK, então mãos à obra.Claro que tudo se agiliz
Andrea sentia uma opressão no peito difícil de descrever. Normalmente não se importava com o que as pessoas pensavam dela. Mas a verdade é que doía que mulheres que haviam trabalhado com ela por mais de quatro meses, pudessem falar tão superficialmente sobre o que tinha acontecido com Trembley ou o que ela fazia com Zack.—Continua sendo prostituição laboral —riu outra mulher—. Embora eu fizesse de graça com o dono!—Isso é bem verdade, eu não quero uma promoção, me basta ficar com esse gato —disse outra.—Pois a Andrea levou a promoção e o gato! No final, não é nada diferente de se ela tivesse dormido com Trembley, o fato dele ser atraente não prova que ela não fez isso para subir na carreira.Andrea cerrou os punhos com frustração. Todas as mulheres sentadas ali haviam recorrido a ela mais de uma vez para pedir favores, e Andrea as tinha ajudado com prazer. Não esperava que retribuíssem, mas pelo menos se contentaria se não falassem mal dela pelas costas.—Todas achávamos que el
Zack bufou irritado, mas quando Ben colocava as coisas daquele jeito realmente parecia algo muito estúpido.—Então eu pisei na bola —murmurou.—E como, já te falei. Principalmente porque você atacou ela por não reagir como você queria. Isso não foi legal.Zack apertou os lábios, fazendo uma careta.—Droga! Até com namoradas falsas tem que pedir desculpas. Bom... melhor eu passar numa floricultura ou algo assim...—Ela não é sua namorada de verdade, seu idiota —murmurou Ben—. Melhor passar numa lanchonete.Zack respirou fundo antes de sair dali, foi para seu apartamento e tomou o banho que precisava para refletir e logo em seguida ligou para Andrea.—Desculpa, me desculpa mesmo —foram suas primeiras palavras—. Só quero o melhor pra você, você sabe, me irrita que pessoas que não te conhecem falem mal de você, mas se você decidir que...—Desculpa, Zack, mas não posso falar agora! —Andrea o interrompeu e ele percebeu que atrás dela se ouviam os gritos do bebê.—Está tudo bem? —per
Andrea não disse uma palavra enquanto iam para o apartamento de Zack. O bebê tinha se acalmado um pouquinho, mas eles não.— Pronto, temos os remédios, a fórmula, o bebê... e os nervos! — murmurou Zack assim que chegaram.Ele abriu a porta do apartamento, e Andrea tentou não se surpreender, mas era difícil. Só a sala da residência de Zack era três vezes maior que todos os cômodos do seu apartamentinho juntos.Deram um banho no bebê, e Zack preferiu deixar o teste da fralda para outro dia, porque era óbvio que o bebê não estava se sentindo bem. Já não chorava nem vomitava, mas não queria dormir; só queria que a segurassem no colo.Às três da madrugada os dois estavam como zumbis, completamente exaustos, mas Adriana não dormia. Cochilava um pouquinho, mas assim que tentavam deitá-la, começava a choramingar.Zack foi tomar um banho para se despertar, e quando tentou embalar Adriana para que Andrea também tomasse um banho, o bebê se recusou totalmente.— Vem comigo princesa! Eu gosto
—Filha, fico feliz que você e Adriana tenham alguém para cuidar de vocês, porque acho que não vou ficar por aqui muito mais tempo —disse a idosa.—Não diga isso, senhora Wilson, garanto que logo vão lhe dar alta —murmurou Andrea com o coração apertado.—De qualquer forma, não voltarei mais para o apartamento, filha. Uma assistente social muito gentil veio me ver e acho que vou aceitar aquela oferta que recusei há alguns anos, vou para um asilo.Os olhos de Andrea se encheram de lágrimas e Zack pôde ver o quanto ela estava lutando contra aquela decisão, mas no final, só lhe restava se despedir.—Prometo que iremos visitá-la com frequência, senhora Wilson —ela disse—. Você verá como vai se sentir bem junto com outros idosos.Quando saíram de lá, Zack viu que ela enxugava as lágrimas e abraçava sua filha como se fosse sua única defesa contra a tristeza.—Vocês são muito unidas, não é? —ele perguntou.—Bem... no dia em que cheguei em casa e a encontrei vazia, ela apareceu com um pot