Furioso... não, mas frustrado e muito. Ele não conseguia entender como Andrea podia ser tão submissa com um sujeito tão desprezível. Sabia que ele era o chefe, mas que um raio caísse direto na cabeça dele se algum dia tratasse seus funcionários daquela maneira!Andrea não só se esforçava ao máximo, como fazia um bom trabalho. Era preciso ser cego para não ver que o idiota do Trembley só a diminuía daquela forma para mantê-la sob controle. E Zack não sabia por que ficava irritado com ela por permitir isso, mas o incomodava vê-la tão dócil com o chefe.Assim que a viu menos vigiada, ele a seguiu até a sala de cópias e fechou a porta atrás de si.— Ei, você nasceu com algum problema no pescoço? — perguntou, fazendo-a parar. Andrea o olhou confusa.— Como? — murmurou sem entender.— É que sua cabeça só se move pra frente e pra trás, dizendo sim. Não vi você balançar nem uma vez para os lados pra dizer não! —sibilou Zack. A moça apertou os lábios, com as bochechas coradas.— Porque nã
Dizer que Andrea tinha trabalhado duro para se preparar e conseguir uma promoção como aprendiz de representante era pouco.Trembley estava mais do que irritado por vê-la com Zack tanto tempo, mas sua primeira tentativa de demiti-lo também tinha sido a última.— Mas ele está se envolvendo com uma de suas colegas! Isso não é permitido nesta empresa! —ele gritou para o responsável de Recursos Humanos.— Pois já enviei sua carta de demissão para o corporativo e me devolveram com um aviso de NEGADO —disse o homem. — Você não pode demiti-lo.Trembley saiu dali mais do que furioso, porque em quatro meses Andrea só tinha escapado dele, mas agora parecia que tinha alguém para ajudá-la a fazê-lo. E aquele idiota parecia intocável.Andrea, por sua vez, continuava evitando-o tanto quanto podia e, embora Trembley não lhe desse trégua com o trabalho, aproveitava cada segundo para estudar os materiais que Zack lhe entregava.Ela tinha deixado todo o resto em segundo plano para estudar. Assim qu
— Exame? Faça-me o favor! Você é só mais uma entre tantas secretárias inúteis que passam por aqui com sonhos impossíveis. Seja realista! — disparou com desprezo. — Você realmente acha que alguém como você pode chegar tão longe? Isso é absurdo!Andrea sentiu o chão sumir, não imaginava que aquilo pudesse ser tão doloroso.— Por que é absurdo? — perguntou com uma voz que tentava parecer firme, embora saísse um pouco estridente. — Sou uma mulher inteligente, fui professora...— Você é uma secretária! O que você entende de esporte? — zombou Trembley. — Você é inútil e idealista. Acha que só porque assistiu alguns jogos vai se tornar a próxima estrela da representação esportiva?Andrea não entendia o que estava acontecendo. Trembley nem sequer queria aplicar o exame. Não podia acreditar na injustiça daquilo, mas sabia que não podia enfrentá-lo.— Não me faça perder tempo com essas bobagens, Andrea! — sibilou o gordo enquanto devolvia a pasta.—Nem precisa! — ecoou uma voz atrás dela.
— Não... não quero ser esse tipo de pessoa — gaguejou, sem conseguir mais conter as lágrimas.— Então vou demiti-la — sentenciou Trembley, sem um pingo de compaixão. — São essas as opções. Ou você dorme comigo e pode ter certeza de que terá um futuro promissor aqui, ou recusa e essa carta de demissão entra em vigor a partir de amanhã... e depois de amanhã, prepare-se para perder sua filha.Andrea estava entre a cruz e a espada; a promoção não importava, mas se recusasse a oferta de Trembley, perderia seu emprego. Como se precisasse de um empurrão, Trembley se inclinou e começou a assinar a carta de demissão.—Espere... — murmurou Andrea, e era tudo o que o velho precisava. Pegou uma folha, escreveu um endereço e passou para a moça. — Te espero aqui esta noite. Agora saia do meu escritório.Com a mão trêmula e sabendo que não tinha outra saída, Andrea pegou o papel e saiu dali. Tentou que ninguém a visse chorando, mas infelizmente a maldita empresa não tinha as paredes mais gros
Andrea abraçou o próprio corpo, tentando espantar o frio enquanto chorava ao se ver entre a cruz e a espada. Seu coração batia aceleradamente, sua mente estava confusa em muitas coisas, menos na principal: não podia perder sua filha.Olhou para Adriana, adormecida em seu berço naquele colchão, e soluçou desesperada ao perceber que não havia outra saída. Podia denunciar Trembley por assédio, mas enquanto o processo se concretizasse, ela já estaria demitida e sem um centavo. Além disso, aquilo constaria em seu histórico profissional, e custaria muito encontrar um novo emprego onde não tivessem medo de uma ação judicial.Com mão trêmula, bateu novamente na porta de sua vizinha.— Senhora Wilson... sei que isso é pedir demais, mas tenho uma emergência no trabalho. Por favor, poderia cuidar de Adriana por mais algumas horas?A senhora Wilson percebeu que algo estava acontecendo, então ficou com o bebê de bom grado.— Lamento que esteja passando por um momento difícil, Andrea. Nem você
— Essa é uma mulher! Uma que não quer dormir com você! Ou esse copo de vômito não te disse nada? — replicou Zack com sarcasmo, porque Andrea tinha tido a reação mais honesta do mundo.— Ela quer subir de cargo! As promoções custam, isso não é novidade. Ela veio por vontade própria, então pode muito bem arcar com as consequências de sua decisão — cuspiu Trembley, com desprezo. — É o que têm as vadias oportunistas; se quer subir, quem sou eu para negar?Zack cerrou os dentes com raiva.— Você acha que sou estúpido? — sibilou Zack com nojo. — Andrea não veio aqui porque quer uma promoção, veio porque você a demitiu. — Trembley apertou os dentes com incredulidade. — É isso mesmo. Entrei no seu escritório e vi a carta de demissão. Você trocou um trabalho do qual ela depende por dormir com você...— Você está demitido! — gritou Trembley descontrolado. — Não pode entrar no escritório de um gerente! Eu sou o chefe nessa empresa e você é só mais um empregadinho! Amanhã, na primeira hora, vo
Se a terra tivesse se aberto aos seus pés e tivesse tido a delicadeza de engoli-lo, Zack provavelmente teria se sentido melhor. Jamais havia visto tanta carência junta e a única coisa que podia pensar era que, pelo ritmo com que aquela mulher trabalhava e o esforço que colocava, aquela falta de... tudo, não podia ser culpa dela.Olhou ao redor e sentiu um nó no estômago. Nem sequer tinha uma cama, então nem precisava perguntar pelo resto. Agora entendia por que ela andava quarenta minutos do trabalho até em casa, porque certamente não tinha dinheiro pra pagar a passagem de ônibus.Não havia nada naquele espaço que não fosse absolutamente indispensável pra sobreviver, e o único brinquedo era um pequeno bicho de pelúcia desses que dão no hospital.—Por que você não me disse? —murmurou Zack com aquela voz rouca meio sufocada.—Dizer o quê? —murmurou Andrea, embalando seu bebê.—Que você estava em uma situação difícil! —replicou Zack.—Porque não era da sua conta. A gente não pode sa
No momento em que se separaram, o coração dos dois batia forte, mas por razões bem diferentes. Andrea ajeitou o despertador do celular pra meia hora mais cedo, e Zack pegou o seu pra ligar pro seu melhor amigo.—Ben, preciso te ver agora mesmo, é urgente.Dez horas depois, enquanto Andrea se apressava para chegar ao escritório, percebeu que o carro de seu chefe já estava lá desde cedo. Porém, ao chegar ao andar, notou que Zack não estava por ali. Pelo menos o escândalo ainda não tinha estourado, mas não se podia dizer o mesmo da ira de seu chefe.—Suma daqui! Você está demitida! —cuspiu Trembley, jogando sobre sua pequena mesa aquela carta de demissão carimbada pelo Recursos Humanos logo cedo.Andrea não pôde evitar que seus olhos se umedecessem e negou.—Não, o senhor não pode me demitir e muito menos... menos pelo que diz aqui! —exclamou desesperada—. Incompetência profissional? Eu não sou incompetente! Eu até estudei para um cargo melhor, mas o senhor não quis me avaliar!—Por